Dicas de 7 CEOs para startups atraírem aportes

Veja como o investidor pode se interessar justamente pela sua startup ao invés de outras e faça o mesmo caminho de outras que já receberam aportes

A todo momento vemos uma notícia falando sobre aportes, milionários ou bilionários, em startups ou fusões com empresas, que contribuem ainda mais para o desenvolvimento do mercado deste mercado. Em 2021, por exemplo, as operações de fusões e aquisições (M&A, sigla em inglês) já movimentaram US ﹩3,9 bilhões, número que representa 111% do total de 2020. Mas no meio desse movimento todo você já parou para olhar o outro lado aporte? O que fez o investidor se interessar justamente por essa startup ao invés das outras? Qual o caminho as startups seguem para receber o investimento?

Pensando na resposta para essas perguntas, reunimos um time de CEOs que recebeu aportes recentemente, e que estão na busca do próximo, para comentar o outro lado do aporte e dar dicas aos empreendedores que sonham em receber o tão sonhado investimento para alavancar seu negócio (e quem saber se tornar um unicórnio, porque não?).

Foto: Ricardo Matsukawa

Eduardo Carone, Atlas Governance

“É muito importante estar atento ao ‘Smart Money’, este é o dinheiro acompanhado de experiência e conhecimento. Ele pode ser de grande utilidade para seu negócio e existem muitas formas de extrair valor real de determinados investidores. Esses três perfis explicam bem. Investidores que são o seu ICP (Ideal Customer Profile): ter investidores anjo da sua área de atuação pode te ajudar a desenvolver seu negócio e trazer vários insights. Investidores que realizam algo que você pretende fazer: se a meta é internacionalizar sua marca, ter investidores que já passaram por isso pode te ajudar a evitar erros. Investidores que entendem a regulação do mercado: se você está no mundo dos cosméticos, da bolsa de valores, ou bancário, precisa entender a movimentação deste nicho e como conquistar seu espaço e solidez. Um investidor que tem experiência prática vai encurtar seu caminho rumo ao topo. Então, se tiver a possibilidade, escolha sabiamente quem vai acompanhá-lo nesta jornada.”

Marco Zanatta, AprovaDigital

“A jornada do empreendedor rumo ao aporte não é estilo o programa Shark Tank, em que você chega, faz o pitch e sai com investimento (risos). Existem etapas a serem concluídas para você conquistar o sonhado investimento e não há como pular nenhuma. O venture capital gosta de dar dicas, acompanhar e mentorear. O nosso caso comprova isso. Conversamos com a Astella Investimentos por uns dois anos antes de apresentar a nossa proposta. Para fecharmos o acordo, ainda levou mais três anos. Se você construir um negócio robusto, organizado e com o foco no aporte, é meio caminho andado. O outro acontece naturalmente”.

Maurício Trezub, Omnichat

“Isso depende muito do estágio em que a empresa se encontra. Para as rodadas iniciais, é preciso mostrar para os investidores que você construiu um produto ou serviço que resolve alguma dor latente de um grande segmento, mostrando a relevância e o potencial da sua startup. Se você conseguiu chegar em um estágio mais avançado, significa que sua empresa tem uma máquina de vendas e implantação tracionada, além de crescer de forma escalável. Se além dessa máquina você tem uma margem acima de 70%, com certeza não terá dificuldade em conseguir investidores para a sua empresa. Minha dica é: se você precisa deste dinheiro, inicie as rodadas de captação com, no mínimo, 6 meses de antecedência”.

Cristiano Rocha, cofundador da BizCapital

“Não basta você ter um bom negócio. É preciso convencer outras pessoas disso. E é aí que entram as técnicas de storytelling (ou contagem de histórias). É fundamental criar uma narrativa que não só passe a sua ideia, mas, acima de tudo, cative a sua audiência. Poucos empreendedores realmente se dão conta da importância dessa competência e que ela pode, sim, ser desenvolvida. Também é importante praticar o máximo possível a sua história para que ela fique cada vez mais afiada. Um livro que pode ajudar muito nesse quesito é o ‘Ideias que Colam'”.

Thomaz Guz, Nomah

“Trazendo um pouco a parte mais técnica, antes de tudo, é muito importante que você tenha um entendimento do mercado. Saber qual é o potencial do mercado, tanto no curto, médio e longo prazo. Ter um propósito muito claro, sempre alinhado ao mercado e com potencial de resultado é fundamental. O que também poderá ser bastante atrativo é você ter um time bem consistente. Em momentos iniciais em que, provavelmente, a empresa não tem um histórico de resultados, para saber qual a capacidade de execução dos empreendedores, o seu time será avaliado. Mas, dependendo do estágio da empresa, apresentar os resultados gerados e como o produto foi comprovado para o mercado também será um diferencial. Por fim, acredito que ter uma visão econômica muito clara, mensurando a oportunidade de contribuição do seu produto, além de avaliar a margem de lucro e potencial de crescimento do negócio como um todo, poderão contribuir para que a sua empresa receba o investimento”.

Brian Requarth, Latitud

“O primeiro passo é ter clareza de quem são os prováveis investidores da sua causa. É muito importante fazer uma análise prévia para não perder tempo com quem não tem potencial para ser seu investidor. Quando começamos nessa jornada, normalmente você acaba falando com muitos investidores, mas o mais importante é investir em um discurso denso, que conte os seus diferenciais, pois isso acaba criando uma dinâmica e aumenta a sua tração na rodada com as pessoas certas. Se estiver buscando levantar capital bem cedo, ou seed, o melhor é falar com investidores anjos, pois o relacionamento com eles é de muito aprendizado, de troca de experiências, e se a iniciativa tem interesse de anjos, é um bom sinal para os investidores, aumentando a sua credibilidade perante ao mercado. E para finalizar eu falaria com outros investidores que não fossem os ideais, focando mais em falar com tier 2 ou 3, para aprender mais detalhes de como melhorar o seu pitch e ter mais desenvoltura para que quando você procure os que têm mais “fit” o seu discurso já esteja redondo e mais assertivo”.

Vitor Asseituno, presidente e cofundador da Sami

“Costumo dividir as dicas em cinco etapas. A primeira é adquirir experiência. Os melhores fundos percebem quem já adquiriu conhecimento com a prática e, por isso, é tão comum que mesmo empreendedores que quebraram antes consigam levantar capital com os melhores fundos. É na dor que o aprendizado fica ainda mais bem gravado em nossa memória. A segunda é rodear seu negócio com pessoas que possuem conhecimento do mercado e que estejam ligadas a nomes de credibilidade. Depois, uma boa rede de relacionamentos é fundamental para o crescimento do seu negócio. Em quarto lugar, levanto três pontos: quantidade – quanto mais pessoas você falar, mais fácil encontrar um investidor, processo – cuidar dos processos de forma correta pode evitar que você deixe um e-mail importante sem resposta e materiais – entender preços, custos e vendas e estudar o mercado te permite criar apresentações mais convincentes. Por último, ter um propósito te faz enxergar aonde você quer chegar e driblar todas as adversidades para chegar no seu objetivo”.

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