Nunca na história humana houve tantas informações disponíveis, tantas opções de escolha, não só de bens e serviços, mas de estilos de vida. Tanta tecnologia ao redor, tantos avanços científicos, e a mente humana processando tudo isso em sua velocidade.
O componente humano, com sua identidade no modo de pensar e agir, vai reagindo às mudanças no processo de interação com o meio que o cerca. Cada pessoa tem uma maneira de lidar com as situações do cotidiano. O que não se pode negar é que a existência de que tantas variáveis de escolha demandam mais análises, por vezes acabam complicando a vida ao invés de simplificá-la.
Neste panorama complicado já não é mais tão fácil encontrar a simplicidade. Daí vem o seu poder atual, à medida que a simplicidade de torna mais rara, passa a ser mais valiosa.
Já citei aqui nesta coluna, em outro artigo, a Apple como exemplo – tenho estudado muito esta marca, dentre outras razões pela valorização que a mesma obteve recentemente. Se observarmos o ranking das marcas mais valiosas do mundo, realizado pela Interbrand, a marca Apple valorizou 129% de 2011 para 2012, passando da oitava posição para a segunda posição, encostando na líder Coca-Cola.
A Apple tem grande competência em marketing, estratégia, comunicação, design, desenvolvimento de produtos e várias outras competências ligadas a software, hardware… Enfim, tudo compõe um traço essencial da personalidade de marca e garante a entrega ao consumidor um grande bem: a simplicidade.
Se lembrarmos, a revolução que foi o lançamento do primeiro iPhone: como um aparelho podia fazer tantas coisas sendo tão descomplicado e simples? Como era possível o aparelho ter só um botão na sua tela frontal e tudo estar ao alcance de um simples toque nessa mesma tela?
Talvez aí resida uma das grandes lições da Apple: a simplicidade é muito valiosa. A obstinação pela simplicidade que por vezes chegou a um minimalismo extremo é a força que une todas as ações da empresa entregando valor aos clientes.
Este é um caminho, uma história recente. Como sempre digo, não há receita pronta que garanta o sucesso de uma empresa. Cada empresa tem que encontrar a sua, o que importa é ser relevante para o cliente e ter coesão e convicção em suas ações. No fundo as coisas são simples, nós é que as complicamos com nossas teorias, elucubrações e nossos medos. Medo do banal, do simples, medo de não parecer elaborado o bastante: medo do óbvio.
Dedico este artigo a um consultor do segmento de moda que conheci recentemente: Reginaldo. Contei a ele que escreveria este artigo e ele me indicou um texto que gostaria de dividir com vocês: “Obvio Adams: lições de simplicidade”. Ele pode ser encontrado facilmente na internet e, apesar de ter sido publicado originalmente em 1916, é plenamente atual e nos convida a não ter medo do óbvio e lembrar que, depois de encontradas, as boas respostas são óbvias, mas encontrá-las vale ouro!