À primeira vista, a foto acima pode parecer brinquedo ou objeto decorativo. Porém, trata-se de doces impressos em uma impressora 3D, capaz de fazer objetos multicoloridos de açúcar ou chocolate.
A impressão em 3D para plásticos foi o primeiro avanço que ganhou os noticiários, as pessoas se empolgaram com a possibilidade de, no futuro, imprimir em casa sua própria caneca, ou sandália ou porta-lápis ou inúmeras outras coisas que a pessoa pode criar ou baixar da internet o arquivo pronto para a impressão.
A primeira matéria que li sobre o assunto, intitulada “A nova revolução industrial”, fazia um paralelo com o início do século 18, quando os artesãos costuravam sapatos à mão levando dias para produzir um único par. Nesta época, custava caro calçar os pés. Décadas mais tarde, com as máquinas de corte e costura, a produção tornou-se mais fácil, mas o sapato ainda custava caro.
Somente no início do século 20, com o conceito das linhas de produção, que os sapatos passaram a ser fabricados de maneira mais ágil e barata, abaixando os preços e tornando-os mais acessíveis, até chegar aos dias de hoje, quando já dispomos de tecnologia para uma pessoa imprimir o próprio tênis em sua casa ao alcance de um click.
Esta matéria foi feita em 2012, quando já se discutia a importância da invenção que vai além do aspecto tecnológico, ela transfere mais poder para cada indivíduo. Não se trata de poder de consumo, mas poder de criação e produção. Por isso, este momento histórico está sendo considerado uma nova revolução industrial.
Ousaria dizer que não é só uma revolução industrial, ela é muito mais que isso, é uma revolução de vida, é uma revolução nas organizações da sociedade. Citarei um exemplo: além de docinhos lindos e inocentes, esta tecnologia de impressão permite fabricar objetos mais complexos, tais como armas.
No ano passado, um programa com instruções de como fabricar uma pistola caseira com impressora 3D foi baixado da internet por mais de 100 mil pessoas, sendo que o Brasil ficou em terceiro lugar neste ranking, perdendo apenas para a Espanha e os Estados Unidos. Isto fez com que alguns governantes se atentassem para o risco eminente: a União Europeia criou uma portaria que proíbe a fabricação de armas usando impressoras 3D.
O risco não está só na capacidade inventiva do lado obscuro da sociedade. Da mesma maneira que os artesãos do século 18, que não se modernizaram, viram seus clientes irem embora, o mesmo pode acontecer agora com empresas que não entenderem a importância deste momento histórico.
A impressão 3D foi uma das fortes tendências apresentadas na maior feira de tecnologia do mundo, a CES, que aconteceu em Las Vegas, janeiro passado. O que se vê agora é uma especialização cada vez maior das impressoras buscando segmentações de mercado. A impressora da foto acima, por exemplo, é uma linha especial criada para confeiteiros e chefs.
O futuro breve dirá o quanto estas impressoras tomarão conta do nosso dia a dia e se as pessoas preferirão imprimir seu biscoito do café da manhã ou comprá-lo no supermercado. Muito cedo para obter as conclusões, mas muito tarde se este assunto ainda não entrou na pauta de discussão da sua empresa!
Kátia Bello é arquiteta, especialista em comunicação estratégica de varejo e sócia-diretora da Opus Design.katia@opusdesign.com.br