Quando pensamos em um negócio sustentável nos dias de hoje, acabamos lembrando de uma empresa que tem boa rentabilidade e dá um retorno considerável aos seus acionistas. Ou se você começar a pensar mais a fundo lembrará também daquelas empresas que trabalham com as questões ambientais e afins. Na pesquisa Datafolha para o prêmio Folha Top of Mind, existe também a categoria Top Meio Ambiente, na qual são mencionadas pelos entrevistados as marcas por sua atuação na preservação do meio ambiente. Em 2013, das 5.145 pessoas, 7% lembraram da marca Ypê e 5% dos respondentes da Natura. A seguir, apareceram Ibama (3%), Greenpeace e Petrobras (2% cada uma); depois Vale, Coca-Cola, O Boticário e Omo (1% cada uma).
A lembrança das grandes empresas e organizações acaba acontecendo porque estas investem bastante em comunicação de massa e também em projetos e ações ligadas ao meio ambiente. A Ypê, por exemplo, tem um amplo trabalho de plantação de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica em regiões de mata ciliar, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica e fizeram várias propagandas sobre isso, além de suas atividades de rotina ligadas ao tema. E a Natura, que possui produtos ecologicamente corretos, certificados e com processos de produção sustentável bem definidos.
Mas para um pequeno ou médio empreendedor, dá para ser mais sustentável? Ter um negócio que realmente englobe não só as questões financeiras e/ou ecológicas, mas também as sociais? Sustentabilidade é muito mais do que pequenas ações ecológicas ou processos socialmente corretos. É um trabalho de colocar o tema no processo de produção, no relacionamento com os stakeholders (públicos de relacionamento da empresa) e, principalmente, no desenvolvimento de produtos e serviços que sejam inovadores, inclusivos, ecológicos e que, de preferência, resolvam efetivamente problemas do nosso planeta.
Nestas andanças pelo Brasil, conheci um empreendedor totalmente conectado ao tempo de hoje e de amanhã. Ele fabrica maquinário para a produção de tijolos, blocos e pisos ecológicos, e desenvolveu um processo que aproveita o lixo para fazer tijolos mais ecológicos ainda. Como? Isso mesmo, fazer tijolos e blocos para construir casas, prédios, galpões, lojas, etc. provenientes dos nossos lixos, que atualmente não possuem mais espaços dentro e fora das cidades para o seu descarte.
Entusiasmado, o empreendedor mostrou como faz com que o lixo seja triturado, tratado e vire uma espécie de areia que, segundo ele, é mais resistente do que a normal. Com isso, em suas máquinas especiais, a areia que antes era lixo, juntamente com solo e cimento e por meio da prensagem, tomam forma de tijolos ou blocos que se parecem “Legos”, sem necessitar da queima de combustíveis fósseis. Os tijolos se encaixam e, com uma espécie de cola, vão aderindo entre si.
A ideia deste tijolo e bloco ecológicos com base no lixo é elaborar projetos com prefeituras que já estão com seus aterros lotados e querem dar uma destinação mais legítima aos seus resíduos e, assim, produzindo tijolos para construção de casas para a sua população.
Obviamente que o custo deste benefício exige um investimento inicial, como todo bom negócio, porém o retorno é muito valioso, garantiu o empreendedor, não só no resultado das construções, mas como também na gestão dos resíduos, além do ganho de “moedas” políticas com a população, sem esquecer do verdadeiro desenvolvimento sustentável. Isso realmente é um negócio que está se tornando cada vez mais sustentável!
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Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM e diretor-presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps)