Ainda é difícil dimensionar os reflexos negativos da pandemia do Coronavírus na economia brasileira. O distanciamento social para preservar vidas, adotado por alguns estados do país, com o fechamento do comércio, ocasionou uma profunda crise econômica, a exemplo do que ocorre em diferentes países. A dúvida é sobre o tempo que isso vai durar. Os mais pessimistas já falam em recuperação somente em 2021.
Agora, o momento, além de preservar vidas, é também de criar oportunidades e condições para que as empresas, em especial para os pequenos negócios, que estão sendo os mais impactados pela pandemia.
PROMESSAS
O primeiro aceno veio dos bancos públicos, prometendo reforço nas linhas destinadas às pequenas e médias empresas. Depois a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) conseguiu a postergação, pelos menos entre os 5 maiores bancos, dos pagamentos de empréstimos por 60 dias. O BNDES colocou à disposição R$ 5 bilhões em crédito novo e o Banco Central anunciou um pacote de mais de R$ 1 trilhão para injetar liquidez na economia.
No entanto, apesar da relevância dessas decisões, existe muita dificuldade e demora para que as medidas cheguem às empresas, segundo um acompanhamento da Loara, uma empresa especializada em obter crédito para os estabelecimentos comercias. Os diretores da Loara, Adilson Seixas e Carlos Ponce de Leon, relacionam quatro dificuldades:
PRIMEIRA
Há a dificuldade e burocracia na postergação de dívidas. “Em todos os bancos que consultamos, para conseguir a postergação será necessário um pedido formal por parte das empresas. Ora, se estamos diante de uma crise que vai atingir praticamente todos os setores, será que tem alguma empresa que não queira adiar seus pagamentos? Se o objetivo é realmente ajudar as empresas, por que não postergar automaticamente os pagamentos dos todos elegíveis e tratar exceções?”
SEGUNDA
“Em relação ao alardeado aumento de linhas de crédito, que seriam colocadas à disposição dos pequenos e médios negócios, ficam as questões: onde estão essas linhas? Como as empresas fazem para se candidatar? Que regras e garantias serão exigidas? O que temos visto de concreto é a redução de linhas por parte de alguns bancos”.
TERCEIRA
“No tocante ao anúncio de R$ 5 bilhões em dinheiro novo, por parte do BNDES, para socorrer pequenas empresas, além de ser muito pouco, diante da magnitude do banco e da real necessidade, não ficou claro como esse dinheiro vai chegar no caixa das empresas. De quem será o risco desse crédito? É do banco repassador? Que garantias serão necessárias?”
QUARTA
“Por último, o Banco Central anunciou uma injeção de mais de R$ 1 trilhão no mercado. Claro que isso dá confiança e suporte ao sistema financeiro como um todo. Contudo, onde estão os mecanismos para que esse dinheiro não fique parado nos bancos e cheguem ao caixa das empresas?”
“As empresas têm pressa”, reforçam os diretores da Loara. “Precisamos, rapidamente, avançar para a segunda parte desse jogo, que é fazer todo esse dinheiro chegar às empresas. Sabemos que a tarefa não é fácil e o momento é muito delicado. Entretanto, precisamos urgentemente passar da fase de “o que fazer” para o “como fazer”. Se não agirmos rápido, correremos o risco de que previsões alarmantes como a de 40 milhões de desempregados virem realidade”.