Apesar de tanto ler e ouvir que o mercado mudou em grande velocidade e que as empresas devem acompanhar todas as mudanças, com foco nos seus consumidores e respectivos comportamentos, ainda não me parece tão clara a evidência desses dados nos fatos que vou relatar.
Ao descrever seus públicos-alvos, as empresas definem: sexo, faixa etária, classe social e alguns hábitos de consumo, mais ou menos, rígidos assim.
Todavia, os jornais que estão abertos nos iPADs, ou impressos sobre as mesas dos executivos e empresários, oferecem notícias de que o Papa abençoou as mães solteiras e que os bebês podem ser batizados, estampam notícias de casamento, no civil e religioso, entre homossexuais e adoção de filhos por parte desses casais, o país católico migrou para várias outras religiões e os fiéis estão convictos de que podem expressar suas escolhas, diferentemente das crianças que, outrora, não eram católicas e estudavam em colégios de padres ou freiras, mas não podiam contar qual era a religião dos pais e, na hora do “Pai Nosso”, surgiam versões diferentes.
Hoje, existem os casamentos ecumênicos e os buffets criaram este serviço em função da demanda. As festas infantis tocam funk e não mais Xuxa. As roupas femininas criadas, desenhadas e produzidas de acordo com a faixa etária, vestem, há alguns anos, tanto as mães de 50 quanto as filhas de 20 anos. E todas curtem poder usar as mesmas roupas, trocar de guarda-roupa.
Além disso, remédios viram anabolizantes, tão controlados quanto disponíveis, os caras taxados ecochatos já são reconhecidos como sustentáveis, a farmácia que vende barrinhas concorre com a padaria, pois tem produtos que enganam a fome. As lojas que deveriam ter espaço para que os clientes estacionassem, passaram a ter vallets e, hoje, o cliente que pague fortunas por hora de estacionamento! Se não quiser ser roubado… na rua.
São inúmeros os exemplos de como tudo mudou!
E me pergunto: Cabem os mesmos 7 ou 10 passos da venda? Cabe perguntar o que o papai e mamãe estão procurando para o bebê que está no colo, se as famílias já não se enquadram mais 100% no modelo de propaganda de produtos matinais? E se a criança tem duas mães ou dois pais, ou N.D.A, e podem ser felizes com suas realidades e não cabe a cara de espanto de quem atende?! Cabe tratar idosos de 60, 65, 70 anos, lúcidos e ativos, como velhinhos senis e dizer “este sapatinho ficou lindo na senhora”, como se estivessem falando com um bebezinho? “Ai que bonitinha!…”. Nem as senhoras de 80 anos suportam ser tratadas assim. Minha sogra dizia: “Tenho cara de idiota ou de bebê para falarem assim comigo?”. A cada ano, demora mais para ficarmos mais velhos e nos tornamos mais antenados nas tendências, tecnologias, modernidade aliada à saúde e conforto.
Vamos inovar educando nossas equipes a entender, de verdade, o que mudou, quais as novas – e nem tão novas assim – estruturas familiares, sociais, políticas e econômicas e que não cabe julgar ou expressar opiniões, mas mudar as abordagens, os diálogos, os passos das vendas. Vamos ler as notícias e ensinar nossos times a entendê-las, acompanhar as mudanças não só através de seminários ou workshops teóricos, mas as transformações de vida, de pessoas, da sociedade. Só assim saberemos quem são nossos clientes reais e atenderemos suas expectativas! Tudo é muito diferente e inovar não é só aprender inglês para atender “gringo” na Copa.
Ana Vecchi é diretora da Vecchi Ancona – Inteligência Estratégica, palestrante e autora do livro A Nova Era do Franchising (ana@vecchiancona.com.br/www.vecchiancona.com.br/(11) 3841-9676)