Oportunismo e falta de transparência no esquema de jogos de azar expôs a necessidade de regulamentação no mercado de influência
O cenário do mercado de influência digital vem redefinindo drasticamente as dinâmicas econômicas e estratégias de marketing, transformando a maneira como marcas se conectam com seus públicos. Segundo uma pesquisa da Deloitte Insights, 68% dos entrevistados da geração Z confiam mais em resenhas feitas por criadores de conteúdo do que em conteúdos publicitários das marcas — demonstrando a valorização da autenticidade e da autoridade construída nas comunidades destes criadores.
Essa confiança não é infundada, pois, o relatório Global Consumer Insights Survey 2018, da PwC revelou que 77% dos entrevistados são influenciados pelas redes sociais na hora de decidir o que comprar. Para Heloisa Castro, head de Engajamento e Influência na EPICdigitais, esses dados evidenciam o poder e a influência que esses indivíduos têm sobre as decisões de compra de seus seguidores, moldando comportamentos e preferências de consumo de uma geração.
Contudo, esse poder concedido aos criadores de conteúdo também trouxe consigo um conjunto de riscos, principalmente quando a ética e moral não são priorizadas no exercício dessa influência. Um exemplo marcante disso foi exposto em uma recente matéria do Fantástico, da TV Globo, que revelou um esquema de jogos de azar, no qual os criadores lucravam às custas das perdas financeiras de seus seguidores.
De acordo com a especialista, os influenciadores que optam por aceitar propostas de divulgação voltadas para jogos de azar podem ser classificados em três grupos: os que não fazem ideia do tamanho do problema, os que sabem e mesmo assim escolhem seguir e os que confiam nas pessoas erradas.
“O primeiro grupo é composto por aqueles influenciadores que podem ser de origem humilde, por exemplo, que viralizaram por conta de algum conteúdo específico, ainda não possuem consciência plena sobre o seu poder de influenciar pessoas e, principalmente, aqueles cujo dinheiro seria um agente transformador em suas vidas”, explica Castro.
Para Heloisa, o segundo grupo é o menos inocente. “É o influenciador que já tem instrução, sabe o seu poder de influência e que, inclusive, tem capacidade de conseguir ganhar esse mesmo dinheiro por meio de ações com grandes marcas, de maneira justa e responsável, mas deixa a cobiça falar mais alto”, explica a especialista. “Atraídos pela facilidade e pelos altos valores que esses esquemas oferecem, aceitam os termos, mesmo sabendo o que isso pode custar para as outras pessoas.”
O terceiro tipo de influenciador enfrenta um golpe duplo: ao aceitar uma proposta sem compreender os termos envolvidos e ao depositar confiança na equipe responsável por sua carreira para verificar a integridade do cliente.
“O agente deveria ser o primeiro a alertar sobre os riscos em aceitar propostas como essa. No entanto, movido pela ganância, ele arrisca tudo: a credibilidade do influenciador, a relação de confiança com sua equipe, a comunidade construída com os seguidores e a sua carreira”, afirma Heloisa.
Diante dessas circunstâncias, a discussão sobre a regulamentação da profissão de criador de conteúdo torna-se cada vez mais relevante. “É essencial considerar políticas e diretrizes éticas que promovam transparência, responsabilidade e proteção ao público consumidor, visando mitigar possíveis abusos e garantir um ambiente mais ético e seguro no mercado de influência digital”, diz a especialista.
Essa regulamentação, se bem estruturada, pode ser um caminho para assegurar a integridade e a confiança entre os influenciadores e seus seguidores, estabelecendo padrões claros de conduta e responsabilidade. A busca por um equilíbrio entre liberdade criativa e compromisso ético é crucial para a evolução saudável e sustentável desse setor em constante crescimento.
Os perigos da falta de regulamentação
Conforme explica Heloisa, existem influenciadores digitais com alcances gigantescos, mas que cresceram por motivos diferentes. Alguns se preparam para isso por anos, estudando e criando sua comunidade aos poucos. Outros podem simplesmente viralizar e conquistar uma multidão de um dia para outro. “Infelizmente, muitas pessoas ainda acreditam que ser influenciador é ‘ganhar dinheiro sem trabalhar’, e não buscam aprender os conceitos básicos de publicidade e ética profissional”, afirma a especialista.
