Por Gonzalo Parejo, CEO da Kamino, e Eric Hermes, CFO da BU de Visibilidade e Gerenciamento de Risco na nstech*
Em um ambiente empresarial em constante evolução, a gestão financeira está experimentando uma transformação notável, e o papel do Chief Financial Officer (CFO) está assumindo uma dimensão cada vez mais estratégica. O moderno CFO transcende a mera contagem de números: ele é um visionário de negócios que delineia a trajetória financeira de uma empresa a longo prazo, constrói, lidera e orquestra equipes multidisciplinares de alto desempenho, define investimentos, pesquisa e implementa as melhores práticas de mercado e integra nas suas rotinas e processos e nas do seu time as mais eficazes ferramentas de software de gestão. Nesse contexto, ele se torna um ator indispensável para impulsionar o crescimento e garantir a sustentabilidade da organização.
Dados da pesquisa Transformação Digital para MPMEs, da Microsoft, realizada em novembro de 2022 com 312 líderes e tomadores de decisão de micro, pequenas e médias empresas brasileiras em diversos setores da economia apontam que após a corrida para ampliar a adoção de tecnologia nos três últimos anos, processo impulsionado pela pandemia de COVID-19, 98% dos entrevistados que têm negócios em transformação digital, reconhecem o impacto positivo deste movimento. O levantamento também revela que a conquista de novos clientes e o aumento nas vendas estão entre as principais preocupações de 35% dos entrevistados, seguidas por cibersegurança, com 31%, e ganho de eficiência e produtividade, com 27%.
A tradição de usar exclusivamente o fluxo de caixa de um negócio como ferramenta de diagnóstico financeiro está rapidamente se tornando obsoleta. É importante, é claro, mas é míope quando isolada das outras engrenagens que impulsionam uma empresa. A previsibilidade de receita é fundamental para balizar o negócio a longo prazo, e o CFO estratégico entende que essa previsão se baseia em três pilares fundamentais: vendas (sua previsibilidade e escalabilidade), churn (a perda de clientes) e o reajuste dos contratos de clientes da base.
Para navegar nesse novo cenário, o CFO precisa dominar todas as alavancas que impulsionam o negócio. Ele deve conhecer os processos de vendas, entender os desafios fiscais, acompanhar de perto o que indicam as projeções, identificar clientes sensíveis e analisar a dinâmica dos reajustes contratuais. No final do dia, o executivo entende que a gestão financeira é a diferença entre a entrada e saída de recursos, resultado de um planejamento orçamentário executado com rigor e qualidade, e uma boa gestão de custos.
Além disso, o CFO estratégico possui uma curiosidade inata. Ele pesquisa e aprofunda seu conhecimento nas melhores práticas de mercado e nas ferramentas existentes para obter a máxima eficácia em sua gestão. Ele não apenas gerencia números, mas também molda o futuro da empresa com base em dados, análises e insights estratégicos.
Nesse quesito, há muito o que avançar no Brasil. Em 2022, uma pesquisa global realizada pela McKinsey com CFOs, seus pares, gerentes financeiros e outros colaboradores C-level, avaliou, pela primeira vez, o contexto específico brasileiro, com um total de 60 executivos entrevistados nos mais variados setores. O levantamento demonstrou que por aqui os CFOS investem menos tempo em desenvolvimento de capacidades (como treinamentos e capacitações), transformação organizacional e digitalização/aplicação de analytics às suas áreas.
O CFO do futuro precisará estar próximo do time de dados/BI para consolidar as informações para seu negócio e ter insights estratégicos, já que à medida em que a empresa cresce, ela precisa sair de atividades transacionais e ir mais para a parte de orientação ao negócio. Dessa forma, os CFOs devem estar cada vez mais próximos dos CEOs, assumindo assim papel mais central na criação de valor de suas organizações.
Com maior apoio tecnológico para a gestão, maiores as chances de sucesso. Ferramentas de software financeiro especializadas e adequadas às particularidades do negócio podem ajudá-lo a ir mais longe, impulsionando a alavancagem da capacidade de gestão e monitoramento de projeções versus realizações, tanto do ponto de vista de receita quanto de gastos empresariais. O CFO moderno é um líder visionário que se adapta com agilidade às novas tendências de mercado. Atua como um arquiteto das finanças, traçando as estratégias que impulsionam o crescimento da empresa. Aqueles que abraçam essa visão estão moldando o futuro dos negócios e desempenhando um papel essencial na criação de empresas mais resilientes e lucrativas.
*Formado em Direito e Administração de Empresas pela UC3M em Madri, Espanha, e E-MBA pelo IESE, Gonzalo Parejo é empreendedor em série, com mais de 13 anos de experiência em diversos segmentos Insurtech, LogiTech e Fintech. Se tornou expert em tirar ideias do papel e escalar times tanto na LatAm como na Europa. Em 2011, mudou- se para o Brasil e se juntou ao time do Groupon no país, startup referência da primeira onde tech no país liderada pela Rocket Internet. Posteriormente, ele também foi parte do founding team da Bidu, uma das primeiras insurtechs do Brasil, e co-fundou a Ontruck, uma das LogTechs mais destacadas da Europa. Atualmente, é cofundador e CEO da Kamino, plataforma completa de gestão de gastos empresariais mais completa do Brasil.
*Eric Hermes é CFO da BU de Visibilidade e Gerenciamento de Risco na nstech. Formado em Administração de empresas com MBA em gestão pela FGV, possui 19 anos de experiência nas áreas de finanças e M&A de empresas de tecnologia e comércio exterior. Na Datasul, antiga empresa de ERP de Santa Catarina, participou de diversos processos de aquisição e verticalização, e integrou o time de fusão da empresa com a TOTVS. Atualmente é CFO da BU de Visibilidade e Gerenciamento de risco na nstech, unidade de negócios que atua na gestão de risco e logística assegurando maior eficiência de custos, redução de acidentes e prevenção de roubos de cargas.