Imóveis maiores e retomada de empreendimentos corporativos são apostas do setor para o ano depois de um 2021 positivo
A Construção Civil caminha para registrar, em 2021, seu maior crescimento em 10 anos. Segundo dados do IBGE, consolidados no relatório da CBIC, a projeção atual é de 7,6%, o terceiro aumento consecutivo. Para Bruno Silva, CEO da INTEC Brasil, plataforma que reúne informações técnicas e comerciais de obras em todo o Brasil, 2021 foi um ano muito positivo para construtoras e fornecedores.
“Para as construtoras, por causa da permanência do aquecimento do mercado imobiliário, que desde sempre se mostrou um investimento seguro, rentável e de fácil negociação. Já para os fornecedores, porque eles souberam se adaptar à nova realidade das construtoras e foram maleáveis em suas negociações”, afirma o executivo. “Os bons resultados impulsionaram a geração de empregos formais e patrocinou em muitas marcas o investimento em sustentabilidade, tecnologia e logística”.
A Intec acompanhou de perto a movimentação do mercado. A construção civil no Brasil registrou cinco trimestres consecutivos de crescimento apesar do aumento do custo do material de construção. Segundo dados a FGV, o preço de vergalhões e arames de aço ao carbono, por exemplo, variou 92,44% entre julho e novembro de 2021 e o INCC de materiais e equipamentos bateu 23,26% no acumulado de janeiro a novembro do ano passado.
Expectativas em alta
O levantamento da CBIC também mostra crescimento de 24,59% nos lançamentos imobiliários no país entre janeiro e setembro de 2021, em relação ao mesmo período de 2019. Já quando comparamos a venda de imóveis, a alta é de 42,29%. Segundo Silva, este ano será a hora das construtoras recuperarem os valores estacionados em renegociações com consumidores, impulsionadas pela alta do INCC, e iniciarem a volta ao patamar pré-Covid-19. “Para compensar, é quase unânime a previsão de muitos lançamentos com estratégias competitivas e benefícios mais atrativos. O mercado da construção residencial está preparando muita coisa boa para 2022”, acrescenta.
Outro ponto positivo destacado pelo CEO é o mercado de trabalho do setor. Segundo dados do Novo Caged/Ministério do Trabalho, nos últimos dez meses foram criadas mais de 284,5 mil vagas. “A desoneração na folha de pagamentos recentemente sancionada beneficiará muito a construção civil. O setor é o segundo que mais emprega no Brasil (atrás apenas para serviços) e com uma qualidade salarial acima da média nacional”, diz Silva.
Investimento seguro
Diante das incertezas econômicas que atingem não só Brasil, o investimento em imóveis é uma das opções mais seguras. “Segundo a Datastore, ao menos 14,5 milhões de famílias brasileiras têm intenção de adquirir um imóvel nos próximos 24 meses. Os juros atrativos com a inflação acelerada, as facilidades de financiamento e o potencial de valorização tornam o contexto muito favorável para se comprar um novo imóvel em tempos de vulnerabilidade externa e interna da economia e volatilidade da taxa de câmbio”, afirma Milton Meyer, CEO da MPD Engenharia.
Mas não é só a opção de investimento que atrai compradores: o sonho da casa própria seguirá como um dos principais pilares do mercado imobiliário. Mesmo com o impacto da pandemia nas finanças dos consumidores de primeiro imóvel, o desejo da aquisição segue presente. “Construtoras que investirem em localização, qualidade de vida diária e facilitação nas condições atenderão uma parcela significativa dessa população”, completa Bruno Silva, CEO da Intec. Meyer também aponta que o incremento imobiliário, que deve durar em 2022, torna possível que a prestação de um imóvel novo seja inferior a um pagamento de aluguel.
Mais espaço dentro (e fora) de casa
Com a pandemia, uma coisa ficou bem clara: o tamanho do imóvel importa bastante. Já não basta a casa ser só um local para dormir: ela se transformou em escritório e em área de lazer, modificando a maneira como convivemos e destacando a importância de morar bem. Segundo Milton Meyer, o mercado imobiliário deve se voltar cada vez mais para imóveis maiores e mais familiares. “As pessoas estão buscando espaços mais amplos e com áreas ao ar livre para plantas, além de ambientes reservados para o home office, por exemplo. Isso tanto para empreendimentos de casas quanto em edifícios”, complementa.
Segundo o CEO da MPD, isso não diminuirá a procura por espaços comerciais e corporativos, que devem voltar a aquecer, conforme avançam os índices de imunização e fica clara a opção de boa parte das empresas pelo trabalho híbrido. Para o executivo, há uma clara movimentação no mercado imobiliário e aumento na procura por salas comerciais da empresa situadas em localização estratégica. A demanda, que antes era de investidores e profissionais liberais, agora é reforçada por um novo público: lojas virtuais que surgiram recentemente e agora necessitam de espaço físico para expandir seus negócios. Assim, as expectativas mostram que a Construção Civil tem tudo para crescer ainda mais em 2022.