Com a estiagem prolongada e a ausência de floradas há quase quatro anos, os apicultores do Rio Grande do Norte tiveram que repensar o formato de seus negócios, que até então dependiam do mel. A ameaça foi transformada em oportunidade. Com auxílio do Sebrae no Rio Grande do Norte, os produtores começaram a buscar novas soluções para manter a colmeia viva, usando uma alimentação artificial.
Com essa orientação, alguns produtores passaram a diversificar seus negócios, explorando outras vertentes da apicultura. Uma delas é a extração da apitoxina, o veneno encontrado no ferrão das abelhas e que tem uma forte demanda do mercado farmacêutico e de cosméticos. “Com a alimentação artificial, as colmeias sobrevivem, mas produzem um mel de baixa qualidadeA orientação do Sebrae é que a apitoxina seja usada como opção na entressafra de mel, devido a sua grande viabilidade econômica para o negócio”, explica o gestor de apicultura do Sebrae-RN, Lecy Gadelha.
Com o grama sendo comercializado por volta de R$ 65, a apitoxina tem sido lucrativa para os apicultores que optaram pelo investimento no processo de extração, que é realizado através de placas com pulsos elétricos, fazendo com que a abelha libere o veneno.
No Rio Grande do Norte, dois grandes polos de apicultura estão em Caraúbas e na região de Mato Grande, que desde 2012 começou a extrair apitoxina, com a orientação do Sebrae. Atualmente os produtores dessas duas regiões comercializam 1,5 quilo de apitoxina, faturando mais de R$ 90 mil por mês. De acordo com o Sebrae, esses dois polos possuem capacidade instalada para produzir até cinco quilos por mês, o que proporcionaria um faturamento superior a R$ 300 mil.
Em Ceará-Mirim, o Sebrae já está orientando os produtores para certificação internacional da extração de apitoxina. Com isso, o produtor terá a opção de exportar o produto. “A expectativa é de que, até junho, a certificação seja concedida. Estamos na fase de aprovação das plantas arquitetônicas de fluxo dos locais de extração”, informa o gestor de apicultura.
O apicultor Célio Lino atua nesse setor há 10 anos, e possui 400 colméias em seu apiário. Desde 2013, o produtor decidiu investir na extração de apitoxina. Com isso, a apicultura passou a ser sua fonte exclusiva de renda. “Antes da apitoxina, era muito difícil viver só do mel. Depois que passei a comercializar o produto, meu faturamento aumentou 500%”, enfatiza o produtor.
Em seu apiário, o apicultor produz entre 150 a 200 gramas de apitoxina por mês, com um faturamento de mais de R$ 10 mil reais. E já antecipa que está investindo para voltar a coletar pólen, outro produto da apicultura com demanda em alta por ser um energético natural. “O pólen é outro produto que nós no Sebrae temos orientado aos apicultores por ter uma grande demanda de empresas de alimentos energéticos”, ressalta Gadelha.