Por Igor Hufnagel, CTO da Minds Digital*
O mercado de tecnologia e o desejo de inovação das empresas não param de crescer. Segundo uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review Analytic Services, em parceria com a NTT DATA, 90% das empresas na América Latina aumentarão seus investimentos em inovação e tecnologias emergentes durante o ano de 2023. Ou seja, as empresas devem continuar contratando profissionais das áreas, deixando os times cada vez mais robustos. O que torna mais importante para gerentes ou coordenadores de times de tecnologia, manterem-se atualizados sobre boas práticas de gestão, sobretudo em uma área com profissionais tão concorridos.
Nesse setor, a alta performance é primordial para atingir bons resultados e, para isso, é fundamental entender quais as necessidades dos colaboradores para realizarem entregas dessa natureza. Muito mais que bons salários e incentivo, essa cultura precisa ser desenvolvida também a partir de processos de organização bem definidos e metas claras, compartilhadas entre todos.
Duas ações podem ajudar muito a organizar esses dois pontos nos times de TI: a definição de OKRs de forma clara e a aplicação de estratégias de DevOps.
OKRS claros e bem definidos
Em qualquer tarefa é difícil realizar um bom trabalho se não sabemos onde queremos ou devemos chegar. Por isso, na gestão de um time de TI, que depende muito de ações com agilidade e alta qualidade nas entregas, a definição dos OKRs faz toda a diferença.
Os OKRs, são mais que apenas uma lista de metas, mas uma estrutura ambiciosa de objetivos mensuráveis que, em geral, não será atingida completamente por serem bastante altas, e isso faz parte do jogo. Além disso, é recomendável também elucidar de que forma, quando e o que fazer para conquistá-los.
Esse tipo de definição colabora para uma gestão alinhada, proporcionando a base necessária para um desenvolvimento ágil. A segunda parte dessa organização está na estruturação do time e seus processos, mais relacionada ao conceito de DevOps.
DevOps e Software Delivery
O DevOps pode ser entendido como a estruturação do processo de trabalho necessário para o desenvolvimento de softwares ou outros serviços de forma segura, com qualidade e agilidade. Com boas práticas, as equipes de desenvolvimento e operações podem arquitetar a entrega dessas atividades de forma autônoma, colaborativa, rápida e contínua.
Essa estratégia é importante para acelerar o processo de Software Delivery, isto é, o percurso necessário para que uma ideia de produto de software chegue até o consumidor final.
Para entender melhor esses dois conceitos e como estruturá-los, no livro “Accelerate: The Science of Lean Software and DevOps” foi feita uma pesquisa com cerca de 2.000 funcionários de empresas com tecnologia de ponta relacionadas à internet e indústrias altamente reguladas como fintechs, healthtec e governamentais. O objetivo era entender o que seria o Software Delivery e se isso pode ser mensurado.
O resultado final, segundo os pesquisadores, foi de que as empresas de alta performance não só entregam mais valor de forma mais rápida, como também são mais estáveis. O fato de serem mais ágeis, não significa um trabalho com mais bugs na produção. Isto é, os times são capazes de produzir muito e realizar entregas de forma contínua e com confiança, reduzindo erros e problemas de código.
E como isso acontece? Essas empresas apresentam uma estrutura de pipeline de deployment mais estável e com isso se tornam mais ágeis mantendo a qualidade das entregas. A agilidade dessas empresas no desenvolvimento e aplicação do software em produção impactam diretamente na relação de custos, lucro e sucesso desse desenvolvimento.
Mas como levar essas estratégias para a prática?
A estruturação da gestão depende não apenas da cultura da empresa, mas também da sua organização e objetivos. A definição de OKRs, por exemplo, impacta muito no alinhamento das equipes, principalmente na priorização de tarefas. Entendendo os objetivos de forma clara, os colaboradores sabem o que fazer primeiro e são mais ágeis na estruturação da própria rotina de entregas.
Além disso, tanto a definição de objetivos quanto uma estratégia de DevOps bem estruturadas são fundamentais na construção de um pipeline menos burocrático. Isso gera menos fricção no curso do trabalho, deixando os profissionais mais focados e satisfeitos, com menos burocracia, passam mais tempo fazendo o trabalho que realmente gostam.
Tudo isso faz parte também da cultura da empresa que deve ser voltada para a inovação. Para desenvolver estruturas inovadoras, de alta performance e com resultados a curto prazo, é essencial que o time tenha mais liberdade para testar, errar, aprender e ter voz ativa no desenvolvimento dos projetos.
*Igor Hufnagel começou a carreira em 2008 como Engenheiro de Software e trabalhou em empresas como V&M. Em 2012, saiu do mundo corporativo para fundar a sua primeira startup. Após 4 anos, em 2016 atuou como consultor para ajudar na transformação digital do BMG Money. Hoje está à frente da área de tecnologia e inovação da Minds Digital.