*Por Renato Dias, CEO e cofundador da Taqe, publicitário com pós-graduação em administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)
A taxa de turnover em uma empresa é usada para medir a rotatividade dos colaboradores, ou seja, a quantidade de contratações e demissões em um período determinado. Se essa taxa estiver alta, indica que a empresa está tendo prejuízos e precisa resolver esse problema.
O turnover na saúde envolve uma série de questões que impactam tanto na forma como os pacientes percebem valor no atendimento recebido quanto nas receitas do hospital. Por isso, este é um grande desafio da gestão da saúde.
Os profissionais da área muitas vezes trabalham em condições desanimadoras e estressantes. Isso acaba gerando dois tipos de impacto: desmotivação e sobrecarga e desatenção com os pacientes. Mas, há uma terceira consequência que atinge a empresa: a rotatividade de profissionais fica maior, o que gera custos com contratações, treinamentos e admissões. Para entender um pouco mais sobre esse cenário e descobrir algumas dicas de como reduzir esse problema, confira abaixo:
1. Busque aprimorar o processo de contratação
O primeiro passo a ser tomado é otimizar o processo seletivo de sua empresa. Para isso, é essencial analisar todos os cargos disponíveis e fazer um mapeamento do perfil profissional necessário para cada um deles.
Após essa etapa, é importante verificar se as características estão alinhadas com a cultura organizacional do negócio. Quanto maior o alinhamento entre esses pontos, maiores as chances de fazer uma próxima contratação bem-sucedida. Dessa forma, é possível evitar o desequilíbrio que deixa tanto o profissional quanto a organização insatisfeitos em um curto período de tempo.
2. Repense a estrutura de trabalho e carreiras
A rotina da área da saúde é puxada, portanto é importante proporcionar um expediente flexível aos colaboradores. Por mais que as jornadas de trabalho estendidas possam trazer resultados imediatos para a empresa, no médio prazo, os recursos humanos estarão estressados, desgastados e desmotivados para continuar. Por outro lado, se há flexibilidade e abertura para a negociação, as pessoas trabalham mais descansadas, satisfeitas e ainda têm um fôlego extra para bater metas, por exemplo.
Outro ponto considerável é oferecer um plano de carreira que esteja alinhado aos objetivos e expectativas dos colaboradores e recompense seu esforço contínuo. A falta de valorização é uma das principais causas das altas taxas de turnover. Para resolver essa questão, é essencial saber o que os colaboradores buscam no desenvolvimento de suas carreiras. Assim, é possível criar oportunidades de valorização e crescimento para que eles tenham vontade de permanecer na empresa e crescer com ela.
Os benefícios concedidos também são fatores muito importantes para a retenção de talentos. Avalie-os para que se encaixam ao perfil dos profissionais e ofereça um pacote flexível. Além disso, é essencial repensar a forma como a empresa se comunica com seus colaboradores. Se estes não conhecem os objetivos da instituição, como vão se engajar para alcançá-los?
Transparência, franqueza e objetividade são essenciais para tornar as equipes motivadas. Uma ótima maneira de fazer isso é envolvê-las nas decisões e no planejamento. Essa atitude simples pode diminuir a taxa de turnover na área da saúde que é causada pela insatisfação e falta de perspectiva.
3. Fique atento à gestão e às lideranças positivas
Ambientes nos quais o colaborador se sente bem ajudam a reduzir a taxa de turnover em qualquer área de atuação. Os primeiros interessados em criar ambientes assim devem ser os gestores e líderes das equipes, que precisam praticar uma gestão inspiradora, agregadora e colaborativa.
Lideranças inflexíveis, autoritárias e que têm favoritismo entre os membros da equipe fazem com que os conflitos internos e a desmotivação coletiva aumentem. Isso pode levar até a problemas como demissões em massa. Por isso, é essencial contar com gestores focados no crescimento coletivo e individual de cada colaborador. Eles poderão engajar a equipe inteira, inspirando-os por meio de suas próprias atitudes e comportamentos.
4. Salário emocional
Levando em consideração todo o contexto dos profissionais da saúde no combate à pandemia, é essencial que os gestores priorizem o chamado “salário emocional” para conseguir reter os talentos nas companhias.
O termo está relacionado a fatores motivacionais e emocionais que incentivam os funcionários a realizarem um bom trabalho. Quando essa iniciativa é reconhecida, o colaborador tende a se manter na organização. Dessa forma, as empresas podem oferecer como benefício padrão ações de cuidado com a saúde mental de seus funcionários. Isso favorece o engajamento, reduz o turnover e melhora a reputação da cultura corporativa.
A alta rotatividade de colaboradores traz prejuízos financeiros, de recursos humanos e de reputação para hospitais e laboratórios. Por esse motivo, é essencial que essas empresas adotem iniciativas para reduzir as taxas de turnover e manter a qualidade dos serviços oferecidos. Para isso, é possível tomar medidas simples, como o aprimoramento do processo de seleção, a análise das condições de trabalho oferecidas e o treinamento das lideranças.
Além disso, é preciso considerar todo o cenário de pressão e adoecimento dos profissionais da saúde no enfrentamento à pandemia de Covid-19. Adotar ações que beneficiem a saúde mental desses colaboradores é um diferencial na retenção de talentos.