*Marco Oliveira é especialista em gestão estratégica de negócio com foco em Go-To-Market e sócio-fundador da O4B, empresa especializada em consultoria e soluções corporativas.
O conceito ESG, que aborda os aspectos Ambiental, Social e de Governança das empresas, tem tomado os espaços corporativos e ganhado muita atenção em eventos e palestras que mostram que, definir as operações como socialmente responsáveis, sustentáveis e corretamente gerenciadas é urgente e essencial. Porém, podemos notar que há um uso descontrolado da sigla, principalmente por corporações que visam trabalhar a boa imagem em ações de marketing, mas que, nem sempre, as práticas existem de fato.
Boas práticas ESG têm que estar no DNA da empresa. Não importa se ela é pequena, média ou grande. Para isso, é preciso estudar sobre o assunto, entender o que é para traçar um planejamento de como implementar essas ações de acordo com a sua estrutura de negócio. A verdade é que o conceito ESG já existia, apenas não tinha ganhado a representação da sigla. Várias empresas no mundo atuam há anos focadas em implementar projetos sociais e ambientais, afinal, uma boa governança vai sempre olhar para os colaboradores e a comunidade.
No entanto, ainda há muito o “fazer de conta que é ESG”, o “fazer de conta que a empresa se preocupa com questões socioambientais”. E isso, que pode, num primeiro momento, parecer uma ótima estratégia para a imagem da marca, na verdade, acaba por prejudicar a reputação.
Não há como “fazer de conta” que há transparência na governança corporativa. Ou você trata isso de maneira correta ou será fácil identificar que a sua companhia não possui uma boa estrutura, pois cada vez mais pessoas estão se apropriando de conteúdos para entender o tema e a importância desse assunto, entre elas, os consumidores. Ou seja, se você tem uma empresa que polui, que tem um impacto social negativo, e não toma atitude para eliminar ou minimizar esses impactos, a margem e a marca serão prejudicadas, pois há sempre quem analisará estes quesitos para tomar sua decisão de consumo.
Para comprovar a importância do tema, um estudo realizado pela agência de pesquisa norte-americana, Union + Webster, divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná, revelou que 87% da população brasileira prefere comprar produtos e serviços de empresas sustentáveis, e 70% dos entrevistados dizem que não se importam em pagar um pouco mais por isso. A nova geração está atenta quanto às práticas de ESG e ciente do quanto elas impactarão na forma de consumir e trabalhar.
Aos empresários e empreendedores, oriento que a primeira ação realizada seja estudar, para entender o grau de complexidade e aplicação do ESG. A segunda coisa a fazer é um benchmarking, buscando as referências das melhores práticas de gestão. Após, veja como isso funcionará dentro do seu negócio e, se for necessário, contrate um especialista em ESG para verificar as possibilidades de melhorias e o que pode ser feito para aprimorar a governança.
Acredito que, ao longo dos anos, a sigla passará por ajustes, afinal, estamos num mundo de constantes e rápidas mudanças. Mas a relevância do tema continuará presente. Por isso, afirmo que ESG não é uma moda, uma tendência, muito menos uma estratégia de marketing. ESG é um conceito que deve ser compreendido e colocado em prática de verdade. Se não fizer isso agora, no futuro, sua marca certamente sofrerá com as cobranças e consequências das escolhas que você faz hoje.