Em tempos em que o foco é manter a estabilidade diante das mudanças econômicas, uma importante área estratégica para as empresas é a comunicação interna. Um trabalho bem direcionado, além de melhorar o clima organizacional e a produtividade, auxilia no crescimento e melhora a autoestima profissional e pessoal dos colaboradores.
A Brandili Têxtil, que hoje conta com 1,3 mil colaboradores, é um case de sucesso quando se fala em comunicação interna eficaz, próxima e direta. A empresa possui diversos programas para melhorar o clima e já alcançou resultados que superaram as expectativas. Andressa Furman Marchiorato, coordenadora de Comunicação Institucional, é quem está à frente das ações e passa algumas dicas às empresas e profissionais que atuam na área.
Como obter uma comunicação interna de sucesso e que traga resultados satisfatórios?
Andressa Furman Marchiorato – Primeiramente é necessário entender o momento da empresa e suas estratégias de negócios. Depois, é fundamental conhecer os perfis do público interno com os quais a empresa “conversa”. Comunicação é a “ponte” entre empresa e colaborador, e não fonte. Ter canais de comunicação que funcionem bem, com periodicidades definidas, atualizados e atrativos, além de ser fiel à cultura da empresa, são itens imprescindíveis. Adequar as mensagens aos meios e dosar a quantidade e a qualidade de informação disponibilizada também deve ser um item priorizado.
Como identificar os pontos que precisam ser melhorados dentro da empresa?
Andressa Furman Marchiorato – Um jeito bem simples para iniciar este trabalho e ter um ponto de partida, é a utilização de ferramentas de análise de cenários, como a matriz SWOT ou Análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças). Aplicar pesquisas para entender o que o público pensa e como percebe a comunicação da empresa também oferece excelentes subsídios e informações. Às vezes pensamos de um jeito e quando ouvimos as pessoas verificamos que o caminho deve ser outro, até mais simples do que imaginávamos.
Como incentivar a cultura buscada pelos programas?
Andressa Furman Marchiorato – Deve-se pensar e estruturar os programas para curtos, médios e longos prazos. Eles devem ser inovadores e apresentar uma proposta que agregue valor para todos. Não podem ser vazios ou superficiais. Programas têm características de serem perenes. Projetos são temporários e têm data de início e término. Sustentar programas não é tão simples assim. Se não pensa em dedicar tempo e esforços para garantir que programas aconteçam e perdurem, lance campanhas e ações isoladas. Mas tenha em mente que o retorno também será pontual e não duradouro.
Quais os obstáculos mais frequentes?
Andressa Furman Marchiorato – Vida de comunicador empresarial não é fácil. A falta de apoio da alta gestão é o maior desafio, que pode ser superado aos poucos. Quando as atividades passam a dar resultados, conquistar espaço e relevância na empresa será um processo natural. Assim, a área vai se tornando cada vez mais estratégica e respeitada pelos gestores. Um ponto forte na Brandili é ter o apoio e parceria da alta e média gestão da companhia. A empresa valoriza seus colaboradores e entende que a comunicação é instrumento estratégico para contribuir com a satisfação e o desenvolvimento de seus empregados. Isso está no DNA.
Qual a melhor maneira de implementar?
Andressa Furman Marchiorato – Cada empresa tem uma realidade própria, não existem “pacotes” prontos de comunicação interna. Ela deve ser personalizada, ter a cara da empresa. Para começar: vale a pena investir em um profissional de Comunicação, mas que também entenda de gente e relacionamentos. Também é preciso traçar um bom diagnóstico da empresa e planejar a comunicação interna de acordo com as estratégias e cultura do negócio. Tudo deve ser bem alinhado, sem descolamentos.
Em tempos mais instáveis, como agora, qual é a melhor forma de trabalhar?
Andressa Furman Marchiorato – O foco deve estar voltado ao público interno. Em época de incertezas do mercado, o colaborador está interessado em manter o emprego e isso é positivo para as empresas. É hora de oportunizar o engajamento. O colaborador está predisposto a se envolver mais, entregar resultados com qualidade, mostrar que ele é importante nos processos produtivos e que pode executar além do seu papel.