Jaana Goeggel (foto em destaque), General Partner do Sororitê Ventures, indica que M&As devem liderar oportunidades, enquanto mega rodadas devem estar em setores estratégicos
No Brasil, segundo o Distrito, entre janeiro e setembro do ano passado, as startups brasileiras captaram US$ 1,46 bilhão, representando um crescimento de 9,5% em relação ao mesmo período de 2023 – mas ainda aquém dos valores registrados no mesmo período de 2021, um pico histórico. Além do mercado brasileiro em processo de recuperação gradual, especialistas também apontam uma toada positiva para o mercado de IA, que, no ano passado liderou um terço dos investimentos globais, segundo a Crunchbase.
“A inteligência artificial continuará sendo um foco em 2025, se tornando cada vez mais um requisito fundamental para startups de tecnologia. O ano será marcado por um foco nessas aplicações, especialmente, na automação de processos operacionais de ponta a ponta. Já estamos vendo essa competição com o lançamento da DeepSeek, IA chinesa que está desafiando a dominância dos modelos americanos – oferecendo custos bem mais baixos. Essas soluções impulsionam eficiência operacional e, logo, se tornarão uma espécie de commodity pelo impacto da sua aplicação no mercado. Nesse cenário, o grande desafio para investidores será identificar as startups ganhadoras dentro desse ambiente concorrido”, explica Jaana Goeggel, General Partner do Sororitê Ventures, que tem como fundo o Sororitê Fund 1, fundo de Venture Capital voltado para startups em estágio inicial (early stage) fundadas ou cofundadas por mulheres.
No Brasil, a especialista indica que mega rodadas são possíveis, porém muito selectivamente e focados em setores estratégicos como fintechs e healthtechs, enquanto IPOs continuam menos prováveis, pois dependem da recuperação dos mercados de capitais e maior estabilidade macroeconômica. As fintechs também serão destaque, sendo o foco estratégico de investimento em venture capital na América Latina, e especialmente no Brasil, impulsionadas pelas inovações regulatórias como o DREX (Real Digital) e as novas regras do Pix.
“O mercado de Venture Capital no Brasil enfrenta uma carência de liquidez, com investidores pressionados pela necessidade de exits. A escassez de saídas, como M&As e IPOs, restringe a liberação de capital para reinvestimentos, criando um gargalo significativo, especialmente no estágio de growth, enquanto o early stage se manteve estável em 2024. Em 2025, podemos esperar que M&As liderem as oportunidades, impulsionados pelo interesse de empresas locais e estrangeiras, com a desvalorização cambial favorecendo aquisições”, explica Jaana Goeggel.