Pirataria: um problema de todos nós

Não dá pra fingir surpresa: todo mundo já viu algum ponto de venda comercializando produtos falsificados. De CDs e DVDs vendidos até roupas de marcas nacionais e importadas por valores irrisórios diante dos itens tradicionais. Estes são apenas dois exemplos de crimes que já se tornaram tão rotineiros que muitas vezes nem o identificamos como tal.

Há, ainda, outra modalidade de produtos falsificados chegando ao mercado. Eles não são mais baratos que os itens legais. Pelo contrário: utilizam do preço condizente com o produto original para enganar consumidores, sonegar impostos e prejudicar a imagem de qualidade conquistada por marcas consolidadas.

Sabe por que isso também é um problema seu? De acordo com números divulgados recentemente pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FCNP), o Brasil teve perdas de R$ 115,603 bilhões em piratarias, contrabando e sonegações entre 2012 e 2015. Isso considerando apenas os setores de vestuário, cigarros e TV por assinatura. Se o número não pareceu significativo, uma comparação: ele representa metade do PIB de Santa Catarina.

O primeiro impacto que imaginamos na pirataria é a sonegação de impostos. E, sim, de fato, quem produz ou compra produtos piratas tem responsabilidade sobre a perda de arrecadação que poderia estar sendo revertida em melhores condições de vida para todos os brasileiros.

No entanto, há um reflexo tão sério quanto esse que muitas vezes quem compra produtos piratas não percebe: quando prejudica uma empresa desviando um possível faturamento para a pirataria, o consumidor contribui para o aumento do desemprego formal. Companhias corretas, além de não praticarem esse crime, empregam mais, valorizam mais os seus colaboradores e contribuem de maneira direta para a economia.

A pirataria não é um problema apenas da indústria. A pirataria é um problema meu, seu e de todos os brasileiros. Precisamos conscientizar a população de que, quando alguém compra um produto falsificado, está contribuindo para que o crime ganhe uma batalha contra o emprego formal e os serviços públicos de qualidade.

Junior Souza é diretor da Ecotag, empresa especializada em lacres de autenticidade

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