Replanejamento da economia brasileira diante da COVID

Uma pandemia causada por um vírus microscópico colocou, mesmo as mais influentes e bem estruturadas nações, em situações de desespero, pelo despreparo patente dos sistemas de saúde. Mesmo as economias com infraestruturas excelentes, mercados arrojados e dinâmicos, comércio forte e PIBs brilhantes, viram-se totalmente entregues pelo esgotamento de leitos hospitalares.

Por mais eficazes e bem pensadas que sejam as medidas que estão em curso nos países, a fim de refrear os danos causados pela Covid, sabe-se que nada terá efeito se as políticas de estímulo à atividade econômica não forem inclusivas o suficiente para poder, de uma forma geral, promover a recuperação de renda dos agentes econômicos, e assim, trazer o consumo à tona e movimentar a produção.

Penha Pereira, economista, apresenta “Neste ponto é de fundamental importância a cooperação em nível global, uma vez que a globalização da recuperação da atividade econômica permite que um país alavanque o outro. Serão necessárias medidas para diversificação das cadeias produtivas, foco na criação de plataformas digitais eficientes, e planejamentos de contingência”.

No Brasil, a política econômica guia-se pelo liberalismo, seguido pelo ministro Paulo Guedes e em especial o Banco Central, que determina os parâmetros de Política Monetária para a adequada calibragem do mercado financeiro, vê-se em tempos de crise, a utilização de três ferramentas tradicionais de condução que, deveriam gerar respostas rápidas em termo de recuperação das rendas das famílias.

Penha apresenta que este arsenal é composto basicamente de:

1) A Taxa Básica de juros, mais conhecida como SELIC. O efeito primário das reduções na SELIC, é o barateamento do crédito; com este mais acessível, os agentes econômicos terão mais facilidade em obter recursos de crédito sendo esta seria uma primeira medida para aquecer a Economia.

2) A Base Monetária, “Em linguagem simples, a base monetária é dinheiro na mão. O grande problema do incremento exagerado da Base em uma economia é a desvalorização de sua moeda e aceleração dos índices de inflação” expõe. A Teoria Econômica tradicional ensina que este instrumento precisa ser utilizado com cautela e tendo-se uma visão muito ampla e segura do ambiente econômico, mas não deixa de ser uma grande estratégia liberal para gerar movimento em um país.

3) Os Depósitos Compulsórios: os depósitos compulsórios são as reservas que todos os Bancos Comerciais devem deixar no Banco Central diariamente. São compostas pela soma dos depósitos à vista do público em poder dos Bancos, contas correntes ou poupança, câmbio de pessoas físicas, títulos em compensação, sendo utilizados como instrumentos de controle, ajuste e em socorro ao Sistema Financeiro Nacional em casos emergenciais.

As taxas das reservas depositadas pelos Bancos são determinadas pelo Banco Central, podendo variar de país para país, de acordo com o desempenho da Economia e com o momento. Esse instrumento é muito importante para regular a oferta de dinheiro na Economia.

A política contrária, ou aumento nas taxas de reservas, gera uma redução nos meios de pagamentos. Isso geralmente ocorre para se proteger o valor da moeda. Infelizmente este instrumento de controle de moeda também não está surtindo o efeito desejado.

A economista demonstra que nenhum dos três pilares básicos da Política Monetária utilizada pelo Banco Central, estão sendo suficientes o bastante para gerar a reativação na economia, “O que nos traria impacto neste momento e ambiente em que estamos seria uma injeção descomunal de dinheiro vivo, como aquela figura de um helicóptero jogando dinheiro nas ruas, uma imagem muito usada pelo professor Milton Friedman, um dos principais mestres do Liberalismo Econômico da escola de Chicago”.

Foi esta por esta razão que muitos governos mundo afora, inclusive os mais liberais, resgataram políticas de ajuda emergencial e de intervenção do Estado na Economia. No Brasil não está sendo diferente, mas talvez não seja suficiente. E o importante é que este tipo de política não pode ser por tempo indeterminado, pois onera substancialmente as contas públicas. Infelizmente no país por conta de má gestão de recursos, e falhas operacionais, corre-se o sério risco de estes instrumentos emergenciais tornem-se vitalícios, o que levaria o Brasil para outro ângulo de crise, que seria a fiscal.

*Penha Pereira é Economista, Master Coach e gestora de carreira.

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