É inegável que a contabilidade vem passando por uma evolução sem precedentes nas últimas décadas, não só no Brasil como em todo o mundo. Fatores como o aumento da necessidade de informações padronizadas por parte de Governos e empresas, a globalização e o surgimento de princípios e normas mais específicos e exigentes tornaram a atividade cada vez mais essencial.
Ao mesmo tempo, a era digital trouxe o suporte da tecnologia, em que ferramentas e softwares transformam pilhas de papeis em um fluxo de trabalho organizado e eficaz. Nesse contexto, surge a Contabilidade Colaborativa, um modelo que suporta a máxima eficiência e dá ao empresário contábil e ao escritório total controle para a tomada de decisão.
Ultimamente, o tema tem chamado a atenção do setor contábil brasileiro. Por aqui, os processos contábeis envolvem, atualmente, três participantes principais: as organizações contábeis (que somam cerca de 60 mil escritórios em todo o país), as pequenas e médias empresas e o Governo. Para que todos troquem informações entre si com segurança e precisão, é necessário que as plataformas de tráfego de dados sejam sincronizadas, independentemente de sua arquitetura tecnológica ou tipos de dados em uso.
Como criar um mecanismo que capacite esses três níveis para uma integração rica e automatizada e, ao mesmo tempo, baixando os custos de operação, com total mobilidade e segurança? A solução está na Contabilidade Colaborativa, um modelo que poderá mudar o futuro da atividade contábil no Brasil e representar, de forma definitiva, a evolução deste universo.
Além de ajudar o empresário a potencializar o valor de seu negócio perante o mercado, a colaboração na contabilidade ajuda a equilibrar a carga de trabalho ao longo do ano, reter e fidelizar clientes, ter mais flexibilidade e aumento da receita mensal recorrente. Em um nível mais estrito da definição, pode-se dizer que a Contabilidade Colaborativa não é algo novo, uma vez que a maioria das organizações tem tido inúmeras pessoas envolvidas em seus processos contábeis por décadas.
O que a prática tem de diferente, nos dias atuais, é o uso da nuvem como espinha dorsal para a colaboração.Nos processos que envolvem a Contabilidade Colaborativa, este é o ambiente padrão para a troca de informações, tornando possível o trabalho de múltiplos participantes em um arquivo e minimizando a necessidade de processos sequenciais. A acessibilidade total, a qualquer hora e tempo, é o que dinamiza a prática. A atualização constante ajuda a originar relatórios e análises oportunos, incrementando e diferenciando o atendimento prestado pela empresa contábil ao cliente, com total segurança e solidez.
Para o cliente, significa total liberdade de escolha. Para a sociedade como um todo, representa a adoção de uma economia de escala (preços mais baixos para serviços pontuais). E, para o Governo, uma gestão mais eficiente dos riscos e total aderência a políticas de conformidade.
Quando a Contabilidade Colaborativa se torna uma prática consolidada, as expectativas dos empresários contábeis e seus clientes tendem a aumentar, sobretudo no que diz respeito aos softwares e ao impacto em serviços tradicionais de emissão. Para as pequenas empresas, que geralmente possuem recursos limitados, a Contabilidade Colaborativa ajuda a melhorar processos e a funcionalidade dos relatórios gerados.
Para quem se concentra no desenvolvimento de um nicho específico, a Contabilidade Colaborativa é o modelo ideal, já que permite vender transações pontuais dentro do universo de serviços que oferece e sem necessariamente ter ou estabelecer vínculos contratuais, criando o paradigma da não necessidade de relação contratual entre as partes.
Atentas a este cenário e consciente das possibilidades de implantação dessa cultura no Brasil, várias empresas – como a Wolters Kluwer – já se adiantaram ao chamado do mercado e desenvolvem soluções responsivas à Contabilidade Colaborativa, que permitem encurtar a distância entre contadores e clientes. Embarcar nesta jornada significa promover uma evolução do modelo de negócio das empresas contábeis, transformar o que hoje é considerado atividade braçal em serviço consultivo e, ainda, abrir novas possibilidades para o empresário contábil.
Roberto Regente Jr. é CEO da Wolters Kluwer, Unidade de Negócios Fiscal e Contábil no Brasil