Notícias de complicações e os problemas com endividamento nos países periféricos na Zona do Euro já fazem parte do dia a dia de quem acompanha o mercado fi nanceiro. Todo esse desgaste influencia nas demais economias mundiais, o que inclui o próprio Brasil.
O País vem descendo uma ladeiramaior do que se imaginava nesses últimos meses. O Brasil, que chegou a registrar um PIB de 7,5% em 2010, sofre com o desaquecimento do mercado interno e externo. O principal foco de preocupação hoje é a deterioração do cenário europeu que já contagia países de grande importância como a China, que é responsável por importar grande quantidade de matérias- primas do nosso país. Com o mercado externo enfraquecido e o mercado interno sofrendo em determinados setores, como no setor automotivo, o Brasil acaba criando expectativas negativamente exageradas aos olhos de investidores estrangeiros, o que leva a um impacto maior sobre o produto que já tem uma previsão de crescimento abaixo de 2% para 2012.
Para driblar tal situação, medidas de estímulo foram tomadas pelo Banco Central, como o afrouxamento monetário, feito através de cortes na taxa básica de juros (selic) desde agosto de 2011, que vem em declínio de 12,5% até 8% no atual momento. A redução nos juros ajuda a aquecer a economia em pontos como investimentos produtivos e um aumento no consumo, além de interferir na tomada de crédito para consumidores e empresas. A dívida do governo brasileiro, que ainda tem uma grande quantidade de títulos indexados à própria taxa de juros, também é reduzida. Podemos citar ainda nesse ponto a desvalorização do real ante a moeda americana – os produtos brasileiros que são exportados ganham competitividade no mercado internacional, o que impulsiona vários setores internos do nosso mercado. Neste ano, o governo colocou em prática uma redução na política fi scal através da diminuição do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para linha branca e automóvel, que é um setor que vem mostrando estagnação decorrente também de um grau elevado de inadimplência.
Mesmo com um longo período de luta contra a desaceleração da economia, o cenário externo não está melhor do que o de meses atrás, e com isso o mercado continua com a previsão de mais uma queda de 0,5 ponto percentual na selic, o que leva a taxa básica de juros para uma nova mínima histórica. Olhando para um horizonte no curto prazo, há muitos fatores que não nos deixam criar um sentimento de segurança em relação ao que está por vir; logo, essas políticas de estímulo devem continuar por um bom tempo e a economia deve seguir se arrastando pelos próximos meses.
Makian Costa Pereira é da Leme Investimentos.