Fórum Econômico Mundial e aprendizagem corporativa: é preciso requalificar

Por Juliana Neumann, gerente de projetos na Springpoint*

O último relatório do Fórum Econômico Mundial intitulado The Future of Growth (O futuro do crescimento, na tradução do inglês), lançado em janeiro de 2024, aponta um olhar para o futuro da economia, sociedade e comunidades globais com base nas decisões e ações que estamos tomando como organizações e governos nos dias de hoje.

Entende-se que o crescimento econômico ainda é peça chave para o desenvolvimento e a qualidade de vida, mas também percebe-se que, cada vez mais, a economia precisa caminhar junto a outros olhares e iniciativas, uma vez que os modelos de distribuição de renda, crescimento e geração de valor que praticamos hoje são limitados e pouco sustentáveis. Neste sentido, relatório prevê queda no crescimento da economia mundial por três fatores principais:

  1. Envelhecimento da população e dificuldade de países e corporações em encontrar estratégias para mitigar impactos.

  2. Queda de investimentos ainda como resultado de uma crise econômica e financeira agravada pela pandemia.

  3. Mudança climática que, ao mesmo tempo em que é um desafio devido aos impactos profundos que poderá causar em todos os setores, também pode ser oportunidade à medida que demanda novas soluções e tecnologias.

Estas projeções impactam diretamente o ambiente corporativo à medida em que falamos de uma população envelhecida e ao passo em que se acelera a chegada de novas tecnologias. Então, como ficam as relações de trabalho? Existem consequências diretas em automação e substituição de funções, principalmente com a popularização da IA Generativa, mas também uma demanda por novas funções que podem se relacionar com as evoluções digitais e tecnológicas ou com soluções para endereçar os problemas listados acima. Pensando nisso, as lideranças organizacionais começam a colocar um importante tema na mesa de discussões: a escassez de talentos.

Keiko Mori, Líder de Produto para Search Ads no Google, sintetiza bem esse novo cenário: “Não pense que a transformação digital é sobre tecnologia… é sobre pessoas”.

Neste contexto, estratégias de requalificação da força de trabalho por meio de programas de aprendizado e educação corporativa são urgentes. Estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas precisarão ser requalificadas na próxima década. No Brasil, o desafio é agravado pelas assimetrias educacionais. A necessidade de capacitar a força de trabalho é crucial, devido às desigualdades socioeconômicas que temos em nosso país.

O papel das empresas vai além dos limites tradicionais e envolve a formação de parcerias com redes estendidas, como universidades, comunidades e parceiros de negócios, não apenas para expandir a capacitação, mas também para contribuir para a formação de consumidores e mão de obra qualificada. Um pensamento ecossistêmico baseado em conexões e parcerias entre diversos atores (governo, academia, escola) é necessário para endereçar esses desafios, pois envolvem não apenas a força de trabalho empresarial, mas aspectos mais profundos da sociedade como um todo.

De acordo com o relatório do LinkedIn, The Future of Work, lançado em novembro, as habilidades emergentes para o trabalho são: pensamento analítico, pensamento criativo, resiliência, flexibilidade e agilidade, motivação e autoconsciência, curiosidade e aprendizagem contínua. As chamadas soft skills são aprendidas e desenvolvidas ao longo da vida, por meio das experiências pessoais.

A cultura de aprendizagem não é apenas uma pauta do momento, mas é essencial quando pensamos como serão as nossas relações com a tecnologia para enfrentar os desafios em curso e como iremos nos preparar para o futuro. O diálogo entre as múltiplas gerações, a adaptação a novos modelos de trabalho, a influência das novas tecnologias e a atenção à educação são fundamentais para moldar um futuro sustentável no mercado de trabalho e que responda de forma efetiva aos principais riscos globais.

*Formada em relações internacionais pela PUC SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Corporate Communication pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), Juliana Neumann possui mais de 15 anos de experiência profissional e uma carreira voltada para promover impactos positivos nas organizações. Já participou ativamente de projetos nacionais e internacionais, destacando-se na condução de iniciativas estratégicas nas áreas de Educação, ESG, Cultura e Desenvolvimento de Pessoas. Na Springpoint, ela lidera projetos orientados ao fortalecimento de cultura, marca, estratégias de aprendizagem e inovação para organizações de diferentes setores.

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