Muito por conta do que foi praticado durante décadas nas escolas, ainda há o resquício nas corporações de privilegiar o racional e deixar à míngua o emocional. Todavia, as universidades estão começando a entender que o que sentimos tem tanta relevância quanto o que pensamos. Talvez, o maior exemplo dessa mudança seja dado pela Harvard Business School, a qual alterou o layout de suas salas de aula, substituindo os auditórios por mesas para conversas em grupo. Este novo formato faz com que o professor deixe de ser o responsável por ensinar e passe a ser um facilitador da aprendizagem.
As instituições de ensino passam por uma rápida transformação, proporcionando ganho aos são os alunos, pois estes sairão mais preparados para o mercado de trabalho e aptos para se tornarem futuros líderes dentro das corporações. A tendência que começa a ser seguida faz com que a formação e a metodologia de um profissional não estejam mais em questão. Elas são pressupostas. O empregador não questiona o que é sabido sobre finanças e economia ou quais as habilidades para se resolver problemas técnicos. Ele escolhe as pessoas que estão mais habilitadas a lidar com a inteligência emocional, as atitudes e o trabalho em grupo, fatores fundamentais para a qualificação de um possível líder.
Essa evolução no processo de formação faz com que os novos gestores tratem e sejam tratados como sujeitos. Mas o que fazer com os profissionais mais antigos, que ainda enxergam “objetos” dentro do ambiente corporativo? Essas pessoas têm de buscar um desenvolvimento, seja por autoconhecimento ou com ajuda externa, para aprender a lidar com as emoções, e não mais lutar para eliminá-las. Emoções são processos neurológicos inerentes e inevitáveis pelo ser humano, que há de lidar com elas para não ser seu “escravo”. Assim como a batida de nosso coração, elas ocorrem inconscientemente, sem a necessidade de nosso comando.
Para se adequar a essa nova tendência, o profissional de administração de empresas deve buscar constantemente o desenvolvimento da capacidade de sentir, criar, evoluir, inovar, para não se tornar obsoleto em relação aos concorrentes. Seguindo três passos primordiais, certamente, ele terá um avanço quase que imediato: conheça a si mesmo; saiba cuidar dessa pessoa que você é e conhece; e respeite sua emoção e seu sentimento, para que não fique só restrito à razão.
Moisés Fry Sznifer é professor dos programas de mestrado e doutorado da FGV e professor visitante da UC Berkeley, nos Estados Unidos. Além disso, é fundador e CEO da Idea Desenvolvimento Empresarial, que há mais de 25 anos atua nas áreas de estratégia e desenvolvimento organizacional. Moisés tem mestrado e PhD pela Universidade de Grenoble, na França, em Businesses e Economics.