Live Marketing e tecnologia: uma parceria de sucesso

Por Beto Sirotsky, cofundador da BPool*

A aceleração tecnológica do setor aumenta a disponibilidade de profissionais, melhora processos e dá mais eficiência e produtividade aos negócios

Todo momento de incertezas traz ameaças e oportunidades. E, com muita frequência, essas ameaças e oportunidades geram a necessidade de repensar processos e modelos de negócios, abrindo espaço para novas tecnologias que fazem qualquer setor dar grandes saltos à frente. É o que estamos vivendo hoje no mercado de live marketing.

Esse é um setor que sofreu brutalmente durante a pandemia. Em março de 2020, o isolamento social forçou o fechamento de qualquer atividade presencial, colocando o segmento de live marketing em um período de congelamento. Shows, concertos, exposições, ativações e mesmo eventos de menor porte (como um café da manhã em uma empresa ou um evento pocket para um público super segmentado) ficaram no limbo por quase dois anos, criando um cenário dramático para todos que atuam nesse mercado.

Mesmo gigantes tiveram dificuldades. O Cirque du Soleil, por exemplo, precisou buscar recuperação judicial para ter condição de passar pelos momentos mais agudos da crise. Mas, felizmente, tudo o que é ruim um dia termina – e o setor de eventos e live marketing, desde o ano passado, vem em forte crescimento. Dados da Abrape, a associação do segmento, indicam que o setor movimenta R$ 312,4 bilhões ao ano (4,5% do PIB), envolvendo 6,4 milhões de pessoas em todo o ecossistema.

A demanda dos consumidores por eventos ao vivo, depois de dois anos de clausura, deu um grande impulso ao setor. E, com isso, surgiram vários gargalos: de disponibilidade de datas e locais, de custos e mesmo de profissionais. Há pouco prazo para as concorrências, os orçamentos estão bastante apertados e muitas agências participam de cada processo (provocando uma corrida de corte de preços e possível redução de qualidade).

A exigência do público também mudou: ao mesmo tempo em que as pessoas querem aproveitar a vida no mundo físico, estão menos tolerantes a experiências ruins. Uma experiência ao vivo precisa ser espetacular, ou será substituída por uma versão digital.

Um setor que renasce com tecnologia

A retomada do setor nos últimos dois anos vem sendo impulsionada por uma profunda transformação que coloca tecnologia em processos até então manuais ou semiautomatizados. Uma mudança necessária e muito benvinda. Com a necessidade de entregar experiências ainda mais incríveis para os consumidores, o setor vem percebendo que a transformação digital dos negócios pode contribuir em diversas etapas dos negócios:

Contratação de equipes

Durante a pandemia, muita gente optou por um novo estilo de vida, saindo das grandes cidades e trabalhando em home office em cidades menores. Para as empresas de eventos e live marketing, essa mão de obra especializada, agora mais espalhada pelo país (e pelo mundo), faz com que seja mais difícil encontrar os profissionais certos no momento exato.

Como a tecnologia vem ajudando a superar esse gap? A adoção de meios digitais de contratação permite selecionar, em um pool eletrônico de talentos, quem pode atender às demandas em uma certa localidade, em determinado momento. O processo de seleção e contratação se torna mais ágil, simples e efetivo quando já se sabe, de antemão, se um profissional adequado estará disponível nas datas necessárias.

Briefing dos projetos

Com muitos eventos acontecendo ao mesmo tempo e o aumento das exigências do público, processos essenciais como o brefing dos projetos precisam ser definidos mais rapidamente e com menos erros. A assertividade na definição do briefing e no seu entendimento pelos profissionais garante mais agilidade na entrega dos serviços.

Execução das atividades

Não basta um bom briefing. Com a necessidade de entregar muitos eventos e iniciativas em diferentes lugares com prazos curtos, é necessário executar com excelência as tarefas e redesenhar os processos operacionais para aumentar a velocidade de entrega. O uso de sistemas digitais para ajudar no planejamento dos projetos, na confecção das peças e na entrega das soluções passa a ser um ponto essencial no ganho de produtividade e eficiência do setor.

Relacionamento com os profissionais

Uma consequência radical do aumento da demanda é a necessidade de contar com profissionais de excelência em todas as atividades. Isso exige que as empresas de eventos e live marketing tenham ainda mais atenção à dinâmica do relacionamento com os profissionais contratados.

Sistemas de Partner Relationship Management (PRM) ganham importância nesse processo, pois ajudam as empresas a identificar os melhores jobs para cada profissional e criam mecanismos para gerar fidelização ao negócio. O cuidado no relacionamento diário com os parceiros de negócio cria um espírito de time, ajuda na execução das atividades e aumenta a produtividade dos profissionais.

Aceleração da formação

Outra área em que a tecnologia vem tendo um impacto significativo é na formação dos profissionais do setor. Com uma defasagem significativa em função da explosão de eventos no país, o segmento tem corrido para buscar formas de capacitar equipes e ter pessoal habilitado para realizar eventos e ações que encantem os clientes.

Parte importante desse processo passa por treinamentos intermediados pela tecnologia. O ensino a distância (EAD) foi incorporado ao dia a dia dos profissionais e, hoje, é uma ferramenta importante para o desenvolvimento das pessoas. A construção de plataformas de preparação de profissionais permite que as empresas de live marketing formem equipes mais rapidamente e tenham condição de atender ao crescimento da demanda.

No mundo pós-pandemia, o desenvolvimento de eventos e ações de live marketing ganhou um novo patamar. Para lidar com consumidores afeitos ao mundo digital e exigentes em suas escolhas, é preciso contar com os melhores profissionais do mercado, não importa onde eles estejam. Ao mesmo tempo, as ações têm que ser executadas rapidamente – e com o mínimo de erros.

A adoção massiva de tecnologia é o caminho para entregar mais, em um prazo menor e com mais eficiência. É um passo inevitável – e muito positivo – para um setor que viveu anos de incerteza e, agora, busca ter um longo período de bonança. O live marketing continua apresentando muitos desafios, como concorrências abusivas e uma forte pressão sobre os custos, mas a digitalização e o suporte tecnológico podem acelerar o crescimento dessa indústria que foi tão prejudicada durante a pandemia.

 

* Beto Sirotsky é cofundador da BPool, startup que desenvolveu uma plataforma Enterprise Gateway Marketplace (EGM) com o propósito de transformar a contratação de serviços de marketing. Foi por 10 anos sócio fundador da 3yz – Agência de Comunicação Digital que foi adquirida pelo Grupo WPP em 2016 e integrada à Ogilvy. Sempre atento às inovações nas áreas de comunicação, tecnologia e futurismo, já participou de programas na Singularity University, Hyper Island e Berlin School of Creative Leadership. Em 2016 foi escolhido pela Associação Riograndense de Propaganda como “empresário de comunicação do ano” e em 2017 eleito um dos 30 jovens mais promissores até 30 anos segundo a Forbes Brasil. Participa também do Conselho da Maromar Investimentos. 

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