Individual e coletivo

29|02|2012

Eu e os outros, público e privado, interesses individuais e interesses coletivos. Posições e interesses que nem sempre convergem. Frequentemente vemos na mídia discussões e negociações para tentar reduzir poluente e tantas outras iniciativas visando à sustentabilidade do planeta. Porém, a questão sempre esbarra nos interesses particulares versus os interesses da coletividade. 

Um exemplo claro é quando um país que precisa aquecer sua economia usa de todos os meios para não se comprometer com ações boas para o planeta, mas para sua economia. Talvez porque a globalização seja muito bem compreendida quando se fala de economia, mas nem tanto quando se fala do globo terrestre. A divisão territorial chamada país se sobrepõe, e ainda não se tornou um raciocínio automático que o “gerenciamento” conjunto do planeta interferirá na vida dos habitantes atuais e futuros: nossos filhos, netos, bisnetos, etc.

Trazendo para o nosso dia a dia, no comércio, todos sabemos quantas ações poderiam ser feitas visando ao equilíbrio do meio ambiente e não o  são. Por quê? Os porquês podem ser muitos, todavia, o mais importante passa pela noção de que cuidar do planeta não é fazer nenhuma caridade. O grande desafio é aliar ideias boas e sustentáveis com ganhos econômicos que garantam lucros para empresas. 

Temos visto nas lojas várias inovações em produtos levando em conta a questão do meio ambiente. Um exemplo é o amaciante concentrado, que com uma embalagem menor consegue, inclusive, render mais. A economia não está somente no plástico da embalagem, mas também em toda a cadeia de transporte e logística, ou seja, seriam necessários menos caminhões para transportar uma quantidade maior de produtos, poluindo menos o ambiente. Raciocínio teórico resolvido até chegar ao ponto de venda, na hora da verdade onde o shopper decidirá o que levará para casa ou não. 

Aí começa uma batalha para o nosso exemplo: amaciante concentrado, porque quando o consumidor está em frente à gôndola, nem sempre lê as informações contidas nas embalagens, e quando olha a embalagem menor do produto concentrado, que custa mais caro que a embalagem maior que está ao lado, tem que entender o custo-benefício do produto, porque se julgá-lo somente pela aparência ficará só com a impressão de que está levando menos produto e pagando mais caro por isso. Infelizmente, se o consumidor não entendeu este custo-benefício da maneira correta pode deixar na prateleira um produto que poderia ser melhor para ele próprio e para o planeta. 

Extrapolando o raciocínio para o edifício da loja e para a cidade, quantas outras iniciativas poderiam ser feitas se houvesse comandantes realmente comprometidos com a sustentabilidade? Normas públicas para gerir o coletivo, incentivando quem contribui para o planeta, pois uma empresa pode ter uma ideia genial e acabar penalizada na concorrência com empresas que não adotam as mesmas práticas. 

O equilíbrio do planeta passa primeiro pelo equilíbrio de cada ser pensante que consiga entender a grande influência que cada decisão individual tem no coletivo. Que 2012 seja o ano do equilíbrio! 

Kátia Bello é arquiteta e sócia-diretora da Opus Design. 

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