28|05|2012
Saber o que é inflação e entender como ela influencia o poder de compra é um dos passos fundamentais para quem quer manter ou melhorar o padrão de vida. De forma simplificada, inflação é o aumento generalizado de preços de serviços e produtos e, quanto maior a inflação, menor é o poder de compra daquela nota de dinheiro que você possui na carteira.
Como conceito, é bem simples. Porém, quando o colocamos na ponta do lápis, ou aplicamos sobre nosso salário, nossos rendimentos e nossas compras, as coisas mudam um pouco.
Quer ver como funciona? Costumo dizer que existem duas inflações: a macroeconômica e a elástica. A macroeconômica é aquela inflação da qual o governo sempre fala, a inflação medida por índices, como o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado, o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo – que mede a inflação oficial do País) e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção).
Esta inflação corrói o salário e diminui o poder de compra. Ou seja, o que você comprava com R$ 10 mil no início de 2011, ao final, considerando a inflação, ficou mais caro. Para ser mais claro: se no início do ano, você gastava R$ 500 com as compras de supermercado do mês e, no final do ano, esta mesma lista de compras passou a custar R$ 550, significa que houve aumento de preços, ou seja, inflação e que seu poder de compra diminuiu, principalmente se seu salário não evoluiu de acordo com esta alta de preços.
Quando falamos de rentabilidade de um investimento, também temos que considerar a inflação. Não podemos simplesmente olhar para o percentual bruto que se apresenta. É preciso descontar a inflação, ou seja, precisamos conhecer o rendimento real. Imagina que você tem R$ 10 mil investidos em um fundo de renda fixa e, durante 2011, o retorno foi de 8,9%. Com a inflação de 6,5% em 2011 (medida pelo IPCA), este suposto investimento registrou um rendimento real em torno de 2,4% durante todo o ano passado.
Já a inflação por elasticidade de demanda, na minha opinião pior do que a macroeconômica, é aquela impulsionada pelo novo padrão de consumo das famílias brasileiras, que faz com que se compre mais e se adquira produtos mais caros.
Assim, uma pessoa que ganhava R$ 2 mil e passa a ganhar R$ 2,5 mil teve um aumento de 25%. Considerando a inflação de 6,5% de 2011, este aumento é excelente. Porém, ao se ver com estes recursos a mais nas mãos, o indivíduo, que antes gastava R$ 100 por mês com lazer, passa a gastar R$ 200, ou seja, um aumento de 100%. E o que poderia ser utilizado para fazer uma reserva financeira ou para um investimento pensando na futura aposentadoria, escoa ralo abaixo.
Nos dois casos, da inflação macroeconômica ou elástica, o fato é que ela corrói. Corrói o salário, o poder de compra e o investimento. E para combatê-la, ser educado financeiramente é essencial.
Mauro Calil é palestrante, educador financeiro e autor do livro “A Receita do Bolo” – www.calilecalil.com.br