Gamificação do bem: sorteios digitais estão revolucionando a captação de recursos sociais no Brasil

Para Rafael Melo (foto em destaque), COO da Idea Maker, sorteios digitais com cunho social representam uma nova e promissora fronteira de inovação de impacto no Brasil

De acordo com a pesquisa Doação Brasil 2024, conduzida pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), 78% da população brasileira realizou algum tipo de doação no último ano, sendo em dinheiro, bens ou tempo (trabalho voluntário). O levantamento reforça o forte potencial solidário do país e abre espaço para novas formas de engajamento social. Entre elas, destacam-se os sorteios digitais com finalidade beneficente, que unem tecnologia, entretenimento e impacto positivo.

Apenas em 2024, os chamados títulos de Filantropia Premiável movimentaram R$4,05 bilhões, garantindo o repasse de R$ 1,93 bilhão a entidades filantrópicas, um crescimento de 20% em relação ao ano anterior.

“Os sorteios digitais com cunho social representam uma nova e promissora fronteira de inovação de impacto no Brasil. Trata-se de uma evolução dentro do conceito de tech for good, pois tornam o ato de contribuir com causas sociais mais acessível, atrativo e eficaz, além de escalável e transparente”, afirma Rafael Melo, COO da Idea Maker, fintech que desenvolve soluções para e-commerce de produtos com venda incentivada, meios de pagamento e gestão de dados.

Essas iniciativas começaram a ganhar força no Brasil após legislações específicas, como as que regulam títulos de capitalização filantrópicos, passarem a permitir que parte do valor arrecadado fosse destinado a instituições sociais. O formato, que já existia em ações beneficentes pontuais, se consolidou como alternativa de captação ao unir impacto financeiro a uma experiência gamificada.

“A lógica dos sorteios digitais se encaixa perfeitamente na ideia de uma gamificação do bem, pois incorpora elementos típicos de sorteios digitais, como expectativa, recompensa e chance de ganhar algo, ao mesmo tempo em que promove causas sociais. É uma evolução significativa dentro do cenário brasileiro de inovação social e uso ético da tecnologia”, explica Melo.

Entre os diferenciais que aumentam o engajamento estão recompensas atrativas em dinheiro, que podem ser convertidas em bens de consumo, viagens, imóveis e além de prazos definidos que estimulam a urgência, a sensação de comunidade e, principalmente, a transparência na destinação dos recursos. Para as instituições sociais, os benefícios vão desde a sustentabilidade financeira até a visibilidade e credibilidade ampliadas junto a novos públicos, especialmente os mais jovens.

“Temos na Idea Maker exemplos de grande impacto, como as campanhas do Hospital de Amor de Barretos, que arrecadam milhões de reais semanalmente por meio desse modelo. São resultados que mostram como tecnologia, redes sociais e mobilização coletiva podem potencializar a solidariedade em escala nacional”, destaca o COO da Idea Maker.

Segundo Rafael Melo, o futuro desse mercado tende a adotar o uso de inteligência artificial para personalizar campanhas, blockchain para garantir transparência e até realidade aumentada para ampliar a experiência do doador. “Esse modelo cria vínculos emocionais e culturais entre pessoas e causas. Ele mostra que ajudar pode ser, também, parte de uma experiência prazerosa, contínua e moderna”, conclui o especialista.

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