Modelo de negócio é mais importante para indústria da moda do que as coleções

Um dos mais importantes especialistas do mundo no atual mercado de moda esteve em Blumenau (SC) na noite desta quarta-feira (15). Enrico Cietta palestrou para mais de 200 pessoas e trouxe para empresários locais a discussão sobre a importância do modelo de negócio para a indústria de moda. “Vivemos num tempo híbrido em que, para o consumidor, os produtos têm dois valores: o material e o imaterial. Uma camiseta, num olhar industrial, é só uma camiseta. Mas, com a informação e o modelo de negócio da marca, ela pode ser muito mais do que isso aos olhos do consumidor”, comenta.

No evento, que foi realizado em parceria entre o Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), a Audaces e o Senai Blumenau, Enrico fez uma retomada histórica do segmento que resumiu em três momentos. O primeiro, chamado de indústria dominante, era quando as empresas competiam por preço e qualidade. O segundo, denominado de distribuição dominante, dava os diferenciais para as indústrias que conseguiam levar um produto assertivo ao mercado no tempo correto. Já o terceiro, para onde, segundo ele, o Brasil caminha, é a era do consumidor dominante.

“Hoje, o significado de uma peça está além do próprio produto. Não apenas na marca que o estampa, mas no significado que ela tem para quem compra. É nesse tempo híbrido, que em que os produtos saem da fábrica pré-acabados e quem finaliza o valor que ele tem é o consumidor, que vamos viver”, afirma.

Modelo de negócio: a chave
“Uma empresa pode sobreviver sem uma estratégia definida. Mas não existe sem um modelo de negócios. O primeiro desafio de todas elas é saber qual é esse diferencial e o segundo é deixar isso claro para todos os envolvidos: quem cria, quem produz e quem vende”, afirmou Enrico. “Estratégias podem ser copiadas. Esses modelos, não”, acrescentou.

O modelo de negócio, ao contrário do que muitos acreditam, não é apenas o valor da marca para o consumidor. Muito pelo contrário. “É essa ‘forma de ser’ que faz com que a indústria tenha um diferencial não apenas no produto, mas também na produção. É o que faz com que aquele negócio prospere , funcione e chegue ao consumidor com valor monetário e imaterial. Não se cria moda sem a indústria da moda. Temos que valorizar a indústria como integrante sine qua non do processo”, finaliza Enrico.

SCMC: “iniciativa impressionante”
Quando falou sobre estar no palco através da plataforma do SCMC, Enrico destacou a inovação que ela representa. “Acho incrível que o movimento tenha surgido da iniciativa privada e tenha conquistado o apoio das entidades. As empresas são os verdadeiros agentes de mudança para uma indústria mais inovadora”, destacou.

Amélia Malheiros, presidente da plataforma, agradeceu ao palestrante e reforçou a importância de que um especialista com o peso de Enrico enriqueça o debate e corrobore com a visão do SCMC sobre a inovação. “Não se pode levar ninguém a algum lugar em que nunca estivemos. Através desse compartilhamento de experiências, chegamos mais próximos desse lugar de modelos de negócio que fazem a diferença no mundo”, afirmou.​

Sobre o SCMC
O Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC) é uma plataforma colaborativa que conecta empresas e universidades de moda e design para capacitar pessoas, fomentar a inovação, estimular ambientes pulsantes e ressignificar protagonismos.

Em mais de 10 anos de atuação, mais de 50 empresas catarinenses já passaram pelo SCMC e 25 instituições de ensino aderiram à plataforma através da participação dos seus alunos. Foram mais de 400 eventos de capacitação que impactaram cerca de 30 mil profissionais e acadêmicos. Juntas, as empresas associadas faturam acima de R$ 4 bilhões.

Atualmente, 16 empresas fazem parte da plataforma: Altenburg, Audaces, Cia. Hering, Círculo, Copa&Cia, Coratex, Cores e Tons, Dudalina, Fakini, HI Etiquetas, Karsten, Lepper, LOA Underwear, Marisol, Meu Móvel de Madeira e Tecnoblu.

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