Os reflexos desta nova crise mundial que atravessamos é objeto de preocupação, mas não de desespero para o brasileiro. Isto porque estamos com uma boa reserva cambial, o que dá a tranquilidade necessária para que o governo tome as atitudes necessárias, entre elas, a principal deve ser o corte substancial nos gastos públicos, lembro que o exemplo vem de cima, e está mais que na hora do governo fazer um diagnóstico minucioso financeiro em todos seus setores.
Caso se queira realmente mudar para melhor progredir nossa economia é preciso tomar atitudes que convertam em benefícios para a sociedade como um todo. Por isso sempre lembro que mais grave que a crise é o analfabetismo financeiro de nossa população cujo efeito é visível e preocupante.
Também é importante que os governantes estimulem o consumo consciente, e principalmente a necessidade poupar. Temos que orientar melhor nossa população em consumir estritamente o necessário, nada de excessos, nada de supérfluos. Reunir os familiares, conversar sobre o momento vivido, estabelecer e priorizar os verdadeiros sonhos e objetivos, saber o quanto custam, quando guardar e em quanto tempo é o segredo para inibir o consumo não consciente.
Em períodos de crises como esse é que se torna mais importante que as pessoas mantenham a calma, tomando o controle de sua vida financeira, vendo qual é a real situação. Contudo, também é importante cortar gastos supérfluos, adequando a uma nova realidade de padrão de vida, realizando compras normalmente e, principalmente, continuando a realizar os seus sonhos.
Para quem hoje se encontra endividado, essa é uma ótima hora de negociar as dívidas negociá-las, caso não consiga tenha calma. Como fazer isso? A alternativa é se conscientizar da importância de mudar sua cultura e hábitos financeiros. Uma boa gestão financeira é fruto de uma série de pequenas ações e atitudes que levam ao controle das contas.
Assim, primeiramente deve-se elaborar um diagnóstico financeiro, registrar por 30 dias para onde está indo seu dinheiro e montar seu verdadeiro orçamento financeiro, com o domínio de seu dinheiro estará pronto para uma possível negociação com seus credores, mas todo cuidado é pouco, as prestações desta negociação deverão caber no orçamento. Caso não seja possível, seja honesto com seu credor e relate a real situação, pedindo mais algum tempo para saldar a dívida.
Para quem não está endividado, mas também não tem reservas, é hora de guardar dinheiro, para isso nada melhor de rever todos os gastos, normalmente de 20% à 30% do que uma família gasta são excessos, inclusive isso ocorre nos gastos essenciais como energia elétrica, água, telefones entre outros.
Também é importante que sempre que receber seus ganhos mensais, faça a reserva de parte do dinheiro para seus objetivos e sonhos, caso contrario não conseguirá mudar este ciclo vicioso do consumir primeiro e tentar guardar depois. Mas, para quem já possui dinheiro suficiente para realizar seu sonho de consumo, é um ótimo momento para realizar a compra a vista, fazendo uma boa pesquisa de preços e solicitando um bom desconto. Tenha a certeza que em quase a totalidade dos produtos e serviços existe uma margem de desconto a ser obtida, só é preciso perder a timidez e tomar a atitude. Mas compre somente o necessário sem exageros, lembre-se é um momento de se estruturar financeiramente e criar reservas para realizar futuros sonhos e desejos.
Um importante alerta; evite parcelamentos, mesmo dentro de um planejamento financeiro, pois as taxas de juros continuam extremamente altas. Assim, o grande segredo nesse momento é não entrar em pânico perante o cenário que alguns economistas apresentam. O cenário é preocupante, mas, é importante ter consciência que a crise também não será nenhum “fim do mundo”, que devastará tudo, é preciso cautela, atenção, muita disciplina e educação financeira.
Reinaldo Domingos é educador e terapeuta financeiro, presidente do Instituto DSOP, autor da primeira Coleção Didática de Educação Financeira no Ensino Básico (2011) e dos livros Livre-se das Dívidas (2011), Terapia Financeira (2007) e O Menino do Dinheiro (2008), todos pela Editora DSOP.