Temos acompanhado na mídia o mal-estar visível nos pronunciamentos de líderes de Estado, tentando explicar a divulgação não autorizada de informações privadas de pessoas e países. Sob o pretexto de que o monitoramento é para a proteção aos cidadãos, parece não haver barreiras que garantam a privacidade de ninguém na face da Terra.
Tal grau de intromissão na vida alheia não seria possível sem os avanços tecnológicos dos quais dispomos hoje. Agora imagine o grau de monitoramento que será possível nos próximos anos, viveremos todos num grande Big Brother monitorados 24 horas por dia em tudo que fizermos?
Esta discussão também permeia os ambientes empresariais. Os dados se avolumam e por mais que ainda não tenhamos capacidade analítica para entender tudo que eles podem nos mostrar, hoje o varejo tem como saber os hábitos de consumo de uma pessoa, suas opiniões, as fases de sua vida, como ela circula por um ponto de venda e até em que partes da embalagem de um produto o seu olho se fixou e por quanto tempo, dentre outras tantas coisas que podemos observar.
Todos que usam GPS sabem que sua localização pode ser monitorada e conhecida a qualquer momento. Até que ponto o armazenamento destes dados é feito? Como estes dados podem ser utilizados para influenciar nossos comportamentos e decisões futuras?
Você gostaria de entrar numa loja e ter o seu trajeto e permanência todo rastreado e mapeado ponto a ponto? Se lhe perguntassem você daria permissão para isto?
A questão é mais ampla que uma simples coleta de dados, até que ponto é ético o monitoramento e armazenamento de informações pessoais? Qual o limite da privacidade de cada indivíduo?
Sabemos o quanto é importante nos dias de hoje entender os comportamentos anteriores dos clientes, suas preferências e necessidades, principalmente as necessidades ocultas, que nem a própria pessoa pode ter detectado ainda. Existe muito dinheiro a ser ganho no entendimento destas informações e as marcas estão de olho em novas oportunidades de negócios que estejam emergindo deste “mar de dados”.
A novidade é que não só as empresas estão de olho no dinheiro que estas informações podem trazer. Os consumidores já perceberam o poder que tem nas mãos e estão dispostos a negociar sua privacidade. Recente enquete feita pela nVision Research mostra que um em cada dois consumidores globais dariam acesso às suas informações de compras anteriores em troca de descontos. Ou seja, metade das pessoas falam: “Sei que estas informações são importantes e estou disposto a fornecê-las em troca de alguma vantagem.”
O que pensará a outra metade dos entrevistados? Será que eles não se importam em ter suas informações conhecidas e não cogitariam fornecê-las nem por dinheiro?
As questões estão postas e a calibragem do limite do quanto poderemos entrar na intimidade das pessoas continua uma incógnita!