Cresce a cultura empreendedora nos quatro cantos do Brasil

Cresce no Brasil a cultura empreendedora baseada na tecnologia e na inovação. E o que é mais importante: essa cultura tem se propagado para as cidades mais distantes do País. Essa é a principal conclusão da 27ª  Conferência Nacional da Anprotec, associação integrada por mais de 350 associados, entre incubadoras de empresas, parques tecnológicos, instituições de ensino e pesquisa, empresas públicas, entre outras.

O evento, que teve como tema central o “Empreendedorismo e inovação transformando cidades” terminou ontem (26), no Rio de Janeiro, e contou com a participação de mais de 800 pessoas, de 10 países diferentes, marcando os 30 anos da Anprotec.

O presidente da entidade, Jorge Audy,  ressaltou que a Conferência foi uma grande oportunidade para debater as necessidades e as transformações que já estão ocorrendo em muitas cidades brasileiras, por meio do empreendedorismo, da inovação e da tecnologia. “Não temos ainda um índice, não vai aparecer ainda em nenhuma pesquisa, mas na verdade, o ambiente de empreendedorismo, inovação e de novas tecnologias já está surgindo nas cidades, nos rincões mais distantes do País”, assegurou Audy.

Para ele, a principal missão da Anprotec ao reunir as diferentes empresas e entidades ligadas ao empreendedorismo é espalhar essa cultura para todos os cantos. “Só assim vamos ter um desenvolvimento econômico e social, duradouro e sustentável em todo o Brasil”, afirou.

O diretor do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, José Carlos Pinto, também coordenador local da Conferência, afirmou que uma sociedade só evolui se olhar com atenção para as atividades de inovação e empreendedorismo. “No mundo atual, a economia gira em torno do conhecimento. Um país que pretende avançar precisa pensar na qualidade dos produtos e dos serviços que oferece para a sociedade. O empreendedorismo e a inovação têm essa importante missão de embarcar mais tecnologia e mais conhecimento aos produtos e serviços”, sustentou.

Durante o evento foram apresentadas diversas experiências positivas de cidades que registraram desenvolvimento econômico e social, com a geração de novos empregos e renda a partir da construção e operação de pólos de tecnologia e inovação. Duas cidades tiveram destaque: Florianópolis e Rio de Janeiro. O que Israel está fazendo no campo da inovação e tecnologia também despertou o interesse dos participantes da Conferência.

FLORIANÓPOLIS COMO EXEMPLO

Florianópolis (SC) se consolida como um pólo de referência no país de empresas inovadoras, com base tecnológica. Com uma população em torno de 400 mil habitantes, a cidade abriga 900 empresas de software, hardware e  serviços tecnológicos, que geram perto de 10 mil empregos diretos.

As empresas de base tecnológica são responsáveis hoje por 12% do PIB de Florianópolis, superando a tradicional participação do turismo, sendo o segmento empresarial que mais arrecada impostos e fatura na cidade.

Todo este destaque se deve diretamente aos ambientes construídos para a geração e o desenvolvimento desses empreendimentos tecnológicos, como as incubadoras Celta e Midi Tecnológico,  os parques Alpha e Sapiens Parque e da participação direta das diferentes universidades, públicas e privadas.

O Sapiens Parque, lançado em 2006, localizado entre as praias de Canasvieiras e Jurerê, numa área de 4,5 milhões de metros quadrados, emprega 2 mil pessoas em cerca de 20 empresas  que utilizam 10 prédios. Para 2025, segundo previsão do superintende geral José Eduardo Fiates, só o Sapiens Parque vai abrigar uma centena de empresas de referência nacional e internacional, gerando 10 mil empregos diretos, com um faturamento anual das empresas superior a R$ 1 bilhão.

A VEZ DO RIO DE JANEIRO

Entre as grandes cidades, o Rio de Janeiro se firma como um dos celeiros mais amplos e desenvolvidos do País  para promover o surgimento de novas empresas com base tecnológica e inovadora.

O Distrito Criativo e Tecnológico Porto Maravilha, o Porto 21,  é um novo marco no desenvolvimento econômico e social da cidade. Uma área de 1,7 milhão de metros quadrados, situado no coração do Porto, está destinada a ser o ponto central da inovação de toda a cidade.

Outro ambiente de inovação muito importante no Rio é o Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No Parque, inaugurado em 2003, os alunos, o corpo técnico-acadêmico e as empresas transformam conhecimento  em empregos e renda, oferecendo produtos e serviços inovadores . Numa área de 350 mil metros quadrado, abriga centros de pesquisas de empresas inovadoras, laboratórios, uma incubadora de empresas e espaços para o desenvolvimento do empreendedorismo inovador.

Hoje estão instaladas no Parque 70 instituições, sendo 16 empresas nacionais e multinacionais  de grande porte, oito pequenas e médias, nove startups, 28 residentes da incubadora de empresas e nove laboratórios da própria Universidade.

Em seus mais de 20 anos de atividades, a incubadora do Parque já apoiou a geração de mais de 90 empresas, responsáveis pela geração de mais de 1.250 postos de trabalho altamente qualificados.  No ano passado, as startups residentes faturaram juntas mais de 12 milhões .

ISRAEL EM DESTAQUE

Israel é hoje um país de referência mundial pelos investimentos que fez e faz no empreendedorismo e em empresas de base tecnológica e inovadoras.

Com uma pequena área territorial, até 1967 Israel era apenas um exportador de laranjas.  A partir do final dos anos 60, dentro da universidade federal do país, localizada na cidade de Haifa, nascia o Instituto de Tecnologia de Israel (o Techion).

Foi a partir do Techion que começou a se irradiar por todo o país o empreendedorismo e a criação de empresas de tecnologia inovadoras. No início, a criação de novas empresas teve a direção da segurança interna, até por uma necessidade do país, envolto por países considerados inimigos e que fazem seguidas ameaças de bombardeios.

Assim é que Israel hoje domina todas as tecnologias do espaço aéreo. É o maior fabricante do mundo de satélites, foguetes, aviões especiais e drones. A microeletrônica e a medicina são também duas área de destaque. Na área médica, por exemplo, é produzido uma espécie de limpador de piscina colocado no paciente através da nanotecnologia (aparelhos diminutos, quase invisíveis) que examinam todo o corpo humano em busca de qualquer célula com sinal de doença. Os remédios também, pelas tecnologias de Israel,são aplicados na dose certa e com destino certo para curar uma pessoa.

A cada ano, pelo menos 4% de todo o PIB (Produto Interno Bruto) do país é destinado à pesquisa e ao desenvolvimento de novos produtos e serviços. Cada aluno, nos diferentes estabelecimentos de ensino, é estimulado a criar empresas. Um aluno chega a criar até 10 empresas por ano.

O vice-presidente do Technion, Boaz Golani, definiu bem o espírito de Israel no momento. “Não aceitamos não. A necessidade e a busca de novos desafios nos estimulam a seguir em frente. Quase sempre estamos fora da caixa. Procuramos fazer bem o que ninguém faz”.

 

 

Facebook
Twitter
LinkedIn