Foto: Suelen Fenali, Data Science da plataforma de contratação de serviços GetNinjas
Apesar do setor de tecnologia carregar a fama de ser um dos espaços mais desejados para se trabalhar, ainda é majoritariamente dominado por homens. Nos Estados Unidos, as mulheres ocupam apenas 28% dos postos de áreas relacionadas à ciência e engenharia. Mesmo nos gigantes da área, como Google, Apple e Facebook, elas ainda não são nem um terço do total de funcionários, segundo seus relatórios de diversidade. Dentre as que trabalham diretamente com tecnologia a taxa cai para 17%.
Em âmbito geral, apenas 8% dos desenvolvedores de todo o mundo e 11% dos cargos executivos das empresas de tecnologia no Vale do Silício são ocupados por mulheres, de acordo com dados apresentados no evento Women in Tech, realizado pela CA Technologies em São Paulo no ano passado. No Brasil, não é muito diferente. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), realizada pelo IBGE, apenas 20% dos profissionais que atuam no mercado de Tecnologia da Informação (TI) são mulheres. No entanto, as startups vêm tentando mudar esse cenário.
O GetNinjas, maior plataforma de contratação de serviços do País, tem 37% do quadro de funcionários composto por mulheres e 16% trabalham com tecnologia. Suelen Fenali, Data Science da empresa, é uma delas e comenta que sempre se interessou pela área. “Ainda criança aprendi com meus pais a importância da tecnologia e, com 14 anos, já fiz meu primeiro curso de programação. Assim como no meu caso, vejo que a tendência é as mulheres se interessarem cada vez mais pela área, sempre quebrando essas barreiras”, complementa.
A falta de referências e incentivo à inclusão de mulheres na área podem ter influência na baixa representatividade feminina. “No meu curso, apenas cinco de 40 alunos são mulheres e a gente escuta discursos machistas o tempo todo.”, aponta Giorgia Burattini, BI de Hosts e responsável pela parte analítica de anfitriões da DogHero, plataforma que conecta tutores de cães a anfitriões com o objetivo de reproduzir a mesma experiência vivida no lar.
No entanto, ela comenta ter sido muito bem recebida na startup. “Hoje me sinto privilegiada por trabalhar em um lugar fora da curva. Apesar de ainda ser exceção em uma área predominantemente masculina, foi fácil abrir espaço porque sempre recebi bastante apoio”, completa.
A situação se repete na Contabilizei, escritório de contabilidade que usa tecnologia para simplificar processos e já possui mais de 5.000 clientes em todo o País. Com a modernização se tornando cada vez mais essencial no dia a dia, é possível sentir o progresso com mais mulheres migrando para a área. Dos 193 funcionários da empresa, 96 são mulheres e 14 delas lideram equipes.
A Coordenadora de Tecnologia e desenvolvimento de sistemas da Contabilizei, Wiliane Andreoli, comenta que apesar do receio inicial, sempre foi muito bem recebida na empresa. “Um dos diferenciais que enxergo aqui é que tem espaço para todos. Me sinto muito acolhida aqui, ouvida e respeitada pela equipe. O que precisamos sempre é buscar o melhor potencial de cada um. Tenho orgulho da profissão que escolhi e muita alegria em hoje poder unir tecnologia com gestão de pessoas, duas frentes que me realizam”, complementa.