Por Caio Reina, fundador e CEO da RoutEasy*
Nos últimos anos, o frete gratuito tem sido uma das estratégias mais populares para o sucesso do e-commerce. Segundo uma pesquisa da Opinionbox, 79% dos consumidores disseram que já desistiram de uma compra em razão da taxa de entrega. Logo, oferecer o frete gratuito é uma forma eficiente de incentivar as pessoas a comprarem mais e aumentar as chances de fidelização.
Entretanto, essa é uma estratégia que exige atenção ao ser implementada. O frete tem um custo que, sem um planejamento adequado, pode, facilmente, ultrapassar a margem de lucro e prejudicar a rentabilidade do negócio.
Algumas empresas adotam o frete grátis (mesmo que a um alto custo) como tática para aumentar market share e a base de clientes. Entretanto, não é saudável que esse seja um plano de longo prazo.
Para uma estratégia certeira e não prejudicial a longo prazo, o primeiro passo é entender quanto se paga por entrega (o que envolve transporte, manuseio, mão de obra, tecnologias agregadas etc.). Dessa forma, é possível traçar um plano para reduzir os custos sem prejudicar a satisfação do cliente, afinal, os consumidores também estão cada vez mais imediatistas em relação aos prazos.
A forma mais eficiente de reduzir custos logísticos é investir em tecnologia. Isso porque operações mais digitalizadas contam com processos automatizados para reduzir erros humanos, eliminando retrabalhos e desperdícios. Além disso, as tecnologias mais avançadas oferecem dados que podem ajudar a identificar problemas e oportunidades de melhoria.
Nesse sentido, um bom exemplo é a aplicação de inteligência artificial no planejamento de rotas. Quando feito de forma manual ou sem as tecnologias adequadas, esse processo de roteirização pode demorar muitas horas e ainda deixar de lado fatores importantes como restrições de horários, capacidade de carga do veículo e tempo de parada dos motoristas.
Ao planejar rotas mais eficientes, é possível reduzir a quilometragem rodada, aumentar a produtividade das equipes e otimizar a taxa de ocupação dos veículos, entregando mais produtos em uma única viagem, o que diminui o custo por entrega.
Outra forma de reduzir gastos é a negociação de preços com os operadores logísticos. É possível conseguir descontos significativos em grandes volumes de envios ou contratos mais longos. Nesse ponto, a tecnologia também pode ser uma aliada na hora de selecionar o fornecedor com o melhor custo-benefício.
É claro que a redução de custos operacionais é apenas um dos pilares a serem considerados na hora de pensar em uma estratégia eficiente para oferecer o frete gratuito. É preciso estabelecer valores mínimos de compra, ter em conta peso e volume dos produtos, modalidade de envio, escolha de regiões etc. Existem até mesmo ocasiões sazonais que podem contribuir estrategicamente para uma maior lucratividade, como datas comemorativas ou liquidações.
O fato é que o consumidor já espera uma experiência online muito próxima da experiência de uma compra física, ou seja: ter o produto em mãos de forma rápida e sem grandes custos adicionais. Com as estratégias certas, é possível oferecer frete grátis sem levar prejuízo, aumentando as chances de fidelização dos clientes e o sucesso das vendas.
*Caio Reina é fundador e CEO da RoutEasy, startup que oferece soluções 360 no segmento de logística. Formado em Engenharia Cartográfica pela UNESP, possui mestrado em Engenharia de Transportes na USP. Foi exatamente este projeto que deu origem à startup. Com experiência em empresas como EY (Ernst & Young), Caio é entusiasta por novas tecnologias e otimização de processos.