A terceira idade e a falta de cultura financeira

Mais da metade das pessoas acima de 60 anos não tem uma reserva financeira, segundo uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em números são 57% delas.  Ainda nessa pesquisa outro dado preocupante foi constatado: 54% dos consumidores da terceira idade estão com dívidas.

A situação se agrava quando falamos daquelas pessoas com baixa escolaridade e os pertencentes às classes D e E. A preocupação com a família está em primeiro lugar na lista de prioridades, motivo utilizado como justificativa pela maioria.

A falta de educação financeira também serve como explicação para essa situação, pelo menos 59% dos 632 entrevistados nas capitais brasileiras não sabe calcular juros de empréstimos e 91% não fazem transações bancárias pela internet, nem as básicas como conferência de saldo e pagamento de contas.

Nesse estudo 54% tem dívidas por não saber controlar  as contas e 32% já tiveram o nome incluído em listas de inadimplentes. Do total dos entrevistados 38% dizem fazer algum tipo de controle financeiro, mesmo que sejam em cadernos, porém 40% não deixam registros e 14% não tem controle algum. Embora os dados do estudo sejam preocupantes existe uma luz no fim do túnel, oito em cada dez pessoas com mais de 60 anos afirmam que não dependem de ninguém para gerir as próprias contas e 74% dizem não perder o controle de seu orçamento há alguns anos. 72% declaram ter atualmente uma situação financeira estável.

Precisamos ficar de olhos abertos e ajudar parentes e amigos que estão nessa faixa etária. O grau de endividamento cresce em ritmo acelerado, estando mais alto que a média nacional, inclusive. 4 milhões de idosos são inadimplentes, ou seja, cerca de 25% da população acima de 65 anos. Enquanto o crescimento médio do número de inadimplentes no Serviço de Proteção ao Crédito é de 3,8, apenas na faixa de 64 e 94 anos essa taxa de crescimento é de 7,5%, o que deixa a situação bastante preocupante.

Entre as causas mais comuns para os idosos terem seus nomes negativados estão: a ajuda a pessoas próximas, quando eles emprestam o nome para financiar compras e pegar empréstimos para amigos e parentes, não conseguindo honrar o compromisso; o mau planejamento financeiro; os problemas de saúde; descontrole dos gastos e cobranças indevidas.

Fique atento e se possível mantenha com os idosos da família um controle mensal, com conferência frequente de saldos, isso evita com que esses números cresçam e gerem uma dívida bola de neve, com cada vez mais juros, tornando o valor impraticável.

Luciano Duarte Peres é especialista em direito financeiro e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário

 

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