Copa do Mundo incentiva produção de cafés especiais

Cafeterias de Curitiba oferecem cafés certificados do Norte Pioneiro do Paraná e se preparam para surpreender visitantes estrangeiros durante o mundial

O café é uma bebida tipicamente brasileira que já conquistou paladares no mundo todo e que deverá ser consumido em larga escala durante a Copa do Mundo da FIFA de 2014 por turistas nacionais e estrangeiros. Além do crescimento no consumo, aumentou também o grau de exigência dos apreciadores da bebida. E, de olho nesse mercado em expansão, os cafeicultores investem cada vez mais na produção de cafés de qualidade e certificados.

O Brasil é o primeiro colocado no ranking da produção mundial de café, com cerca de 50 milhões de sacas geradas em 2012. De acordo com informações da Comissão do Meio Ambiente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), o país também é líder na produção de grãos com certificações internacionais. A previsão da CNA é de que até 2015 o Brasil seja responsável pela produção de 25% dos cafés certificados, contra 8% em 2013.

Uma região do estado já se destaca como produtor de cafés especiais. Em 2012, a Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP) conquistou a Indicação Geográfica de Procedência (IGP). Além de status, o selo garante a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais dos cafés de uma determinada região, conferindo-lhes destaque no mercado brasileiro e internacional.

E, para promover os cafés da região, o Sebrae no Paraná e a ACENPP realizam anualmente a Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Ficafé). O evento está na sexta edição e será realizado nos dias 2, 3 e 4 de outubro, em Jacarezinho. Para Odemir Capello, do Sebrae no estado, as degustações promovidas durante o evento são uma espécie de vitrine para apresentar ao público o produto que será comercializado nas rodadas de negócios. “O evento é uma ferramenta demarketing para evidenciar a qualidade e os atributos únicos dos grãos da região, como uma forma de valorizar o produto”, ressalta Capello. 

Além dos compradores do mercado internacional, participam das rodadas de negócios proprietários de cafeterias, inclusive de Curitiba, uma das cidades brasileiras que vai sediar a Copa no próximo ano. A capital do Paraná possui uma lista de lojas sofisticadas, que são grandes consumidoras dos cafés do Norte Pioneiro. “A Ficafé é o momento ideal para os empreendedores estabelecerem contato com os produtores e reservar uma safra de grãos especiais para atender a demanda gerada pelo evento esportivo”, relata Capello. 

De acordo com Eduardo Affonso Scorsin, instrutor do curso profissionalizante do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e barista certificado da Speciality Coffee Association of Europe (SCAE), além da Copa do Mundo, o mercado brasileiro deve se preparar para outros eventos esportivos que irão acontecer no país e a fim de atender os visitantes estrangeiros nos próximos anos, uma vez que o turismo brasileiro está em alta. 

Patrimônio histórico

A Cafeteria do Paço, localizada em Curitiba, fica em um prédio construído em 1916, tombado como patrimônio histórico, no qual funcionou a primeira sede da prefeitura. O estabelecimento se tornou um ponto turístico e de encontro dos curitibanos. Lá, é possível degustar os cafés especiais do Norte Pioneiro. “Fazemos questão de valorizar um produto paranaense, que é referência de qualidade”, conta Eduardo Scorsin. 

Ele ressalta que a cafeteria estabeleceu uma parceria com a Fazenda Califórnia, localizada no Norte Pioneiro, que fornece os cafés. Os grãos passam pela torrefação na Cafeteria Empório Café da Casa, em Jacarezinho, e chegam em Curitiba prontos para o consumo. Eduardo Scorsin explica também que para garantir a qualidade do cafezinho não basta investir em grãos especiais. “O barista está se desenvolvendo como o sommelier no universo dos vinhos. O bom café depende da qualidade da máquina e do conhecimento e da técnica do barista”. 

O especialista acrescenta que há um déficit de mão de obra de baristas em torno de 80%. E, com a intenção de aumentar a qualidade do café consumido no Paraná, o  Senac vai promover nos próximos anos cursos de capacitação de baristas para atender às necessidades do mercado de cafés especiais, cada vez mais aquecido.

Consumo interno

Para a coordenadora estadual de Agronegócios do Sebrae no Paraná, Andreia Claudino, a conquista da IGP pelos produtores do Norte Pioneiro é motivo de orgulho. “É o primeiro produto do estado a obter a identificação geográfica”, salienta. Ela explica que o selo interferiu na dinâmica do mercado local e que os paranaenses passaram a valorizar o café produzido na região. “A certificação difundiu o conceito de cafés especiais no mercado interno. Os paranaenses já reconhecem os atributos dos grãos e pagam mais por isso. Sem dúvida, nossos consumidores estão ficando cada vez mais exigentes.”

Ela comenta que após a conquista da IGP, a meta agora é a gestão da marca dos cafés do Norte Pioneiro para que os resultados sejam ainda melhores. “Cada ano que passa, aumenta a demanda por produtos certificados”. A IGP foi o resultado mais expressivo do projeto de Cafés Especiais, idealizado pelo Sebrae no Paraná e pela ACENPP, em 2006, que mostrou a nova realidade do mercado de cafés e norteou os agricultores para um novo modelo de produção. Antes focada na quantidade, a cultura do grão, no Norte Pioneiro, ganhou uma nova diretriz: a produção de cafés especiais. Hoje, o projeto conta com 300 produtores, divididos em 12 núcleos.

Novos horizontes

Andreia Claudino, do Sebrae no Paraná, destaca que a conquista da IGP pela ACENPP abriu caminhos para projetos de novas certificações. Atualmente, o Sebrae está avaliando outros 30 produtos com potencial para receber certificações internacionais. As certificações são uma das formas de entregar ao consumidor um produto de qualidade e com referência no mercado nacional e internacional.

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