Líderes de empresas como Wayra Brasil, banco BV, Elgin, OMO Lavanderia, Cielo e Eventim revelam o que 2023 ensina para o ecossistema empreendedor para o ano que vem
O ano de 2023 foi desafiador para o ecossistema empreendedor. Juros altos, recuperação lenta da economia e a baixa de investimentos para as startups foram alguns dos obstáculos enfrentados. Tudo isso fez com que os líderes tivessem que ter maior resiliência e realizar uma gestão financeira mais acurada para manter as empresas competitivas no mercado.
Para 2024, a estimativa do Banco Central é que a Selic, a taxa básica de juros, caia de 11,75% para 9,25%, o que deve refletir positivamente para os negócios, embora a projeção ainda seja mais conservadora.
Em um cenário de grandes desafios, executivos C-Level de grandes corporações contam como avaliam o ano de 2023 e quais lições ele deixa para 2024. Confira a seguir:
Wana Schulze, Head of Investment & Portfolio da Wayra e Vivo Ventures
Para Wana Schulze, Head of Investment & Portfolio da Wayra e Vivo Ventures, 2023 foi um ano difícil para o mercado por conta da alta taxa de juros na economia e do momento do Venture Capital e Private Equity estarem mais conservadores, mas que deixou lições para quem busca empreender, especialmente em momentos adversos. “Muitas startups fecharam as operações por falta de funding e outras acabaram se consolidando com M&As para continuarem operando, no entanto, vejo uma resiliência em empreendedores que fizeram boas gestões de caixa, com disciplina financeira. Muitos conseguiram focar no que realmente importa: desenvolvimento de produtos e teste aos clientes, para construir produtos e soluções que tenham market fit. O mercado está se recuperando aos poucos, e em 2024 devemos ver mais deals acontecerem no segundo semestre, com uma tendência de melhora para os próximos anos, acredita Wana.
A Head também pondera que, na contramão do mercado, para Wayra e Vivo Ventures 2023 foi um ano ativo. “Fizemos diversos novos investimentos, construímos produtos com empresas do portfólio, fizemos saídas com bons retornos e fizemos dois follow on. Aumentamos o time e nos preparamos para gerar mais valor para Vivo e para os fundadores nos anos subsequentes. Para 2024, queremos continuar a impactar o ecossistema empreendedor, trazer novas receitas para a Vivo, acessar novas tendências e adicionar valor aos fundadores”.
Ricardo Sanfelice, diretor executivo de Clientes, Produtos e Inovação do banco BV
“Este ano ficou marcado por ser um dos mais complexos na última década para o ecossistema empreendedor, principalmente devido à restrição de capital a ser investido. Com isso, os investidores naturalmente priorizaram teses mais consolidadas e com foco em crescimento sustentável, com modelos mais claros de monetização. O aprendizado que fica é que será preciso se provar antes de apostar em tendências para crescer e tracionar ou escalar qualquer negócio. Já para 2024, embora as perspectivas sejam mais positivas, ainda veremos uma certa cautela do mercado, devido às incertezas macroeconômicas. No entanto, ainda há muito espaço para teses com propostas de valor claras e alavancadas por times empreendedores competentes. A qualidade da liderança e seus times será cada vez mais decisiva no sucesso delas”.
Patricia Lima, Diretora de Bens de Consumo da Elgin
Já para Patricia Lima, Diretora de Bens de Consumo da Elgin, empresa que atua nos setores de bens de consumo, ar-condicionado e eletrodomésticos, energia solar, refrigeração comercial e automação comercial, o ano de 2023 foi de grandes desafios. “Com um histórico de crescimento acima da média da economia nacional nos últimos dois anos, principalmente, no segmento de material de construção, em que as pessoas estavam dentro de suas casas e usavam seu tempo e investimento para reforma destas moradias, foi preciso acompanhar ainda mais as tendências de mercado e diversificar produtos para pulverizar a marca”, explica a diretora.
Com a nova realidade pós-pandemia, “todo time comercial e nossos clientes tiveram que se reinventar com novas estratégias para alcançar os resultados. Para 2024 vejo com otimismo e os crescimentos projetados dentro da nova realidade de mercado”, afirma Patricia.
