MBA é indicado para os que buscam aprimorar administração

por Raquel Rezende (raquel@empreendedor.com.br) em série de reportagens especiais sobre o crescimento da educação superior no Brasil*

Os cursos de MBA são cada vez mais pro­curados por pessoas que buscam avançar na carreira. No Brasil, profissionais de diferen­tes áreas fazem o curso. Empreendedores ou futuros donos dos seus próprios negócios também estão nas salas de aula frequentan­do um MBA, com o propósito de adquirir co­nhecimentos, vivências e experiências sobre gestão.

As universidades brasileiras também ofertam o curso em parceria com escolas no exterior, proporcionando conhecimentos de excelência sobre administração, vivência internacional e contato com pessoas de di­versas nacionalidades em uma mesma clas­se. Todo esse mercado, que não é tão novo, começou nos anos 80 no Brasil, ainda tem muito espaço para crescer e atrair mais inte­ressados em gerir empresas.

Edson Crescitelli, diretor acadêmico da pós-graduação “lato sensu” da ESPM-SP, esclarece que os cursos de pós-graduação “lato sensu” são voltados para preparar o aluno para o mercado de trabalho e não são um segmento novo. “Atuamos há mais de 30 anos ofertando cursos de MBA, mas ainda não é um mercado totalmente maduro, está crescendo e evoluindo”, avalia.

Crescitelli comenta que a consciência sobre a neces­sidade de fazer uma complementação ao curso de graduação cresce cada vez mais. Porém, ele comenta que ainda existe uma falsa ideia de que esses cursos são voltados a quem quer fazer carreira em grandes corpo­rações. “Os cursos de MBA atendem muito bem a empreendedores ou qualquer pessoa interessada em gerir o próprio negócio. Entre nossos alunos, temos alguns que são empreendedores.”, afirma Crescitelli.

Segundo o diretor acadêmico da ESPM-SP, a tônica dos dias de hoje é a educação continuada. Diante dessa exigência, alguns profissionais fazem mais de um MBA. Mes­mo porque, ele explica, os cursos de MBA são amplos e oferecem especializações e focos de acordo com a demanda de dife­rentes alunos. Hoje, a ESPM-SP prepara cerca de 2 mil alunos por ano, vindos de di­ferentes áreas do conhecimento.

De acor­do com Crescitelli, de alguma forma, esses profissionais estão gerindo algum negócio ou estão exercendo um cargo de gestão. “Em um curso de Direito, por exemplo, não se aprende a gerir. Todos em comum buscam a gestão”, analisa. Por isso, comple­menta Crescitelli, qualquer empreendedor poderia olhar com atenção a possibilidade de fazer um MBA para a perspectiva futura de montar um negócio. “Ainda é preciso quebrar o paradigma de que o MBA não é para empreendedor”, destaca.

Crescitelli alerta também que como o MBA é uma modalidade dentro dos cursos de pós-graduação, uma característica desse segmento é que existem muitas nomencla­turas para chamar os cursos de MBA, mas são todas pós-graduações. E para fazer a es­colha do curso de forma a combinar com o que o profissional está buscando, Crescitelli orienta, antes de tudo, a pesquisar a repu­tação da instituição na área desejada, obser­var com cuidado o conteúdo, carga horária e o perfil do corpo docente e, por último, fazer uma reflexão sobre a disponibilidade de tempo e recursos que serão aplicados no curso. “Não é algo que pode ser comprado por impulso. Deve ser avaliado de forma ampla”, conclui.

Para ajudar futuros alunos a fazer a me­lhor escolha de um curso de MBA, a MBA House atua, desde 2005, preparando o exe­cutivo que deseja cursar escolas de negócios fora do País. Comandada pelos sócios Mar­celo Ambrozio e Vivianne Wright, a empresa apresenta conteúdo explicativo referente às aulas, linhas, estilos e exigências de cada uma das escolas de MBA. Além disso, ofere­ce cursos para exames como GMAT (Prova computadorizada com três horas de dura­ção) e Toef (Prova de proficiência em inglês) exigidos dos candidatos pelas instituições estrangeiras.

