Ser dono de seu próprio negócio não é uma tarefa fácil como muitos pensam. É preciso ter determinação, disciplina, controle financeiro, muito planejamento e muitas horas de trabalho. Se você está pensando que vai trabalhar menos e terá mais dias de folga, esqueça! Pelo menos no início de seu negócio serão necessárias muitas horas de planejamento e 24 horas serão poucas para colocar a casa em ordem até dar um resultado financeiro estável.
De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2016, o Brasil é um dos países que mais tem empreendedores – seja por opção ou por falta de emprego. Tudo leva a crer, apesar de ser um ano de eleições e copa, que 2018 será um ano positivo e de crescimento para os empreendedores voltados, principalmente, para os segmentos de criatividade e tecnologia.
Com o objetivo de ajudar as pessoas que queiram empreender e correr menos riscos, Kleber Fabiano, executivo sênior de finanças da Innovativa Executivos Associados, traz dicas importantes para quem deseja investir em seu negócio próprio.
1.- É preciso que todo empreendedor faça um “Business Plan”, ou seja, um Plano de Negócio: O Business Plan é o documento dos objetivos de seu negócio e quais os passos que devem ser seguidos para reduzir riscos, incertezas e quais os caminhos que devem ser seguidos para alcançar o sucesso. Com o plano de negócio é possível identificar erros mais rapidamente.
Os principais pontos do plano de negócios são: determinar o segmento que será investido; principais produtos e serviços que a empresa irá oferecer; principais clientes; localização da empresa; capital investido; faturamento mensal; lucro esperado e em quanto tempo terá retorno do capital investido.
Abertura de empresa – De acordo com Kleber Fabiano, é preciso constituir sua empresa de forma jurídica: Microempreendedor Individual (MEI); Empresário Individual; Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) ou Sociedade Limitada. Procure um contador que ele apresentará a melhor opção para seu negócio. “Fique de olhos na cobrança de impostos. Cada regime jurídico exige pagamentos diferenciados. Por exemplo, empresas optantes pelo Simples devem ficar atentas à cobrança de: IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica); PIS (Contribuição para os Programas de Integração Social); COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social); CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido); IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados – destinados somente para indústria); ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercado – para indústria, comércio e serviços de transporte intermunicipal e interestadual) e ISS (Impostos sobre Serviços – para prestadores de serviços). Analise todas as possibilidades com seu contador, para que não seja surpreendido pelo “leão””, ressalta Kleber.
2.- Capital que será investido na empresa: Entende-se por capital (dinheiro, equipamentos, ferramentas, etc) aplicado pelo empreendedor ou pelos sócios-proprietários. “É importante nesta fase que seja realizado uma Formalização Societária – caso haja – e determinado o pró-labore do empreendedor ou dos sócios-proprietários. A maioria dos empreendedores acabam utilizando o dinheiro da empresa para efetuar pagamentos de contas particulares. Isto pode trazer grandes problemas de controles financeiros na empresa e dores de cabeça com o fisco. Separe as contas da empresa de sua vida particular. Desta forma, seu negócio terá uma vida financeira saudável. Um detalhe importante. Se a empresa tem intenções de atrair capital de terceiros – como bancos e investidores – é preciso que a parte financeira esteja em dia. O primeiro item avaliado por investidores é a questão financeira e é claro a viabilidade do negócio”, relata Kleber.
Em caso de empréstimo bancário é essencial ter demonstração contábil fidedigna, para que fique claro para o banco ou investidor o real objetivo da solicitação dos recursos. “A necessidade pode estar ligada ao crescimento da empresa ou a um evento pontual, não configurando descontrole ou má gestão. A qualidade dos relatórios gerenciais ou projeções é fundamental, pois demonstra excelência na gestão. Os credores querem conhecer a real capacidade de solvência da empresa. O fluxo de caixa real e projetado é a ferramenta primordial nesta avaliação”, complementa.
3.- Instituição do pró-labore: Retirada mensal do empreendedor ou dos sócios-proprietários. Não se esqueça que este valor é tributado e sujeito ao recolhimento de Imposto de Renda e Previdência.
4.- Conhecimento em detalhes dos potenciais clientes e dos concorrentes:“É necessário que eu saiba se o negócio tem um diferencial competitivo, como: marca; preços adequados; prazos de entrega; se terá inovação; logística; formas de pagamentos, entre outros”, explica.
5.- Marketing de sua empresa: Hoje com a facilidade da internet há inúmeros caminhos para divulgar sua empresa seja através de redes sociais ou de campanhas mais elaboradas de marketing (com propagandas em rádio, jornal e revistas. Ou ainda malas diretas, catálogos e participação em feiras e eventos). “Tome muito cuidado com a forma que será divulgada sua empresa. Uma campanha não muito bem elaborada pode ser um tiro no pé. A exposição de sua marca é extremamente importante, mas a forma de como será divulgado seu negócio pode ser ou não a chave do sucesso”, ressalta.
Atualmente, as empresas enfrentam um grande desafio que é a era digital. “Não há como ficarmos longe desta facilidade tecnológica. Ela reduz custos, ajuda nos contatos comerciais, mas não podemos esquecer do contato físico. O olho no olho ainda traz ótimos resultados e fortifica relacionamentos que a tecnologia ainda não alcançou”, comenta Kleber.
Para os executivos da innovativa ter um negócio próprio no atual cenário econômico é uma opção positiva. Com a economia dando sinais de recuperação, mesmo que ainda a passos lentos, empreender pode ser uma boa alternativa para os brasileiros. “O que o empreendedor precisa ter consciência é que empreender no Brasil é um grande desafio, principalmente, pelas incertezas que vivemos a cada dia. Mas o sucesso pode ser sim alcançado com um bom planejamento, garra, dedicação”, finaliza.
De acordo com a Pesquisa de Sobrevivência das Empresas no Brasil, realizada pelo Sebrae em 2016, a taxa média de sobrevivência das empresas no Brasil é de 77% na média nacional. As maiores causas que levam as empresas a fecharem seus negócios são: falta de um plano de negócio prévio; gestão adequada, impostos e atitude empreendedora.
A innovativa tem recebido diversos casos em sua consultoria que justificam exatamente a pesquisa do Sebrae. “A maioria fecha por falta de um plano de negócio bem detalhado. Boa parte dos empreendedores não realiza, porque exige tempo, pesquisa e análises, mas é fundamental para a saúde e a sobrevivência de uma empresa”, ressalta Carlos Macedo, diretor executivo da innovativa Executivos Associados.
Embora muitas empresas fecharam o ano passado, as que sobreviveram estão em busca de alternativas para voltarem a atuar no mercado. “Nós, da innovativa, percebemos que muitas empresas que estavam desistindo de seus negócios, estão retomando em virtude do atual cenário da economia. Temos casos de empresas que nos procuraram para reestruturar todo o seu negócio e outras que já se encontravam em fase de recuperação. Com muito estudo, experiência e vontade, temos conseguido bons resultados e gerando lucro para as empresas”, ressalta Carlos.