Maioria das empresas quer investir mais em países em desenvolvimento

Apesar da queda da confiança ante a crise global, a maioria das empresas multinacionais planeja aumentar seu investimento nos países em desenvolvimento até 2015, mostra um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Mundial.

Uma pesquisa conduzida pela Miga (agência garantidora do investimento multilateral) e pela consultoria Economist Intelligency Unit com 316 executivos sêniores de empresas multinacionais indica que quase 75% deles ampliaram seus planos para países em desenvolvimento nos próximos três anos.

O levantamento "Investimento Mundial e Risco Político 2011", feito de junho a julho deste ano (antes da crise global se deteriorar), os descreve como "cautelosamente otimistas".

Pouco mais da metade dos entrevistados diz ter revisto seus planos para cima para os próximos 12 meses –embora, na maior parte dos casos, o aumento seja discreto.

Na outra ponta, 10% dos entrevistados afirmam que pretendem reduzir investimentos nos países em desenvolvimento em 2012.

"Apesar desse cenário econômico incerto, os países em desenvolvimento devem crescer mais do que duas vezes mais rápido que as economias de alta renda nos próximos anos", escreve o vice-presidente executivo da Miga, Izumi Kobayashi.

"Isso, somado a um ambiente mais amigável aos negócios, deve aumentar seu poder de atração para investidores mundo afora."

Com a crise, o Banco Mundial prevê que neste ano o investimento direto chegue a US$ 1,5 trilhão no mundo –US$ 200 bilhões, ou 15% a mais do que em 2010.

É muito aquém dos US$ 2,3 trilhões alcançados antes de as turbulências financeiras tomarem corpo, em 2008.

BRIC

Os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) devem receber US$ 172 bilhões neste ano, estima o relatório, metade dos iriam para a China.

Segundo o Banco Mundial, os países em desenvolvimento, que viram seu fluxo aumentar com a crise mais intensa nas economias avançadas, são destino hoje de quase US$ 2 a cada US$ 5 investidos no exterior –e US$ 1,20 vai para os Bric.

Por sua vez, eles originam 17% do investimento direto internacional.

O montante, que deve chegar a um pico de US$ 238 bilhões neste ano, representa um aumento de quase 300% desde 2005. Na projeção do Banco Mundial, porém, o valor ainda é pequeno –apenas 1,3% de seu PIB (Produto Interno Bruto) combinado.

Apesar do otimismo, o relatório identifica percalços persistentes para os países em desenvolvimento.

Os investidores entrevistados afirmam ver risco de instabilidade macroeconômica e dificuldade em obter financiamento nessas praças. Já do lado político, o maior temor é o de expropriações e nacionalizações.

E, mesmo como a melhora na performance, é só em 2013 que os países em desenvolvimento devem bater seu recorde de atração de investimento estrangeiro, US$ 614 bilhões registrados antes da deterioração da crise.

A previsão é que em dois anos o fluxo para esses países some US$ 660 bilhões.

A região da Ásia Pacífico continuará a ser o principal destino, absorvendo quase metade dos investimentos.

A China sozinha recebeu em 2010, último ano contabilizado, US$ 185 bilhões, ou 37% do fluxo. Já o Brasil, principal destino na América Latina, recebeu US$ 48 bilhões, ou pouco mais que um quarto do total chinês.

 

 

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