Devido a este tipo de pensamento coletivo, torna-se cada vez mais difícil combater a falta de profissionalismo no mercado de influência, causando situações como a exposta na matéria do Fantástico. “Com a falta de regulamentação, o resultado não poderia ser mais catastrófico: pessoas de diversas origens se colocam em situações de risco — e até ilegais —, enfrentando contratos e agências, sem qualquer tipo de apoio ou conhecimento sobre leis ou sobre a regulamentação do mercado publicitário no Brasil”, explica.
Como mudar este cenário?
Luiz Guilherme Guedes, CEO e cofundador da EPICdigitais, ressalta que a economia criativa é o caminho para conferir maior autonomia aos creators. “Através da capacitação profissional, eles não só dominarão as plataformas, mas também aprenderão a gerir suas carreiras de maneira estratégica, construir equipes confiáveis e capacitadas, além de ter controle sobre os seus ganhos”, explica. “E também conseguirão se proteger de agentes negligentes, esta autonomia lhes confere a responsabilidade de aplicar as regras da publicidade de forma ética e responsável em seu trabalho”, afirma Guedes.
“A educação é a chave para criar e respaldar toda uma geração de creators. Além disso, é essencial que esta consiga abranger desde o aspecto financeiro até a conscientização sobre o impacto do ato de influenciar pessoas”, complementa o CEO da EPICdigitais.
Apesar de ainda não ser regularizado como profissão, Heloisa Castro ressalta que existem meios de os criadores de conteúdo se capacitarem, construindo uma carreira ética e saudável, respeitando sua comunidade e seus colegas de trabalho. “A economia criativa é uma força transformadora no mercado de influência e vai ajudar a moldar um futuro ético e transparente para o cenário digital”, conclui. “A economia criativa é o futuro do mercado e os profissionais sérios que estiverem devidamente preparados irão se destacar”, conclui.
Sobre Heloisa Castro
Formada em Marketing pela UVA e pós-graduanda em Influência Digital pelo IBMR, Helô Castro é natural do Rio de Janeiro e atua no mercado de Marketing de Influência há 4 anos. Em setembro de 2019, participou da fundação da EPICdigitais, onde atua desde então como Head de Influenciadores.
Nos últimos 4 anos, já gerenciou mais de 200 creators em campanhas e ativações para marcas, online e offline, incluindo grandes nomes como Anderson Gaveta. Seu foco e, consequentemente, o foco de sua equipe é oferecer excelência no atendimento, com transparência, agilidade e criatividade de ponta a ponta.
Ao longo do tempo, a especialista desenvolveu diversas habilidades, como a gestão de equipes, influenciadores, campanhas e projetos criativos, além de participar na produção executiva, gerenciamento de crise, análise de resultados de campanhas de mídias sociais, encantamento do cliente, mentoria de influenciadores e produção de conteúdo. Helô considera como seus pontos fortes a sua habilidade analítica, a gestão humanizada, a escutatória e a criatividade.
Sobre Luiz Guilherme Guedes
Fundador do Grupo EPIC e CEO da EPICdigitais, startup focada em engajamento criativo, que conta um time de 30 creators e um alcance de mais de 50 milhões de pessoas. Ao longo de seus mais de 20 anos de atuação profissional, Luiz Guedes foi co-fundador de 3 hubs de inovação, 5 ecossistemas empreendedores e 12 startups.
Além do Grupo EPIC, Luiz Guedes também atua como conselheiro, palestrante e professor convidado de cursos de extensão. Seu propósito é apresentar a transformação que a economia criativa pode oferecer ao mundo e, principalmente, aos creators digitais.
Sobre a EPICdigitais
A EPICdigitais é uma empresa referência no mercado de economia criativa, sobretudo no engajamento das gerações y, z e alpha. Tendo impactado mais de 50 milhões de pessoas nas mídias sociais, a empresa é especialista em creative tech, que combina criatividade e tecnologia para criar soluções inovadoras.
O principal foco da EPICdigitais é capturar a imaginação das novas gerações através de experiências digitais que não apenas entretém, mas educam e inspiram. A empresa pode ser definida pela sua inovação, criatividade, qualidade, credibilidade no mercado, principalmente com seu time de creators.
Dentre as soluções que a EPICdigitais oferece, estão: soluções estratégicas de marketing de influência, eventos e consultorias, curadoria de creators, profissionalização e incentivo aos criadores de conteúdo de E-Sports, capacitação em economia criativa e no desenvolvimento de espaços no metaverso para empresas.