Participação de executivos em ações voluntárias envolve equipe

Ocupar um cargo de diretoria na ouvidoria da Telefônica, ser mãe de três filhos e avó de uma neta de três anos não impedem Ivete Sgai de dedicar parte de seu tempo a atividades voluntárias. Hoje, ela está no bairro da Barra Funda, na capital paulista, participando do Dia dos Voluntários Telefônica.

Promovido pela companhia desde 2005, o dia dos voluntários passou a contar com a participação de Ivete em 2008. Neste ano, mais de 3 mil funcionários do Grupo Telefônica participarão das atividades no Brasil. Nos 19 países onde a empresa atua, serão 10 mil pessoas envolvidas. Ivete é uma delas. “Hoje vou trabalhar na recepção dos voluntários, mas em anos anteriores já fiz mosaico, ajudei a criar um pomar e me envolvi na alimentação dos participantes”, afirma.

As ações voluntárias da executiva – bem como aquelas promovidas pela companhia – não se restringem a um dia no ano. Além de doar mensalmente cestas básicas a famílias carentes, participar da campanha do agasalho e presentear crianças carentes no Natal, Ivete dedica duas horas de sua semana a contar histórias para crianças internadas em um hospital de São Paulo. “Tenho saúde, família e um trabalho que me realiza. Sinto que preciso fazer algo pelo próximo”, diz ela.

Hoje, cerca de 11% dos funcionários envolvidos nas ações voluntárias promovidas pela Telefônica ocupam cargos gerenciais na companhia, proporção equivalente ao número de executivos em relação à quantidade total de empregados da empresa.

De uma forma geral, a participação dos diretores em ações voluntárias vem diminuindo. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE) mostra que, em 2007, havia envolvimento desses profissionais em 68% das empresas que promovem esse tipo de atividade. Em 2010, o índice caiu para 54,7%.

A participação dos diretores nas ações sociais, no entanto, é um estímulo importante para que mais colaboradores se envolvam nessas atividades. Nas companhias em que mais de 20% dos funcionários se dedicam a programas voluntários, há uma participação maciça da diretoria nesse tipo de ação. Nas empresas onde menos de 5% da equipe adere aos programas voluntários, menos da metade dos executivos está envolvida.

Presidente da Kraft Foods no Brasil, Marcos Grasso fez uma pausa na semana de planejamento de orçamento da Kraft Brasil para 2012 e participou da 3ª Semana Global de Voluntariado da companhia. “Essa semana está intensa, mas consegui parar ontem para participar de algumas atividades antes das duas reuniões que tive no fim do dia”, disse ele durante uma visita ao Centro Educacional Dom Orione (CEDO), no Bexiga, zona central de São Paulo.

Em meio à algazarra promovida pelas crianças que frequentam o CEDO, Grasso tentava medir o frenesi provocado pelo seu trabalho voluntário. “Quantas tatuagens você fez?”, perguntou a um garoto, que respondeu ter duas, um dragão e uma serpente. “E você?”, questionou a uma menina com três desenhos pelo corpo. “E você, quantas tem?”, perguntou à terceira criança, que mostrou cinco tatuagens. “Nossa, você bateu o recorde”, brincou o executivo, que participou na manhã de ontem de algumas atividades promovidas pela Kraft Foods no CEDO, entre elas a aplicação de tatuagens removíveis nas crianças.

Grasso se engajou pela primeira vez na semana de voluntariado da Kraft no ano passado, quando atendeu crianças de instituições em São Paulo fazendo cachorro-quente e tatuagens. O executivo chegou à presidência da empresa no Brasil no início de 2010, vindo da Cadbury, comprada pela Kraft em janeiro do ano passado. Sua atividade voluntária se concentra na semana global, mas Grasso acompanha eventualmente a mulher em visitas ao Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAAC). “Ela é mais engajada do que eu”, admite ele, que também ajuda a instituição financeiramente.

“É importante parar para fazer um trabalho voluntário, poder contribuir de alguma maneira e tomar consciência da realidade em que a gente vive”, diz o executivo de 49 anos. “Isso nos faz relembrar o que temos e agradecer”, afirma Grasso, que fala com entusiasmo do projeto “Bate-Bola”, criado pela Cadbury em 2003 e adotado pela Kraft.

“Na nossa fábrica em Guarulhos, alguns meninos pulavam o muro para jogar bola no campo de futebol da empresa e, aos poucos, mais pessoas da comunidade foram invadindo o espaço”, lembra. Em vez de colocar muros mais altos ou reforçar a segurança, a Cadbury decidiu criar um programa de formação esportiva para crianças, trazendo as mães delas também para dentro da fábrica, para aprender atividades manuais, como artesanato. “O projeto deu tão certo que replicamos na nossa fábrica em Bauru e também aqui em São Paulo, com as crianças do CEDO”, diz Grasso.

Em mais de 60 países, a Kraft estima que cerca de 30 mil colaboradores estejam dedicando parte do expediente desta semana a trabalhos voluntários. No Brasil, onde a empresa tem cerca de 10 mil funcionários, são mais de 2,5 mil voluntários esta semana. Ao longo do ano, cerca de 700 colaboradores fazem parte ativamente dos projetos desenvolvidos pela Kraft.
 

Facebook
Twitter
LinkedIn