Por Guilherme Amorim, Head of Innovation Service da Wayra Brasil*
O Brasil tem vivido uma explosão de CVCs nos últimos três anos, somando já mais de uma centena de iniciativas do tipo no país, de acordo com a ABVCAP. Parte do motivo para esse salto tem a ver tanto com o maior interesse das companhias em investir em inovação aberta, quanto pela maior retração dos VCs tradicionais, que têm feito aportes mais cuidadosos por conta das instabilidades econômicas.
O interesse das companhias em criarem seus CVCs, contudo, trouxe também desafios próprios, relacionados à carência de talentos com experiência na implementação e gestão de fundos de investimento corporativos. Ou seja, ainda que hoje mais de 80% das grandes empresas tenham ações do tipo, são poucas as que têm expertise e históricos, resultando em CVCs ainda em estágios iniciais, em fase de amadurecimento e reconhecimento das oportunidades e desafios do ecossistema empreendedor.
É nesse contexto que surge a proposta do VC as a Service, um serviço ofertado por investidores de inovação aberta experientes, que fornecem sua expertise para a criação e gestão de CVCs de companhias de médio e grande porte. Dessa forma, as empresas conseguem se relacionar de modo estratégico e bem estruturado, aproximando-se com confiança das startups que estão em busca de aportes e parcerias com corporações.
Uma nova frente de negócios para quem tem experiência com VC
Criar um CVC é um projeto que demanda tempo, expertise e paciência dos talentos envolvidos na empreitada. Geralmente, o processo envolve ao menos cinco fases, que incluem: a construção da tese de investimento (que delimita os interesses de investimento do CVC), a configuração do CVC (estruturando como os aportes serão realizados), validação das premissas, conexão com o ecossistema empreendedor, aproximando-se de startups, hubs e outros VCs, e, por fim, a montagem da tese de investimento das startups avaliadas.
É por meio desse passo a passo que um CVC consegue ganhar mais clareza sobre em que startups investir e de que formas vai fazê-lo, estabelecendo suas modalidades de investimento, governança e até valores a serem investidos, por exemplo.
Por ser oferecido por VCs experientes, que sabem navegar por esse processo com maestria, o serviço de VC as a Service consegue fornecer apoio para que as companhias possam estruturar, criar e gerir seus CVCs de maneira eficiente, superando as burocracias necessárias e estabelecendo estratégias potentes de investimento em inovação aberta.
Apesar de ainda ser um serviço novo no mercado, o VC as a Service já vem sendo reconhecido como uma consultoria capaz de alavancar e escalar as estratégias de inovação aberta de quem quer criar seu próprio CVC, o que inclui desde a montagem das premissas iniciais do fundo, até a gestão e co-investimento nas startups.
Ainda que seja uma oferta nova no mercado, o VCaaS tem tudo para ser um serviço que vai crescer bastante nos próximos meses e anos. VCs e CVCs experientes vão trabalhar para desenhar esse serviço, de modo que seja possível apoiar ações mais novas no ecossistema para que eles possam atuar de maneira estratégica e eficiente nas suas teses de investimento.
*Guilherme Amorim é Head of Innovation Service da Wayra, CVC da Vivo / Telefonica, liderando a frente de negócios da organização junto a parceiros estratégicos do grupo desde 2020. Especialista na jornada de Go to Market de empresas de tecnologia, Guilherme tem mais de 17 anos de experiência na construção de estratégias para produtos, serviços e vendas internacionais. Foi gestor do Programa Brasil IT+, do Governo Federal, de fomento a internacionalização de startups, entre 2013 a 2020. Também liderou atividades de pesquisa e análises de inteligência de mercado para a Motorola Mobility e atuou em captação de investimentos e fusões e aquisições em consultoria de M&A. O executivo é Pós-Graduado em Negócios Internacionais pela Universidade Mackenzie, especialização em Economia, pela Fundação Getúlio Vargas, em Fusões e Aquisições e Private Equity & Venture Capital, pelo INSPER. Analista de mercado independente do Euromonitor e Membro do Fórum permanente de Micro e Pequenas empresas do Ministério da Economia.