De acordo com a edição especial do relatório "Economia Brasileira em Perspectiva", divulgada pelo Ministério da Fazenda nesta terça-feira (15), o Brasil deverá ter crescimento anual entre 5% e 6,5% dentro dos próximos quatro anos. Tamanho avanço, segundo o relatório, deverá ser impulsionado pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"As medidas macroprudenciais, em conjunto com a consolidação fiscal, devem possibilitar que a economia siga em crescimento sem descompasso entre oferta e demanda. (…) O PAC será o carro chefe da expansão econômica do País no período 2011 – 2014", destacou a Fazenda, que estima um crescimento do PIB de 5% para 2011, 5,5% para 2012 e 6,5% para os dois últimos anos.
Vale destacar que, entre 2007 e 2010, o PAC mobilizou mais de R$ 500 bilhões nas áreas de energia, saneamento, recursos hídricos, transporte e habitação. Agora, após o anúncio do PAC 2, o governo espera que este montante alcance 24% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional até 2014.
De acordo com o documento, embora os resultados negativos da demanda externa líquida (exportações menos importações) reduzam o crescimento do PIB, eles contribuem para a ampliação da capacidade instalada do País, visto que 22,6% do valor das importações são de bens de capital, com expansão de 38% entre 2009 e 2010.
Inflação deve convergir ao centro da meta em 2012
No que se refere à inflação, o relatório da Fazenda revela a perspectiva de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – medida oficial da inflação brasileira – atinja os 5% em 2011 e 4,5% em 2012. Em 2010, o IPCA teve avanço de 5,9%, impactado pelo aumento do preço do álcool, açúcar, transportes e educação, além do avanço nos preços das commodities.
"O mundo vive um momento de instabilidade monetária, impulsionado pela inflação dos preços dos produtos básicos e pela crise do norte da África e Oriente Médio. O preço das commodities tem acelerado, sobretudo devido aos problemas climáticos, aos aumentos nos custos de produção e à maior demanda mundial. (…) Ainda assim, a inflação subiu proporcionalmente menos no Brasil do que na maioria dos outros países, mantendo-se dentro dos limites das metas estabelecidas para 2010 e 2011", disse a Fazenda.
O relatório do governo avalia que, após forte elevação no último trimestre de 2010 e janeiro e fevereiro de 2011, o IPCA caminha para um movimento contrário em março e abril, em função da redução dos preços de vários alimentos e do término do efeito das tarifas de ônibus e das mensalidades escolares.
Solidez fiscal
Para este ano, a perspectiva do Ministério da Fazenda é de que a dívida líquida atinja o menor nível dos últimos 14 anos. De acordo com o documento, o governo federal manteve sua estratégia de diversificação dos indexadores da dívida pública, ampliando a participação de papéis pré-fixados e dos atrelados aos índices de preços. Assim, a dívida pública, que era de 62% do PIB, recuou para 55% do PIB em 2010, devido à redução do volume de operações compromissadas do Banco Central ao longo do ano.
Ainda dentro das projeções da Fazenda para a política fiscal, é esperado um resultado primário de 3% do PIB para o setor público consolidado em 2011, com crescimento de 5% do PIB e taxa real de juros de 6% ao ano. Já a relação dívida/PIB, que chegou a 40,4% em 2010, deverá fechar este ano aos 37,8%.