A combinação de inflação, medidas macroprudenciais e elevação dos juros pelo governo desaceleraram o ritmo de crescimento do varejo, mas a tendência é de avanço moderado para os próximos meses. A avaliação é de Nilo Lopes, técnico da coordenação de serviços e comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos próximos meses, o aumento do salário mínimo, o recebimento do 13° salário e reduções na taxa Selic podem dar fôlego ao varejo.
O impacto do ciclo de redução da Selic,deverá beneficiar o varejo dentro de dois a três meses, previu Lopes. Ele explicou que o setor varejista demora a reagir à queda dos juros, mesmo o spread bancário sendo reajustado diariamente, pois o segmento vê primeiro a taxa de inadimplência. ‘É a inadimplência que vai determinar a taxa de juros a ser aplicada pelo varejo nos próximos meses, embora a Selic seja um referencial para o mercado como um todo’, disse.
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de julho apontou que o varejo está em desaceleração neste ano em relação a 2010, passando de um crescimento de 10,3% no final do ano passado para 8,5% no acumulado dos últimos 12 meses . Já no acumulado do ano, o avanço é de 7,3% na comparação com os primeiros setes meses de 2010.
"Ainda assim é um crescimento bastante significativo, o 7,3%’ disse Lopes, para quem o varejo continuará em crescimento em razão do aumento da massa salarial, da renda e das concessões de crédito. Ele, no entanto, projeta que as medidas para frear a concessão de crédito, adotadas pelo governo no fim de 2010 e início de 2011, ainda terão influência na atividade varejista, mas ‘em menor escala do que a vista nos últimos meses’.