Oito palcos alternando 90 diferentes palestras, feira com 50 expositores e mais 120 startups em diferentes estágios interagindo com 6 mil participantes
Olho no olho, aperto de mão e muito compartilhamento de informações. Mesmo num universo cada vez mais digital e com um ecossistema de inovação consolidado, um evento presencial ainda faz muita diferença para fechar negócios e trocar experiências. A quinta edição do Startup Summit demonstrou isso, reunindo 6 mil participantes nos dias 4 e 5 de agosto, no Centrosul, em Florianópolis (SC), sendo que 40% vieram de outros estados. Organizado pelo Sebrae, em parceria com a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), o Startup Summit também oportunizou gratuitamente a versão virtual, com 20 mil inscritos.
Para quem conseguiu uma vaga e pode acompanhar de perto algumas das palestras nos oito palcos disponíveis, as atividades nos estandes dos 50 expositores ou conhecer algumas das 120 startups que apresentavam seus negócios, a oportunidade foi única. Dois participantes que vieram de São Paulo nos contaram que estão iniciando no empreendedorismo e organizaram antes as trilhas de palestras que queriam seguir, mas aproveitaram também os intervalos para conhecer outros negócios, ferramentas e soluções que poderiam servir para a empresa.
Aos iniciantes como eles, o investidor e conferencista João Kepler, da Bossa Nova Investimentos deu recados importantes na sua palestra no primeiro dia, em especial que é preciso focar em nichos e resolver problemas para garantir o lugar no mercado. Numa entrevista concedida à Empreendedor, Kepler ressaltou que já investiu em 1526 empresas em sete anos, sendo que são mais 15 por mês, devendo fechar este ano com 1700 empresas na carteira. “A estatística mostra que 50% das empresas fecham em dois anos, na Bossa Nova esse índice não passa de 6% e isso se deve a análise, acompanhamento pós investimento e amadurecimento do mercado”, contou.
Entre tantas pessoas indo e vindo, Alexandre Souza, gestor do projeto Startup SC, do Sebrae Santa Catarina e coordenador do Startup Summit, pilotava uma pequena bicicleta elétrica para poder se deslocar com a bota ortopédica na perna esquerda, resultado de um incidente uma semana antes jogando basquete. Feliz com o sucesso do evento, ele ressaltou a importância de ver os empreendedores ajudando outros empreendedores. “Nosso papel é justamente esse, impulsionar, dar os caminhos, promover networking e juntar num mesmo espaço a informação mais atual dos grandes players e a possibilidade das pequenas e microempresas mostrarem seus negócios inovadores”, concluiu.
Mudança de mentalidade
Desde a palestra de abertura, com Camila Farani, , sócia-fundadora da boutique G2 Capital, investidora do reality Shark Tank e uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina segundo lista da Bloomberg Línea, até a última fala do evento com Thiago Nigro, criador do canal Primo Rico com 5,8 milhões de seguidores, foi possível enriquecer os conhecimentos e levar pra casa ou para as empresas preciosas informações a respeito do ecossistema de inovação.
A vice-presidente de vendas da Microsoft para clientes corporativos, startups, pequenos e médios, Andréa Cerqueira, fez uma apresentação da transformação da cultura da empresa. “Quando começou, em 1975, a missão da Microsoft era ter um PC em cada lar. As mesmas coisas que nos impulsionaram lá trás, inovação e mudar o mundo, continuam impulsionando hoje. Mas com mudanças significativas na gestão, sem perder uma base sempre importante que é o ecossistema de parceiros”, contou, destacando o ano de 2014 como uma virada e a entrada de um novo CEO Satya Nadella, sucedendo Steve Ballmer. “Ele quis definir uma nova missão, que é empoderar toda pessoa e toda a organização a alcançar mais, ou seja, fornecer o melhor ferramental para esse crescimento”.
E os temas variaram para conseguir alcançar todas as expectativas dos participantes, incluindo o cenário econômico, político e a conjuntura mundial que impacta na realização dos negócios. A apresentadora da CNN Brasil, Gabriela Prioli, por exemplo, fez uma palestra com o título “Menos emoção e mais razão” e apresentou de forma didática o cenário político e como se constrói narrativas neste meio que influenciam diretamente os investimentos. O presidente do Sebrae Nacional, Carlos Meles, aproveitou sua fala na abertura e fez um resgate dos 15 anos de implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e como isso ampliou as possibilidades de crescimento do segmento em todo o país.
O palestrante Chris Yeh, coautor do best-seller “Blitzscaling”, surpreendeu o público com informações que mostraram as técnicas fundamentais para aumentar a escala de vendas, com exemplos das gigantes mas que servem para as startups que estão iniciando ou em estágios de desenvolvimento.
Muitos temas atuais, palavras novas para acrescentar ao vocabulário e diferentes possibilidades de pensar o futuro dos negócios. Esse pode ser um breve resumo para começar a organizar as ideias e implementar algumas delas a partir da próxima semana para todos os empreendedores que puderam acompanhar este grandioso evento que promete ainda mais novidades para a edição de 2023.