Por Paulo David, CEO da AmFi*
Nas últimas semanas, um nome tem ocupado os holofotes nos cadernos de economia de todo o país: o DREX. Mas você sabe o que ele realmente representa? Em agosto deste ano, o Banco Central (BC), responsável por essa inovação, revelou que o Real Digital será oficialmente denominado DREX. Cada letra desse acrônimo representa uma característica fundamental dessa nova tecnologia: D para Digital, R para Real e E para Eletrônica. Mas o que o “X” significa? Além de simbolizar modernidade e conexão, o “X” foi escolhido para homenagear o PIX, um sistema de pagamentos instantâneos que revolucionou as transações financeiras em 2020.
O DREX, na prática, representa a evolução do Real para o ambiente digital. Isso significa que, além das tradicionais notas físicas que conhecemos, o Real passará a existir também de forma digital, acessível através de carteiras digitais mantidas por instituições financeiras. O DREX, categorizado como CBDC (Central Banking Digital Currency), é a próxima etapa na evolução do papel-moeda.
Mas como exatamente o DREX será utilizado? Embora ainda esteja em fase de testes, a expectativa é que seja lançado em 2024. O Banco Central planeja que essa nova moeda possa ser utilizada para realizar operações financeiras já existentes, como investimentos e empréstimos, e a grande vantagem é que as operações com o DREX devem ter custos mais baixos, tornando-o acessível a uma parcela maior da população.
A ideia é que o DREX seja utilizado em transações em ambientes digitais por meio de carteiras online em instituições financeiras ou plataformas de pagamento, e que ele também impulsione o desenvolvimento de outras tecnologias financeiras, como contratos inteligentes e dinheiro programável.
É importante destacar que, ao contrário do PIX, que é um sistema de transações instantâneas, o DREX é a própria moeda. A intenção é que o DREX possa ser transacionado via PIX, mas suas funções vão muito além disso. O Banco Central acredita que o DREX terá um impacto profundo no sistema financeiro brasileiro, devido à sua abordagem abrangente.
Em relação aos custos e segurança, o DREX é uma moeda regulamentada e emitida pelo Banco Central, com a principal intenção de proporcionar maior segurança aos usuários. O processo de criação dessa moeda tem passado por rigorosos testes para garantir a privacidade nas operações. Embora o Governo Federal não deva cobrar pelo uso do DREX, as instituições financeiras poderão estipular tarifas ou taxas de serviço, semelhante ao que acontece com o dinheiro em espécie.
É importante ressaltar que o DREX não substituirá completamente o dinheiro em espécie. Ele funcionará como uma facilitação das transações e operações financeiras, possibilitando a conversão entre dinheiro virtual e físico, sem diferenças financeiras entre eles.
Ao anunciar o lançamento do DREX, o Banco Central enfatizou sua missão de reduzir os custos das operações bancárias e democratizar o acesso da população ao sistema financeiro. A expectativa é de que essa moeda digital melhore a eficiência do mercado de pagamentos de varejo, promovendo competição e inclusão financeira para aqueles que ainda não têm acesso a serviços bancários tradicionais.
Além disso, o DREX deve integrar ativos financeiros em sua infraestrutura, como debêntures, títulos de crédito e ações. A adoção dessa nova tecnologia pode trazer mais agilidade, rentabilidade e produtos financeiros atrativos para emissores e investidores.
Em um cenário em que o Brasil busca se posicionar na vanguarda do mercado financeiro, o DREX se insere como uma peça fundamental dessa transformação liderada pelo Banco Central. Assim como o PIX, o DREX deve revolucionar a estrutura e a organização do mercado financeiro brasileiro, com impactos significativos, especialmente no mercado de capitais privado, oferecendo oportunidades de desenvolvimento e inovação.
*Formado em Direito pela PUC-SP e pós-graduado em Administração de Empresas pelo Insper, Paulo David fundou e atuou como CEO da Grafeno Digital, empresa líder em tecnologia no mercado financeiro, com mais de 6 mil clientes PJ e R$ 180 bilhões transacionados na plataforma, além de ser uma das maiores infraestruturas do mercado financeiro. Também foi fundador da Biva, uma das primeiras e mais inovadoras fintechs do Brasil, comprada pela PagSeguro, parte do Grupo UOL. O executivo ainda acumula passagem pela indústria de venture capital, além de ter sido associado do Pinheiro Neto Advogados e investir em diversos projetos inovadores no Brasil e fora do país. Atualmente é CEO e cofundador da AmFi, fintech que desenvolveu uma plataforma que conecta originadores a investidores globais por meio de conjuntos de contratos inteligentes e estruturas jurídicas.