Teo Figueiredo, CEO de OMO Lavanderia
O ano de 2023 foi marcado por complexidade, incerteza e volatilidade, mas também por oportunidades para quem soube se reinventar e inovar. Mesmo com o patamar de juros elevados e um alto custo de capital, foi possível trazer para rede novos franqueados que apostaram no modelo de negócio da OMO Lavanderia. Outro exemplo relevante foi a aceleração do modelo das lojas Self Service da marca, um modelo inovador, apoiado e fundamentado em tecnologia que é hoje o segmento com maior crescimento dentro do universo de lavanderias.
“Para 2024, a minha lição é: não tenha medo de mudar. O mundo está em constante evolução, e nós precisamos estar preparados para as mudanças. Isso passa por transformações do negócio, mas também das pessoas. Por isso considero tão importante a constante capacitação dos empreendedores e dos times”, avalia.
Patrícia Coimbra, Vice-presidente de Gente, Gestão e Performance da Cielo
Diante dos desafios enfrentados ao longo deste ano, Patrícia Coimbra, Vice-presidente de Gente, Gestão e Performance da Cielo, destaca a importância da empatia assertiva para a cultura empresarial e a relação com os clientes para 2024.
Ela reforça o papel das Soft Skills na criação das diretrizes e engajamento entre as pessoas nas organizações. Para ela, a empatia assertiva é um fator determinante. É necessário entender que ninguém entrega nada sozinho e tudo que fazemos impacta outra pessoa.
Na Cielo, o crescimento mútuo é observado com o investimento em capacitação e na contratação de talentos. Além de oferecer as ferramentas necessárias, a coletividade e o diálogo são pontos que fazem a diferença no dia a dia do negócio. “Para o próximo ano, o aprendizado que fica é cultivar um ambiente colaborativo, com uma estrutura acolhedora, porque se a gente não tem essas capacidades dentro da empresa, a gente não vai conseguir gerar o valor necessário para o nosso cliente”, comenta Patrícia.
Outro destaque quando se trata de empatia assertiva é a evolução do tema de ESG em 2023 e como deve ser um tema para ser explorado ainda mais em 2024. “Fica cada dia mais claro a interconectividade de todas as nossas ações, e que, o efeito do que fazemos dentro da empresa influencia diretamente o desenvolvimento do nosso entorno com impacto em nossos stakeholders. Quando falamos de ESG, naturalmente pensamos nas práticas ambientais, sociais de governança que estão integradas ao nosso negócio, e se em 2023 vivemos muitos avanços neste campo, com ações práticas e estruturantes sendo realizadas, quando olhamos para 2024, vislumbramos novas altitudes, acelerando e impulsionando o impacto que é esperado por nós juntos com a sociedade, em especial quando pensamos em empreendedorismo, diversidade, educação e inclusão socioprodutiva”.
Jorge Reis, CEO da Eventim no Brasil
Jorge Reis, CEO da Eventim Brasil, explica que logo que 2023 chegou, a expectativa era que o ano não fosse tão animador em relação à economia e também para o setor de eventos de entretenimento, devido à expectativa de um refluxo natural da demanda. Porém, aconteceu exatamente o contrário, e em uma espécie de retrospectiva, o executivo afirma que foram meses positivos com a volta dos grandes shows para o Brasil, fazendo com que o país entre na briga entre os mais relevantes neste quesito.
Para 2024, essa ainda será uma tendência, e a expectativa é que seja ainda melhor para o segmento. “As turnês internacionais vieram pra ficar, e elas vem nos trazendo ensinamentos importantes, como o foco na segurança e bem-estar dos fãs, por exemplo. Aqui na Eventim, sempre tivemos essa preocupação, e 2023 foi um ano de muito aprendizado, mostrando a necessidade de pensar em medidas rápidas quando se trata de questões que tangem essas temáticas”, explica Jorge.
Para Jorge, 2024 chegará com o desafio de fazer com que o setor precise se adaptar principalmente a aspectos relacionados a fatores climáticos. “Os grandes players de entretenimento precisam estar preparados também para enfrentar ondas de calor e tempestades no Brasil, que serão ainda mais presentes”, completa.
Na foto em destaque, no alto, da esquerda para a direita, Wana Schulze (Wayra e Vivo Ventures); Ricardo Sanfelice (banco BV) e Patricia Lima (Elgin). Embaixo, da esquerda para a direita, Teo Figueiredo, (OMO Lavanderia); Patrícia Coimbra (Cielo) e Jorge Reis (Eventim)