Multinacionais começam a exigir que seus fornecedores tenham algum tipo de certificado para dar respaldo à integridade, com transparência e ética nas atividades
O conceito de compliance e governança corporativa estão sendo cada vez mais implementados para que as empresas possam atuar de forma alinhada não apenas com as exigências da legislação, mas também basear sua atuação nas melhores práticas de conformidade, é algo cada vez mais valorizado no mundo corporativo. E, se antes se tratava de uma preocupação só das grandes companhias e de multinacionais, hoje as pequenas e médias empresas também precisam estar atentas ao tema se quiserem crescer e continuar sendo fornecedoras e parceiras de outras companhias.
Ao contrário do que muitos podem pensar, o compliance pode ser adotado por todas as empresas e não é necessário um grande investimento – o importante é que a empresa use a sua experiência. “É preciso quebrar esse paradigma, compliance é para todas as empresas. As pequenas não só podem como precisam ter programa específico, dentro da sua experiência. Compliance não é um programa enorme, que precisa de super treinamentos ou de uma pessoa que tenha estudado para isso. O bom compliance é aquele adequado a cada organização”, explica a Carolina Utida, chief audit officer da organização certificadora CertiGov.
De acordo com a executiva, se as pequenas e médias empresas não se adequarem a essa nova realidade elas podem perder espaço. “Algumas multinacionais já exigem que seus fornecedores tenham algum tipo de certificado que endosse que ela está negociando com uma empresa idônea e comprometida com as boas práticas de governança corporativa”, explica.
Para montar uma área de compliance em uma pequena ou média empresa não é necessário contratar um profissional específico; é possível começar com os próprios funcionários. Para isso, é preciso identificar pessoas comprometidas com o tema, que conheçam os principais processos da empresa e tenham um bom relacionamento com grande parte dos colegas e chefia. Outro ponto importante: ao invés de pensar num programa de compliance amplo, o ideal é que as companhias identifiquem qual é a área mais frágil, que possa ter um risco relevante – e voltar suas atenções iniciais a ela.
A grande vantagem para qualquer empresa em ter uma área de compliance, e em especial para as de menor porte, é ter um conhecimento mais abrangente dos processos da empresa. “Quando se tem amplo conhecimento de todas as etapas, você tem maior controle sobre os riscos, consegue se preparar melhor e negociar melhores condições com clientes e parceiros”, ressalta Carolina.
Outro ponto importante para a construção desses processos é que a chefia em geral não só compre a ideia, mas atue de acordo com as novas normas que estão sendo implementadas. “Assim como uma criança, o exemplo é o melhor professor. O comprometimento da liderança é primordial; não dá para você ter um código de ética e falar que todos precisam andar na linha, ao mesmo tempo em que todos sabem que o dono da empresa sonega imposto, ou que o vendedor paga suborno para agente público. O discurso tem que estar alinhado com a ação”, pondera.
Não tenha dúvida de que os programas de compliance trazem resultados positivos para a equipe e para o negócio. Entre eles, podemos destacar a mitigação de riscos, prejuízos financeiros e, danos à reputação.
No Brasil, temos a Lei Anticorrupção (lei 12.846/2013) e a Lei Geral de Proteção de Dados (lei 13.709/2018) – que são novas, mas devem forçar cada vez mais as empresas a trabalhem com integridade.