A “nova classe média” tem sido um termo largamente usado para se referir à atual classe C brasileira. O termo representa não só o meio da pirâmide social, mas também simboliza a média da renda e a média dos anseios desses mais de 105 milhões de brasileiros. Naturalmente, este grupo denominado classe C não é um bloco homogêneo, tem suas segmentações, mas aqui estamos nos referindo às pessoas cuja renda familiar está entre R$ 1.734 e R$ 7.475.
Importante entender que hoje não só as empresas estão estudando este mercado, mas o setor público e governantes, que pretendem orientar melhor suas políticas públicas, tentam entender quais as demandas e desejos desse grande número de pessoas.
Interessante também observar a espiral positiva de melhoria de qualidade de vida dos brasileiros. Se compararmos os dados de 2011 com 2003, veremos que num período de oito anos houve um incremento de 39 milhões de pessoas nesta classe, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Hoje temos um grande número de dados e pesquisas, porém ainda é um processo complexo para muitos dirigentes entenderem as aspirações desta classe e em qual direção se movimentam. Mais perigoso ainda quando este bloco denominado classe C é erroneamente visto como estático e homogêneo. Muitas pessoas que hoje são classe C eram classe D num passado recente, e as projeções indicam que a espiral social positiva deve continuar em nosso País, fazendo com que uma parcela importante da nova classe média atinja as classes A e B nos próximos anos.
Isso tudo indica um movimento constante que quebra paradigmas e verdades gerais que muito administradores tentam se apoiar para a tomada de decisão. Uma pessoa pode ter poder aquisitivo de classe A, mas ainda guardar hábitos de consumo em uma categoria específica que trouxe de quando era classe C. Daí decorre a importância do aprofundamento dos dados para a tomada de decisão. O movimento constante e rápido que vivemos hoje faz com que cada vez mais seja importante conhecermos o público-alvo e como ele decide gastar o dinheiro que está em sua carteira. A atual classe C, por exemplo, já gasta mais na aquisição de serviços do que com produtos.
Quando pensamos em serviços, uma vasta gama se abre. A melhoria de vida desta classe propiciou novas possibilidades de acesso à educação, informação, viagens, etc. Os aeroportos brasileiros refletem isso: a nova classe média ocupa seus corredores que outrora pertenciam somente às elites.
Muito bom poder vivenciar este momento e morar no país que era “o país do futuro” e agora é também “o país do presente com perspectivas futuras”. Melhor ainda será viver os próximos anos e participar de todas as mudanças que a melhoria na qualidade de vida destes brasileiros vai ocasionar em nossa sociedade.
Kátia Bello é arquiteta, especialista em comunicação estratégica de varejo e sócia-diretora da Opus Design. Contato: katia@opusdesign.com.br