Empreender dentro da empresa que trabalha pode ser a melhor opção para tirar sonhos do papel e crescer junto com a organização, afirma Renato Batista, fundador e CEO da Netglobe
Você já pensou em empreender dentro da empresa onde trabalha? Já se imaginou criando um projeto disruptivo dentro da sua unidade de negócios? Se sim, isso se chama intraempreendedorismo e você está em um bom caminho. De acordo com a pesquisa Edelman Trust Barometer de 2021, 62% dos participantes acreditam que os colaboradores têm o poder de influenciar as corporações a mudarem seus negócios.
Na prática, o intraempreendedorismo consiste em encontrar oportunidades de empreender e inovar dentro da própria corporação, apoiando o colaborador que tem espírito empreendedor, é criativo e gosta de inovação. Com o apoio do negócio, eles podem desenvolver novos produtos, serviços ou processos.
“Já vimos muitas empresas criando áreas de inovação dentro do negócio. No entanto, ainda é pouco comum o entendimento por parte dos colaboradores de que o intraempreendedorismo é não só muito bem visto pelo board de uma empresa, como também uma maneira de se destacar como um talento”, diz o fundador e CEO da Netglobe, Renato Batista,
“O ideal é que os próprios colaboradores sejam protagonistas de novas ideias. A maior parte dos gestores consideram a iniciativa de criar uma inovação, solucionar um problema ou dor dos clientes da empresa dentro do próprio ambiente de trabalho, como algo extremamente positivo. Esse tipo de atitude evidencia características importantes da pessoa, como liderança, coragem, proatividade e criatividade”, diz o executivo.
O CEO explica que muito se fala de inovação, mas pessoas realmente comprometidas em melhorar a sua própria empresa, os intraempreendedores, não são fáceis de ver no mercado. Para ele, o mindset de como as equipes podem organizar seus planos e apresentar projetos aos gestores pode ser criado com três dicas simples, mas muito eficazes:
Aproveite o momento, as empresas estão em grande transformação
Hoje em dia, qualquer empresa saudável está preocupada em inovar e entregar uma grande experiência ao seu consumidor e cliente. As áreas de inovação são criadas por gestores, mas o intraempreendedorismo é o inverso: os próprios funcionários, em geral os mais talentosos, começam a entregar um ‘algo a mais’ e podem visualizar oportunidades que podem virar uma spin off de uma grande marca, uma nova unidade de negócios, ou uma nova linha de produtos.
Renato explica que não é preciso mais pedir demissão para empreender, que hoje em dia, as empresas estão muito abertas a incentivar o intraempreendedorismo. “Voce pode sim começar um negócio próprio dentro de sua empresa, com o investimento dela e apoio dos gestores. Profissionais que demonstram interesse em crescer junto com a empresa terão ainda mais reconhecimento.”
E, somado à receptividade das empresas à inovação, o mundo ainda vivencia um momento peculiar. A pandemia mudou o consumidor e transformou o modelo de trabalho e muitos negócios estão no momento de serem reinventados. Vivemos hoje uma rotatividade alta e reestruturação da cultura e dos ambientes corporativos. Tudo isso é um grande desafio para as lideranças e se sua proposta ou projeto colaborar para a transformação, será muito bem recebida. Estamos em um excelente momento para colocar o intraempreendedorismo em prática.
Sonhe grande e tenha coragem de apresentar seu projeto
Ainda que seja no ambiente, aparentemente, mais seguro do trabalho, empreender sempre apresenta riscos. O medo do julgamento de pessoas – que podem (e vão!) tentar desencorajar sua ideia – e o receio da desaprovação dos gestores podem ser considerados grandes vilões. No entanto, o CEO afirma que para praticar o intraempreendedorismo é necessário não se deixar influenciar por esses fatores.
Para convencer as pessoas ao seu redor de que suas ambições são valiosas, não se intimide na hora de expor o potencial do seu sonho – este é, acima de tudo, um ato de coragem, algo essencial para qualquer pessoa que deseja tirar seus projetos do papel.
Antes de pensar sobre o que vai ser seu projeto, observe se uma determinada área pode se transformar em uma nova unidade de negócio ou tente estruturar sua ideia – seja ela de startup, inovação processual ou algo disruptivo para o negócio – para mostrar com clareza o que poderia trazer de benefícios aos clientes da empresa que você trabalha.
Busque mentores para viabilizar o projeto dentro da empresa
A oportunidade para o intraempreendedor requer apoio da gestão e isso tem tudo a ver com a cultura organizacional. Se você não vê a possibilidade de expor seus pontos de vista com seu superior direto, não desista. Pode buscar mentores nas áreas de inovação ou até treinar o seu “pitch” (forma de contar seu projeto em 1 minuto) para fazê-lo no elevador no momento em que encontrar seu presidente.
Vale lembrar que uma boa ideia para empreender dentro de uma corporação costuma estar diretamente ligada a melhorar a experiência dos clientes, resolver questões internas que prejudicam a produtividade e o lucro, e desenvolver novos mercados ainda pouco explorados.
A melhor opção é sempre elaborar com profundidade o projeto para apresentar algo que esteja muito bem alinhado, um projeto embasado em dados de pesquisa e percepções visionárias. Uma ideia sem um bom desenvolvimento pode não ser compreendida com o valor que ela possui. Por isso, é preciso se preparar para intraempreender assim como você se prepararia para o empreendedorismo se fosse trabalhar sozinho.
“Ser um intraempreendedor tem diversas vantagens para sua carreira. Não tenha medo de levantar a mão e apresentar um bom projeto. Lembre-se de tratar o projeto com profissionalismo. Imagine que está na frente de um investidor e responda a todas as possíveis perguntas dele. Por exemplo, qual o diferencial do negócio, como ele funciona, por que os consumidores precisam disso, quem é o seu potencial comprador, quem executaria os serviços ou faria o produto, qual o modelo de lucratividade e quanto custa para a empresa fazer o investimento inicial. A um plano de resultados também é necessário. Faça isso e será considerado um grande talento, mesmo que o projeto não siga adiante, você já será visto com outros olhos pelo seu CEO”, conclui Renato Batista.
Sobre a Netglobe – Netglobe é especialista em conectar pessoas através da tecnologia, e é sediada em Campinas, conta com mais de 60 funcionários no Brasil. A empresa foi fundada em 2002 e lidera discussões sobre o futuro de colaboração corporativa, lives & streaming e workplace, além de atuar no suporte a processos colaborativos de diferentes modelos de trabalho (presencial, remoto ou híbrido). Renato Batista, CEO e fundador da empresa, é o idealizador do livro “Por trás da TI – histórias de vida de líderes que inspiraram gerações” e condutor da série de Entrevista 50CIOs, que reuniu alguns dos principais nomes da tecnologia no país.