Ambrozio explica que a MBA House coloca consultores e professores à disposição de seus alunos para guiá-los na escolha da escola que melhor se adapte ao perfil deles. A MBA House oferece também Private Tutoring incluso em seus pacotes de aulas e também cursos a distância via web. Ambrozio conta que a escola atende apro­ximadamente 500 alunos por ano entre as quatro unidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Em Nova York, a escola também tem escritório com cerca de 150 alunos por ano.

Vivianne esclarece que os cursos ditos de MBA no Brasil são bem diferentes do conceito de MBA internacional. Segundo ela, no exterior a sigla MBA significa Masters in Business Administration, sendo, portanto, um mestrado em Administração e não uma especialização, adicionalmente, são progra­mas ministrados 100% em inglês, com dura­ção que varia de um a dois anos em tempo integral de dedicação.

No Brasil, os cursos de especialização se apoderaram da sigla e, é por isso, que vemos cursos de MBA em Logística, Finanças, Marketing e assim por diante, em que os candidatos têm aulas em português uma ou duas vezes por semana. “Portanto, o MBA internacional – um pro­grama que dá grande prestígio é uma garan­tia de carreira acelerada aos seus participan­tes – é bem diferente dos cursos de MBA no Brasil”, avalia a sócia da MBA House.

De acordo com Viviane Wright, o públi­co que procura a MBA House para se prepa­rar para um MBA é formado por profissio­nais que têm pouca experiência, porém são considerados “high potential” na carreira e têm o desejo de acelerar ainda mais seu crescimento no mundo dos negócios. “Cer­ca de 10% são empreendedores quando nos procuram, no entanto, cerca de 40% de nossos clientes têm como objetivo de longo prazo na carreira tornarem-se empre­endedores”, enumera.

Entretanto, Ambro­zio esclarece que o empresário que abriu a própria empresa e sempre trabalhou nela pode ser aceito em um MBA internacional. “Empreender desde a juventude também significa que existe bastante experiência profissional e especialmente de liderança e muitas escolas valorizam isso”, afirma. Ele comenta ainda que os diretores de admis­sões vão mesclar na mesma sala alunos que tiveram vivência em multinacionais variadas com outros que empreenderam a vida toda, pois ambos os grupos têm muito a compartilhar.

Entre as etapas para a aceitação do aluno no curso de MBA, Ambrozio enfatiza que primeiramente é preciso ter empenho e vontade, escolher a escola mais adequada ao perfil e objetivos de carreira do profissional, definir um plano de estudos que duram cer­ca de um ano para obter resultados, ter no­tas satisfatórias no Gmat e no Toefl e prepa­rar redações bem elaboradas, pois elas são os documentos enviados às escolas dentro dos prazos estipulados por cada uma delas.

Jaime Ortega, diretor do MBA Interna­cional da universidade espanhola Carlos III, afirma que fazer um MBA fora do Brasil traz vários benefícios, entre eles, a experiência de vida em outro país, com outra cultura, que não se limita aos estudos, mas abarca a vida inteira. “A experiência de morar no ex­terior durante um ano ajuda a desenvolver toda uma série de habilidades pessoais e aporta uma grande riqueza pessoal”, opina. Além disso, quando a língua do MBA ou a língua do país não é o português, os alunos têm a oportunidade de desenvolver habili­dades na língua inglesa e ter contato com pessoas de países muito variados.

