Olhar para trás também é pensar lá na frente!

Por Rodolfo de Macedo, Head de Criação da BKR*

A nostalgia está em alta na cultura, resgatando ícones de diferentes épocas, e isso se reflete na publicidade. O padrão de início de ano é comentarmos sobre as tendências do futuro e como tudo isso pode influenciar o mercado. O avanço da Inteligência Artificial, as mudanças nas plataformas, os formatos de mídia que estão surgindo são um movimento natural de pessoas e marcas buscando novas formas de criar uma conexão realmente efetiva com o público.

Mas vamos fugir um pouco da regra e começar o ano falando de nostalgia. Tive esse insight quando parei para relembrar um pouco do meu 2023 e percebi quantas experiências neste sentido eu vivi. Fui no show do RBD, que voltou após 15 anos; fui ao cinema ver a sequência do filme “O Exorcista”, 50 anos depois do original; vi um Live Action de “Yu Yu Hakusho”, um dos meus animes favoritos, lançado na Netflix.

Na cultura pop, principalmente, acompanhamos esse ressurgimento de franquias, músicas e estilos. A própria CCXP (Comic Con Experience) rendeu muita nostalgia para o seu público, trazendo referências ao Xou da Xuxa, Pacman, Castelo Rá-Tim-Bum, Harry Potter e várias outras produções de décadas anteriores. Isso é uma redefinição do conceito de “novo”, que mistura coisas antigas com atualidades.

Tenho certeza que você que está lendo esse texto também deve ter experimentado algo bem parecido. Então, deve sentir como isso é capaz de atingir nossas emoções e criar conexões verdadeiramente humanas. Estar em contato com essas experiências nostálgicas cria uma sensação de pertencimento, nos lembra de quem somos, de onde viemos, e é quase que um conforto em meio a um mundo que está em constante transformação, com coisas novas surgindo a cada minuto.

Agora, levando esse pensamento para o nosso mercado… sabemos o quanto a publicidade hoje é feita de conexões. Se você não for capaz de se conectar organicamente com as pessoas, sua mensagem fica completamente perdida em meio a milhares de outras informações que estão impactando esse mesmo consumidor.

A nostalgia, então, pode aparecer muito mais em 2024 como uma forma de conexão imediata. Afinal, quando nos deparamos com uma coisa que conhecemos, que amamos, aquilo já tem a nossa atenção. A estratégia de se apropriar de elementos ou personagens icônicos, relacionando suas características com o produto ou serviço em questão, tem muito potencial para gerar awareness para esse tipo de conteúdo.

Na campanha “Seja o que for, Seja Selvagem”, case que produzimos na BKR em 2023, misturamos diferentes gerações do humor para conectar a Catuaba Selvagem com públicos diferentes. E o grande fio condutor foi o apelo à nostalgia. Trouxemos de volta, depois de 10 anos, o Jornal Jornal, um quadro icônico do grupo Hermes e Renato que trazia notícias fictícias e divertidas. Claro que, sempre, buscando também adaptar para a atualidade com cortes, trends e memes no estilo do Reels e do TikTok. Juntamos ele com TikTokers e podcast, coisas super atuais, e também com Stand Up, que viveu auges em momentos diferentes, com os Millenials e agora com a Gen Z. Com essa estratégia nostálgica que, como disse antes, redefine o conceito de “novo”.

É sempre legal se inspirar e pensar lá na frente, mas isso pode acontecer também olhando para trás.

 

*Rodolfo Macedo é Head de Criação da  BKR, agência de publicidade que integra produção cultural em seu modelo de negócios para auxiliar marcas a ocupar territórios por meio do entretenimento. Formado em jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi, é redator com foco em digital. Atua há 9 anos criando planejamentos criativos, copy strategy e influencer marketing para empresas relevantes como Nutella, Kinder, Ovomaltine, Submarino, Tinder, CVC, Gringo, Catuaba Selvagem e Warner. 

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