Contemporâneo Hostel aposta na valorização da cultura

Em um casarão erguido em 1904, no coração de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro, concentrou-se o empenho da empreendedora Beth Agra em transformar o espaço no Contemporâneo Hostel. O hostel-butique, que nasceu inspirado na tradição de endereços charmosos na Europa, harmonizando conveniências modernas com traços que valorizam a cultura e a história da cidade ou país, está há três anos em funcionamento.

Depois de trabalhar por 11 anos na área de marketing da rede de postos da Petrobras, ela resolveu ganhar a vida hospedando pessoas. A inspiração veio após dois anos, quando ela fez parte de um cadastro de uma escola de idiomas para abrigar estudantes estrangeiros. Durante os jogos da Copa do Mundo, o hostel registrou 80% de ocupação. Para Beth, a experiência de hospedar turistas em um evento de grandiosidade mundial foi fantástica.

Os hóspedes do Contemporâneo Hostel puderam aproveitar a descontração de um albergue unido ao conforto de suítes de luxo. Os quartos coletivos também têm seu charme, por conta da disposição das camas em um espaço maior, decoradas com varais de roupa que ajudam na organização.

Outro diferencial do hostel é o espaço de socialização, onde é possível conhecer gente do mundo todo e vivenciar a cultura local, através de salas dedicadas à exposição de obras de jovens artistas do Brasil e dos móveis que são assinados por arquitetos nacionais. A música brasileira é outro atrativo para contribuir com a atmosfera cultural do local. Com esse propósito, Beth organiza, na área externa, shows em um container que funciona como bar. “Compramos um container usado e reformamos. Foi econômico e sustentável, além de esteticamente incrível”, conta Beth. Agora, a empreendedora quer aprimorar alguns aspectos de gestão, que aprendeu com as demandas da Copa do Mundo, para fazer melhor durante o período das Olimpíadas.

Beth conta que o principal ponto que pretende melhorar é em relação às vendas. Para as Olimpíadas, Beth planeja fechar parcerias corporativas e, caso isso não aconteça, os pacotes deverão ser pensados de acordo com a popularidade dos esportes. Na visão da  empreendedora, os maiores entraves que as empresas de turismo, como a dela, enfrentam para crescer estão ligados às enormes e lentas burocracias de legalização. “A carga tributária sem dúvida é o maior entrave”, afirma.

Outra adversidade vivida por Beth em seu negócio, é a crescente promoção de diárias em apartamentos fomentadas por site de hospedagem como o Airbnb. Para ela, esse mercado leva uma fatia grande de clientes das pequenas hospedagens e, o pior, é que não geram arrecadação de impostos para o estado. “O Airbnb fechou patrocínio para os jogos. É uma decisão que só traz benefícios a eles, pois não existe arrecadação de impostos para o governo, não tem geração de empregos e uma cadeia enorme de fornecedores é mitigada. Realmente foi uma surpresa desagradável receber essa notícia”, lamenta. Mesmo assim, Beth faz planos de ampliar duas unidades no hostel depois das Olimpíadas.

Como o hostel está muito novo, pois passou por nove meses de reforma, assinada pelo arquiteto e artista plástico Alessandro Sartore e investimento de R$ 1,6 milhão, a intenção de Beth é trabalhar mais a área comercial para buscar grupos coorporativos que venham para assistir aos jogos. “Isso gera melhor rentabilidade além de facilitar a logística interna”, diz.

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