A universidade Carlos III está com o processo seletivo aberto em busca de bra­sileiros para seu MBA Internacional na área de negócios. Ortega diz que o interesse em estudantes do Brasil explica-se pelo peso da economia brasileira no mundo e pelo fato da universidade querer proporcionar ao aluno contato com pessoas das principais regiões do mundo com um conhecimento mínimo das principais culturas. “Assim, um aluno que termina o MBA e precisa fazer negócios no Brasil se beneficiará de ter co­nhecido brasileiros que terão lhe ensinado sobre a cultura, a sociedade e a economia brasileira e, se preciso, poderiam lhe ajudar no futuro com informações locais que são dificilmente acessíveis aos estrangeiros”, enfatiza. Ortega considera também que o Brasil apresenta um grande crescimento da educação superior com estudantes com uma formação cada vez melhor e a Carlos III busca os melhores alunos.

Ortega acrescenta que o MBA não é mui­to procurado por empresários. Ao contrário, quem busca fazer um MBA são pessoas que já tiveram uma experiência de trabalho na área corporativa e desejam ter um negócio próprio no futuro. “O MBA oferece uma vi­são geral de como gerir um negócio, contri­bui para que o profissional amadureça pes­soalmente e profissionalmente, melhore as habilidades de liderança e amplie o network profissional”, destaca Ortega. Ele comple­menta que o MBA traz uma visão geral que vai das finanças até o marketing, passando pela gestão da produção ou dos recursos humanos. “Também dá uma formação mui­to importante para compreender o entorno da empresa e uma formação muito útil em habilidades como, por exemplo, liderança ou trabalho em equipe”, diz. O projeto final do MBA da Carlos III é um plano de negócio, justamente exigido dos alunos para que eles desenvolvam um estudo de viabilidade de uma ideia própria de negócio.

Outra oportunidade de fazer um MBA no exterior é oferecida pela ESPM-SP que lançou o primeiro MBA em Agronegócio com ênfase em marketing unindo França e Brasil. “O nosso MBA oferece dupla titulação com a escola Audencia Nantes, na França. A primeira turma inicia com os alunos france­ses, em agosto e, a turma brasileira, começa em 2015”, explica José Luiz Tejon, coordena­dor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM-SP. O curso terá duração de dois anos e o processo seletivo para a turma brasileira será aberto em agosto. Os alunos franceses, após realizarem um período de 400 horas em Nantes, virão ao Brasil para estudar 80 horas.

Segundo Tejon, o objetivo maior é ofe­recer aos estudantes a experiência de inter­câmbio, fornecendo uma visão cultural mais ampla. “No agronegócio, a França é líder, com influência no Oriente Médio e África. E o Brasil se transformou no quarto maior produtor de alimentos do mundo, com domínio nas áreas tropicais. Então, a con­clusão estratégica foi unir essas áreas para um MBA”, explica Tejon. O MBA em Agrone­gócio com ênfase em marketing é direcio­nado a profissionais que estão interessados nas áreas de insumo, máquinas, sementes e tratores. Além desse público, produtores rurais, jovens que estejam em caminho de sucessão da propriedade dos pais, pessoas que trabalham em cooperativas ou agroin­dústrias, no varejo e supermercados tam­bém podem cursar esse MBA. “O curso vai trazer uma visão de gestão integrada, gerada desde a porteira da fazenda até o consumi­dor final”, enfatiza Tejon.

O coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM-SP explica que o curso com dupla certificação com ênfase em marketing é o primeiro do País. E pretende fornecer uma interdependência entre os elos, observando a percepção da sociedade que é o consumidor final da cadeia. Na visão dele, o Brasil tem uma carência do marke­ting sob o agronegócio. “O empreendedoris­mo tem espaço aberto no campo, a tendên­cia mundial é a volta das pessoas ao campo. Então, há espaço para inovar no agronegó­cio”, diz.

Tejon cita o exemplo de sucesso de um agricultor que testou um trigo milenar, encontrado na Espanha, para fazer cerveja artesanal. “Ele lançou uma cerveja de um trigo único no mundo que teve muito valor de mercado. Hoje, as pessoas buscam saber a origem dos alimentos e ganha quem busca valorizar a origem”, avalia.

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