A Secretaria de Políticas da Mulher (SPM), órgão do governo federal, pediu ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) que vete a propaganda da fabricante de lingeries Hope, estrelada pela modelo Gisele Bundchen.
Na campanha, a marca sugere que a mulher vista roupas íntimas para dar notícias ruins ao marido, como o fato de ter batido o carro dele, por exemplo, ou estourado o limite dos cartões de crédito do casal.
A secretaria afirma que desde que a campanha estreou, na semana passada, tem recebido reclamações indignadas em sua ouvidoria. O órgão enviou uma carta ao Conar e outra ao diretor da Hope, Sylvio Koryotowski, em que manifesta o repúdio à campanha.
“A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços que temos alcançado para descontruir práticas e pensamentos sexistas”, diz a nota publicada no site da secretaria, que chama de “discriminatório” o conteúdo dos anúncios.
Em nota oficial, assinada pela diretora Sandra Chayo, a Hope afirma que “os exemplos nunca tiveram a intenção de parecer sexistas, mas sim, cotidianos de um casal”. E completa: “bater o carro, extrapolar nas compras ou ter que receber uma nova pessoa em sua casa por tempo indeterminado são fatos desagradáveis que podem acontecer na vida de qualquer casal, seja o agente da ação homem ou mulher”.
A Hope afirma ainda que recorreu à Gisele Bündchen, mulher bem sucedida internacionalmente, “para evitar que fôssemos analisados sob o viés da subserviência ou dependência financeira da mulher”.
A assessoria do Conar afirma que a denúncia ainda não chegou ao órgão. Quando isso acontecer, se o processo for aceito, será repassado a um relator que, em geral, leva 45 dias para ouvir as partes e analisar se houve dano à ética publicitária. Caso considere que houve discriminação de sexo, o conselho concede uma liminar e o anúncio sai do ar.