Carine Roos, especialista em DEI há mais de dez anos, discute práticas efetivas nas organizações, que vão de relatórios de sustentabilidade, envolvimento em processos de due diligence e consultorias
O Dia Internacional do Direito à Verdade sobre Graves Violações dos Direitos Humanos acontece em 24 de março, data estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2010. A ocasião foi escolhida para homenagear vítimas que, de alguma forma, foram privadas de suas liberdades fundamentais. De acordo com Carine Roos, mestre em Gênero pela London School of Economics and Political Science – LSE, fundadora e CEO da Newa, consultoria de impacto social, não é só o Estado que tem papel fundamental na promoção das prerrogativas humanas, mas as companhias também podem desempenhar métodos efetivos na defesa das garantias básicas do indivíduo, que vão desde aprofundamento de dados, investigação profunda contra todas as formas de exploração, até due diligence, ou seja, uma análise sistemática para mitigação de riscos.
De acordo com o Pacto Global da ONU no Brasil, quase 90% das organizações participantes afirmam, publicamente, respeitar os princípios universais. No entanto, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, as denúncias de trabalho análogo à escravidão no país aumentaram 61% no ano passado em relação a 2022 e quase dobraram ante 2021. Diante desse cenário, Carine enfatiza que é necessário implementar regulamentações e práticas inclusivas que melhorem a qualidade de vida dos colaboradores, principalmente de grupos minorizados. “Além disso, é importante investigar profundamente as suas causas, abrangendo desigualdades, falta de educação e de oportunidades de mercado, além de uma compreensão mais profunda das regras trabalhistas. Assim, conseguiremos elaborar e colocar em prática ações responsáveis no ambiente corporativo que possam ser cumpridas”, destaca.
Como potenciais agentes de mudança positiva na sociedade, as corporações enfrentam uma pressão crescente de investidores, consumidores e legislação para serem transparentes sobre suas ações. Neste contexto, torna-se indispensável que as instituições organizacionais ofereçam treinamentos de conscientização para promover uma cultura de transparência com funcionários, clientes e o público em geral. A Newa tem como objetivo efetuar uma mudança genuína justamente neste ecossistema, transformando não apenas o discurso, mas também as práticas, tornando-as exemplos de transformação corporativa. Por isso, concentra-se no desenvolvimento das organizações fundamentadas na promoção do diálogo, da colaboração e do respeito, enquanto promove o crescimento de lideranças compassivas capazes de criar ambientes mais inclusivos e psicologicamente seguros.
“Não tenho dúvidas de que, para enfrentar problemas complexos, as soluções não serão simples. Muitos abusos empresariais persistem, deixando trabalhadores vulneráveis e com poucas perspectivas de proteção ou remédios eficazes para os danos causados, como mecanismos de denúncia, remediação e compensação. Por isso, a implementação de ações que promovam um ambiente seguro deve ser uma prioridade máxima da alta liderança em termos de governança e política, até que se torne parte efetiva da cultura organizacional”, conclui a CEO da Newa.